Jornal de Campinas

Anelo lança clipe da música autoral “Bonita Mulher” em apoio à campanha Outubro Rosa

Capa Ilustracao Rogerio Pedro

Capa traz ilustração doada por Rogério Pedro/Divulgação

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Vídeoclipe Bonita Mulher tem participação de duas mulheres que superaram o câncer de mama e de outras duas em tratamento

 

Para reforçar a importância do diagnóstico precoce e tratamento do câncer de mama, o Anelo lança em 18 de outubro, em todas as suas plataformas digitais, a música inédita “Bonita Mulher”. Além da música, o vídeoclipe, a ser lançado no dia 21 de outubro, conta com a participação de quatro mulheres inspiradoras e que têm ligação com o Instituto, sendo que duas superaram o câncer de mama e outras duas ainda estão em tratamento. A ideia é mostrar a força das mulheres acometidas pela doença e que vida existe em meio ao tratamento.

 

Composta pelo músico Luccas Soares, fundador do Anelo, e interpretada por sete cantoras do Instituto, “Bonita Mulher”, nasceu para exaltar a força e beleza de todas as mulheres, em especial, as mulheres que passaram ou estão passando por este momento tão desafiador, que é o câncer de mama, o tipo mais frequente de tumor em mulheres após o câncer de pele não melanoma.

 

Cerca de 74 mil mulheres serão diagnosticadas com a doença no Brasil no triênio 2023 a 2025, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Em 2021, foram 18.361 mortes causadas pela enfermidade, sendo 18.139 mulheres e 220 homens, segundo o Atlas de Mortalidade por Câncer. Essa patologia também atinge homens, porém é raro, representando apenas 1% do total dos casos.

 

https://drive.google.com/drive/folders/10Cg0isTrrRCF6wNIgXkSom04ZIx3shJE?usp=gmail

 

Produção

 

“O resultado ficou lindo, muito acima das nossas expectativas. Fizemos tudo com a cara e a coragem, já que, infelizmente, não conseguimos patrocínio para este projeto, mas seguimos firmes, porque acreditamos nele”, afirma Elaine Oliveira, produtora da música e coordenadora no Anelo.

A produtora salienta ainda que a organização pretende ainda alçar voos mais altos com a produção e inscrever o videoclipe em festivais, dentro e fora do Brasil. “Em 2023, por exemplo, o Anelo recebeu uma linda homenagem no festival “Tulipani di Seta Nera”, em Roma (Itália), com o clipe “Nosso Lugar”, vencedor na categoria Videoclipe. Uma obra que sem sombras de dúvida também vale a pena conferir em nosso canal no Youtube”, finaliza Elaine.

Venceu a si mesma/Dançando com a dor/Mostrando no peito/A força do amor/O amor vem formando essa nascente/De mulheres tão potentes/Que têm tanto a ensinar. Esse trecho da música “Bonita Mulher” homenageia as mulheres que superaram ou ainda estão em tratamento do câncer de mama. “A canção nasceu de forma intuitiva, orgânica, e logo me lembrei dessas mulheres inspiradoras”, conta Luccas, referindo-se às quatro protagonistas do clipe: a pedagoga Flávia Cristina dos Santos Pinheiro, de 47 anos, a futura assistente social Rosângela Aparecida dos Reis Lima, de 53 anos, a aposentada Kathy Ferrari Silveira Camargo, de 67 anos, e a professora universitária Keyla Ferrari Lopes, de 50 anos.

 

“Tudo passa”

A pedagoga Flávia Cristina dos Santos Pinheiro, auxiliar de coordenação do curso de Direito na Universidade Paulista (Unip), moradora do Jardim Florence, viu a semente do Anelo nascer na década de 90, e sentiu-se lisonjeada ao participar do projeto. Em plena pandemia de Covid-19, no final de 2020, Flávia descobriu, após um autoexame da mama, que estava com câncer. O tratamento durou até outubro de 2021.

“Foi Deus que me alertou, porque descobri um linfonodo inflamado abaixo da axila e o ultrassom apontou para um nódulo na altura da aréola”, conta Flávia. A cirurgia foi o procedimento indicado. Devido ao histórico familiar de câncer, realizou mapeamento genético que detectou uma mutação no gene BRCA1, fazendo com que retirasse totalmente as duas mamas e colocasse próteses em 2021, para reduzir o risco de desenvolver a doença, mesmo procedimento adotado pela atriz Angelina Jolie em 2013. Fez seis quimioterapias, que resultaram na queda de seu cabelo e dos pelos de seu corpo.

Em 2023, retirou os ovários e as trompas por conta dessa mutação genética. Hoje, Flávia toma bloqueadores hormonais. “Todo o apoio que recebi veio da minha família, amigos e da avalanche de afeto, carinho e amor que recebi depois que tornei público a doença para minha rede social. A ideia de compartilhar foi para que mais pessoas entendam o valor do autoexame e dos exames preventivos; eles salvam vidas!”.

Para ajudar no apoio a outras mulheres com câncer de mama, Flávia entrou no grupo “Regeneração – Unidas Pela Vida” de WhatsApp, fundado por Elisabeth Moreira, embaixadora da Rede de Pacientes Negros com Câncer na Oncoguia. Sua terapia são as aulas gratuitas de zumba do Love Dance Campinas, ministradas no Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU) Florence. Além disso, permitiu-se a fazer sete tatuagens, sendo duas delas para lembrar dos tratamentos, com as seguintes frases: “Tudo passa” e “A fé, a esperança e a coragem venceram o medo.”

 

 

“Permita-se descansar, chorar quando for preciso”

 

Todos os dias, a futura assistente social Rosângela Aparecida dos Reis Lima passava em frente ao Anelo para ir ao trabalho. Mas, só foi conhecer realmente a instituição quando seu filho Carlos Eduardo, na época com 18 anos, entrou para aprender a tocar cavaquinho pelas mãos do professor Josimar Prince. “Meu filho chegou a viajar com o Anelo para a Itália para participar de um festival de música. Vendi pizzas junto com o Anelo para a viagem. É muito importante para a região noroeste de Campinas ter uma escola desse porte, ter o Anelo tão próximo da gente.”

Em 2017, após um autoexame, Rosângela descobriu um nódulo na mama esquerda.  Ficou preocupada porque só fazia quatro meses que tinha realizado seus exames periódicos. Procurou o médico que pediu que refizesse o ultrassom e a mamografia.  Durante os exames, um mastologista foi chamado e disse que era preciso fazer uma biópsia. “Ele me disse que precisava saber que tipo de câncer era e me passou seu nome e contato e, deixou agendado uma consulta. E foi assim que eu recebi o meu diagnóstico, dessa forma fria; fiquei sem chão.”

Foram sete sessões de quimioterapia vermelha e 21 da branca. Depois, a cirurgia de um quadrante e, em seguida, 52 sessões de radioterapia que foram feitas diariamente. “Levei algumas broncas porque eu ia para a academia durante a radioterapia e aí sumia a marca da rádio”, lembra Rosângela, que tem como maior paixão a corrida. Perdeu os cabelos, o que foi bem difícil. “Mas, a minha família estava ali sempre presente e tive ajuda de pessoas que eu nunca imaginei, como do Luccas do Anelo que me apresentou a fruta noni.” E, mesmo em tratamento, continuou correndo com o auxílio dos amigos corredores. “Agradeço a Deus por ter vencido.”

Gratidão é a palavra-chave hoje ao participar do clipe “Bonita Mulher”. “Estou feliz em poder contribuir em algo que impacta positivamente na vida de tantas mulheres”, fala Rosângela. “Eu sei que o tratamento do câncer de mama pode ser desafiador, cheio de altos e baixos, mas também sei que dentro de cada mulher com esse diagnóstico existe uma força imensa capaz de superar cada etapa. Cada dia eu sei que é uma vitória, mesmo aqueles que parecem ser pequenos, nublados. O simples fato de você se levantar, já mostra a guerreira que você é. Permita-se descansar, chorar quando for preciso. Nunca deixe de acreditar que a vida ainda guarda muitos sorrisos, abraços e momentos lindos para você.”

 

“Lindas, com dois peitos, um ou sem”

 

A aposentada do Tribunal de Justiça de Salto (SP) Kathy Ferrari Silveira Camargo conheceu o Anelo através do trabalho da irmã, a bailarina e intérprete de Libras Keyla Ferrari Lopes. As duas irmãs fazem tratamento de câncer; perderam a mãe e uma das irmãs, sendo que esta última faleceu recentemente. Kathy, a mais velha, foi diagnosticada com câncer de mama ocluso em 2010. “Tirei um quadrante, fiz radioterapia e depois tomei durante um ano uma medicação que me fez engordar 25 quilos”, conta. Por indicação médica, fez a retirada do útero e dos ovários, porque o seu câncer é hormonal.

Em 2021, ao fazer um check-up, foi novamente diagnosticada com câncer na mesma mama, o mesmo tipo de câncer, o que a levou à quimioterapia, depois à mastectomia radical e ao tratamento medicamentoso. “Após exames específicos, fui diagnosticada com metástase de fígado. No meu caso, a metástase significa que eu tenho o câncer da mama, que é o câncer hormonal que atacou o meu fígado e meu pulmão”, explica. Por isso, entrou em quimioterapia por um ano, finalizada há três meses. “Essa quimioterapia limpou o meu pulmão e diminuiu bastante a metástase do fígado. Agora, estou me preparando para uma nova biópsia para confirmar se o câncer continua sendo o mesmo da mama.”

Sem uma das mamas, Kathy diz que o importa é estar viva. “Nós mulheres somos lindas, com um peito, dois peitos, sem peito nenhum. A beleza não é aquilo que nós mostramos e sim o que mostramos de dentro para fora.” Para ela, a vida é para ser vivida. “Enquanto eu tiver um pinguinho de energia, vou cuidar dos meus gatos, vou cuidar dos cachorrinhos de rua, vou pintar as minhas mandalas, vou xeretar as lojas de R$ 1,99, e, se eu tiver dinheiro, vou viajar com a minha bengalinha e tudo, porque eu quero viver a vida.” Isso não quer dizer que Kathy não chore. “É uma dor que passa rapidamente, porque tenho cá comigo que todos nós temos prazo de validade. O único ser que sabe exatamente quando termina o nosso prazo de validade é Deus.”

 

 

“Existem mulheres que nunca vão tocar o sino da vitória”

A professora universitária Keyla Ferrari Lopes participou do clipe “Quando puder falar” do Anelo, há um ano, fazendo a interpretação da canção em Libras e dançando. “Sou encantada pelo trabalho do Instituto e é uma honra participar desse segundo clipe, principalmente porque ele está dando voz a nós mulheres que temos e que convivemos com a doença. No meu caso, eu convivo com ela.” Keyla fará a interpretação da canção em Libras. Seu primeiro diagnóstico de câncer de mama foi em 2017.

“Fiz o protocolo completo, cirurgia de quadrante, quimioterapia e radioterapia. Fiquei livre da doença até julho de 2023, quando descobri a recidiva local na mama com pequenas metástases no pulmão. Então, comecei a fazer os protocolos de tratamento paliativo para o controle da doença e venho fazendo até hoje, controlando os efeitos colaterais e sintomas dos remédios”, conta Keyla, que ganhou um documentário sobre sua trajetória de tratamento oncológico, lançado no último dia 6 e está disponível agora no canal do diretor do filme, Carlos Lopes, no YouTube. A professora-bailarina dá aulas gratuitas para pessoas cegas e surdo-cegas por meio do projeto “Sinestesia: Dança e Poesia Além dos Sentidos.”

“Gostaria que a sociedade fosse mais sensível às mulheres que estão em tratamento paliativo e que nunca vão poder tocar o sino da vitória”, fala Keyla. “Eu gostaria que houvesse mais políticas públicas, para que a gente não fique tão vulnerável, porque a gente tem, além de trabalhar, que manejar os efeitos colaterais pelo resto da vida e, às vezes, isso requer gastos, fisioterapia, psicologia, dermatologista, médicos de outras especialidades… Então, é muito importante que a gente tenha voz, que as pessoas olhem também para as mulheres que nunca vão tocar o sino da vitória.”

 

 

Prevenção em foco: alerta do “Outubro Rosa”

 

Para o oncologista Maurício Zuccolotto Baptista, do Centro de Quimioterapia Ambulatorial (CQA) da Unimed Campinas, investir em medidas preventivas é essencial para aumentar os índices de diagnóstico precoce, o que impacta diretamente nas taxas de cura e controle da doença. “De acordo com as diretrizes brasileiras, mulheres a partir dos 20 anos devem realizar o autoexame das mamas regularmente e passar por avaliação anual com o ginecologista. A partir dos 40 anos, recomenda-se a realização da mamografia anual como forma de rastreamento. Já para mulheres com histórico familiar de câncer de mama ou consideradas de alto risco por especialistas em ginecologia ou mastologia, o rastreamento com mamografia deve começar aos 30 anos”, explica o oncologista clínico.

Segundo Baptista, quando o câncer de mama é identificado precocemente, as chances de cura podem chegar a aproximadamente 90% entre as mulheres que realizam mamografia regularmente. “Além disso, a realização anual do exame pode reduzir o risco de mortalidade pela doença em cerca de 40% a 50%, em comparação com aquelas que não fazem o acompanhamento preventivo.” A mamografia é uma ferramenta fundamental na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de mama. “Converse com seu ginecologista sobre seus fatores de risco. Se você tem 40 anos ou mais, não adie: inicie sua rotina de prevenção com a mamografia anual”, alerta o médico.

 

 

Serviço do clipe/música “Bonita Mulher”

Lançamento da música no Streaming: 18 de outubro

Lançamento do clipe no Youtube e redes sociais do Anelo: 21 de outubro

Informações sobre o Instituto Anelo: www.anelo.org.br

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