Jornal de Campinas

Socióloga aponta caminhos para reduzir o número de pessoas em situação de rua

Kenia Kemp, socióloga e docente / Crédito: arquivo pesssoal

Campinas registrou um aumento de 39% de pessoas em situação de rua em relação ao último levantamento

As pessoas em situação de rua precisam de mais assistência social e mais diálogo entre os diversos programas da Prefeitura de Campinas voltados para a questão. Só assim é possível reduzir o número que aumenta em todo o país.

 

Segundo o Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua, da Universidade Federal de Minas Gerais (OBPopRua/POLOS-UFMG), número apurado em dezembro de 2024 – 327.925 pessoas em situação de rua – é 14 vezes superior ao registrado onze anos atrás.

 

Em Campinas, o Censo da População em Situação de Rua 2024, realizado pela Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social em parceria com a Fundação Feac, identificou 1,3 mil pessoas vivendo nas ruas. Um aumento de 39,4% se comparado com o levantamento de 2021. A área central (Região Leste) da cidade é a que concentra a maior parte dessa população.

 

“Em ordem, são quatro os principais motivos que levam as pessoas à situação de rua: primeiro, a perda dos vínculos familiares; segundo, a perda ou precarização das moradias; terceiro, falta de renda e/ou emprego; e, por último, a dependência de alguma droga”, destaca a socióloga e docente do Centro Universitário Unimetrocamp Wyden, Kenia Kemp.

 

Em 2024, havia 17 programas em andamento para auxiliar as pessoas em situação de rua, cada um com seu objetivo específico: SOS Rua, Operação Inverno, Mão Amiga, Bagageiro Municipal, Operação “Amigos no Trecho”, Distribuição de Refeições, Recâmbio, Operação Retorno, Centros POP Sares unidade 1 e unidade 2, Casas de Passagem, Abrigos e Albergues, Consultório na Rua, Programa Recomeço, Ações conjuntas SOS Rua, Combate ao Trabalho Infantil, Casa da Gestante, e Caminhos para Futuro.

 

No entanto e apesar da boa execução dessas ações, Kenia Kemp acredita que ainda é possível melhorar: “A gente precisa de políticas pensadas de forma mais integrada. A maior parte das pessoas em situação de rua estão em faixas etárias consideradas produtivas para o mercado, então, se conseguir alinhar, por exemplo, a assistência psicossocial com a qualificação para o trabalho, a pessoa pode ser reinserida na sociedade.”

 

E tudo começa no acolhimento que dê significado à vida dessas pessoas: “Elas devem retomar a dignidade, o respeito e a possibilidade de criar planos de vida fora das ruas e vínculos com outras pessoas são prioridades”, conclui Kenia.

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