Entre o trabalho, os filhos, a casa e a tentativa de dar conta de tudo, as mulheres brasileiras seguem equilibrando inúmeros pratinhos todos os dias, mas o peso dessa rotina tem cobrado um preço alto: a saúde mental. Dados levantados pelo relatório “Esgotadas”, da ONG Think Olga, baseados em estudos nacionais sobre o tema, mostram que quase metade das mulheres no país apresenta algum tipo de transtorno mental, como ansiedade, estresse ou depressão. E não é para menos. A PNAD 2022 mostrou que as mulheres gastam 21,4 horas por semana em tarefas domésticas, contra 11 horas dos homens. Isso sem contar no cuidado à família e no trabalho externo.
Segundo o levantamento, a sobrecarga doméstica e emocional, somada às exigências do mercado de trabalho e às responsabilidades com o cuidado da família, são os principais gatilhos de esgotamento. E há um agravante: muitas mulheres ainda sentem dificuldade em pedir ajuda, seja por falta de tempo, de apoio, de recursos ou, muitas vezes, por medo de serem julgadas. A psicóloga Camila Simionatto explica que isso ocorre porque a mulher é ensinada desde cedo a dar conta de tudo. “Só que essa ideia de que precisamos ser fortes o tempo todo é uma das principais armadilhas emocionais da atualidade. É preciso reconhecer que o equilíbrio não está em fazer tudo, mas em saber o que realmente faz sentido para você e respeitar os próprios limites”, explica a psicóloga.
No mês em que o mundo volta os olhos para a saúde da mulher, o Outubro Rosa também pode ser um convite para olhar para dentro. Além da prevenção do câncer de mama, a campanha pode se expandir para lembrar que a saúde emocional é parte fundamental da saúde integral feminina. Camila reforça que, muitas vezes, o corpo dá sinais antes da mente e ignorar esses alertas é o que leva muitas mulheres ao burnout, à exaustão e a sintomas como irritabilidade, insônia, falta de energia e crises de ansiedade. “O primeiro passo é se permitir sentir. O segundo é reconhecer quando algo não vai bem e buscar apoio profissional. Cuidar da saúde mental é também um ato de amor-próprio”, acrescenta a psicóloga.
Inspirada no livro Agilidade Emocional, de Susan David, Camila lembra que acolher as emoções e agir com flexibilidade diante da vida pode ajudar as mulheres a retomarem o protagonismo sobre suas próprias escolhas. “Ser emocionalmente ágil é entender que a tristeza, o medo e o cansaço não são fraquezas, mas sinais de que algo precisa de atenção. Quando conseguimos olhar para isso com gentileza, o peso do dia a dia se torna mais leve”, explica.
O alerta reforça que a saúde mental também é uma pauta do Outubro Rosa. Mais do que cuidar do corpo, é preciso cuidar da mente e reconhecer que pedir ajuda não é sinal de fraqueza, mas de maturidade emocional.
5 passos para equilibrar os “pratinhos” do dia a dia
- Aceite suas emoções – Sentir tristeza, frustração ou irritação não significa fraqueza. São reações humanas que ajudam a identificar o que precisa mudar.
- Peça ajuda – Delegar tarefas e compartilhar responsabilidades é um ato de coragem, não de incapacidade.
- Crie pausas – Momentos de respiro durante o dia ajudam o cérebro a desacelerar e previnem o esgotamento.
- Reveja prioridades – Nem tudo precisa ser feito agora. Escolha o que é essencial e permita-se deixar o resto para depois.
- Procure apoio profissional – Psicólogos são aliados para quem busca equilíbrio emocional e qualidade de vida.
Sobre a psicóloga Camila Simionatto:
Camila Simionatto é psicóloga clínica, especialista em ansiedade, burnout, estresse e depressão, com sólida formação em Psicologia Clínica. Atuou por quase 20 anos em Recursos Humanos de grandes empresas, incluindo seis anos em uma multinacional americana, o que lhe proporcionou uma compreensão aprofundada dos impactos da saúde mental no ambiente corporativo. Hoje, alia a prática clínica ao trabalho de consultoria em saúde mental para organizações, oferecendo palestras e workshops fundamentados em ciência e alinhados à NR-1. Sua experiência a torna uma referência no diálogo entre ciência psicológica, vida pessoal e mundo corporativo. @psi.camilasimionatto
Camila Simionatto, psicóloga especializada em ansiedade e estresse/Divulgação