Lázara Paes Leme 
Aproveitamento escolar é melhor em período integral/Divulgação
Ensino integral: Modelo educacional vai além do contraturno e ganha força tanto na rede pública quanto em colégios particulares
O ensino em período integral vem ganhando protagonismo no Brasil. O Censo Escolar 2024 revelou que as matrículas em tempo integral na rede pública passaram de 18,2% em 2022 para 22,9% em 2024, um salto que representa mais de 965 mil estudantes inseridos nesse modelo. O crescimento reforça uma mudança de mentalidade entre as famílias que enxergam no ensino integral mais do que ocupar o tempo das crianças: ele é percebido como um investimento no desenvolvimento humano completo.
“As famílias estão entendendo que aprender exige mais do que aulas expositivas. Exige tempo, vínculos, convivência e experiências. O ensino integral bem estruturado permite que o aluno se desenvolva cognitivamente, emocionalmente e socialmente, com mais leveza e profundidade”, explica a Andrea Moraes, diretora pedagógica do Ensino Fundamental I e II do Lumen Verbi Educação, em Paulínia (SP), uma das instituições que há décadas já aposta neste formato.
Diferentemente do contraturno tradicional, que muitas vezes apenas estende o tempo na escola com atividades recreativas ou reforço, o ensino integral alia conteúdo e vivência ao longo da rotina do aluno. O modelo permite que a aprendizagem seja distribuída durante o dia, com tempo para aprofundar conteúdos, desenvolver habilidades, experimentar diferentes linguagens e ainda preservar o bem-estar do estudante.
“Uma educação integral bem conduzida proporciona algo que a escola tradicional, com apenas quatro horas por dia, dificilmente consegue entregar, que é tempo para refletir, exercitar a criatividade, trabalhar em equipe e aprender com sentido. E isso impacta diretamente o desempenho e a formação intelectual e ética dos alunos”, completa Marcos Piza, conselheiro gestor da instituição de ensino. Ele ressalta ainda que o Brasil chegou tarde nessa onda de período integral: enquanto aqui o ensino comprimido em quatro horas foi, por muito tempo, a norma, outros países, como Japão e Coreia do Sul, já adotaram esse modelo há décadas. “O Lumen Verbi nasceu de um projeto pedagógico pensado desde o início em tempo integral. Não adicionamos um contraturno a algo que já existia. Criamos uma proposta completa, concebida desde o começo com essa lógica”, conclui.
Com quase 25 anos de história, o Lumen Verbi é um exemplo de escola que aplica o modelo integral de forma estruturada e intencional desde sua constituição. Fundado pela professora Áurea Sigrist, referência na formação de educadores, o colégio oferece um currículo amplo, que inclui atividades como jardinagem, robótica, capoeira, artes plásticas, educação musical e projetos de vida.
Além das aulas tradicionais, os alunos passam por experiências como estudos dirigidos, assembleias de classe e trabalho em equipe, que estimulam o raciocínio lógico, a autonomia e o senso crítico. O diferencial também está no acompanhamento, uma vez que os alunos estão sempre sendo assistidos por professores, o que favorece a continuidade pedagógica.
“O estudante aprende na escola e chega em casa com o dia resolvido pronto para curtir a família e sem tarefas escolares. E quando há equilíbrio emocional, o aprendizado flui melhor. A felicidade aqui é consequência de um ambiente seguro, estimulante e afetuoso”, finaliza Roberta Pereira, diretora pedagógica da educação infantil e núcleo Bilíngue do Lumen Verbi.
A valorização do ensino integral, seja em escolas públicas ou privadas, marca uma transformação na forma como a sociedade enxerga a educação. A tendência é que, cada vez mais, as instituições deixem de lado o foco exclusivamente acadêmico para abraçar o desafio de formar cidadãos completos, preparados para um mundo em constante mudança.
