O Restaurante Popular Bom Prato serve cerca de 80 mil refeições mensais. (Foto: Arquivo/PMC)
População em vulnerabilidade – A entrega regular de refeições reduz a insegurança alimentar imediata, estabiliza rotinas de cuidado e facilita outros encaminhamentos da proteção social para serviços públicos
O programa municipal de oferta de refeições prontas e balanceadas entregou 21.297 quentinhas em outubro de 2025 para pessoas em situação de rua e vulnerabilidade social. A rede operou por múltiplas frentes, com o Samim respondendo por 10.644 unidades (50,0%), o Centro Pop por 2.360 (11,1%), o Refeitório da Cidadania por 6.330 (29,7%) e as ações eventuais por 1.963 (9,2%). A média foi de 687 refeições/dia ao longo dos 31 dias do mês.
“As equipes da Prefeitura trabalham todos os dias com a responsabilidade de garantir que ninguém enfrente a fome sozinho. A oferta gratuita de refeições nutritivas protege vidas, fortalece a dignidade e reafirma o compromisso do município com quem mais precisa”, afirmou Vandecleya Moro, secretária de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos.
O que mostram os números:
⦁ Volume mensal: 21.297 quentinhas.
⦁ Participação por frente: Samim (50,0%), Refeitório da Cidadania (29,7%), Centro Pop (11,1%) e eventual (9,2%)
⦁ Ritmo diário aproximado: Samim 343/dia, Refeitório da Cidadania 204/dia, Centro POP Sares II 76/dia.
A entrega regular de refeições reduz a insegurança alimentar imediata, estabiliza rotinas de cuidado e facilita outros encaminhamentos da proteção social — documentação, saúde e acolhimento. O desenho em múltiplos pontos e modalidades amplia o alcance territorial e permite respostas rápidas em dias de maior demanda, sem perder o critério nutricional de cada porção.
As equipes realizam preparo e distribuição de refeições balanceadas e prontas para consumo, com logística voltada à preservação da qualidade até o ato da entrega. As ações eventuais complementam a rotina, cobrindo picos de necessidade e situações pontuais. Encaminhamentos e orientações ocorrem pelos equipamentos socioassistenciais e pelos times de abordagem social, que identificam demandas e conectam o público a outros serviços.
Plano Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional
A Prefeitura de Campinas publicou, em outubro, o II Plano Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (PLAMSAN). O texto está disponível no link https://campinas.sp.gov.br/secretaria/desenvolvimento-e-assistencia-social/pagina/politica-municipal-de-seguranca-alimentar-e-nutricional. A iniciativa é parte da VII Semana Municipal da Alimentação, que começou no dia 14 e segue até 21 de outubro, com ações educativas e debates sobre alimentação saudável, segura e sustentável.
O novo plano estabelece metas e diretrizes para o período de 2026 a 2029, ampliando o acesso a alimentos de qualidade e à água potável, integrando políticas de saúde, educação e assistência social, fortalecendo a agricultura urbana e familiar e intensificando o combate à fome entre populações vulneráveis. A secretária municipal de Desenvolvimento e Assistência Social e presidente da Câmara Intersetorial de Segurança Alimentar e Nutricional (CAISAN), Vandecleya Moro, afirmou: “O PLAMSAN renova o compromisso de Campinas com a segurança alimentar e a cidadania, principalmente das pessoas em situação de vulnerabilidade”.
O plano foi elaborado pela CAISAN, com participação de diversas secretarias municipais, apoio técnico do World Resources Institute Brasil (WRI Brasil) e colaboração do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (COMSEA), representante da sociedade civil. O processo foi participativo: a CAISAN instituiu o Comitê PLAMSAN e conduziu cinco oficinas técnicas, duas reuniões decisórias, onze encontros bilaterais e uma consulta pública (com 16 manifestações, 81% da sociedade civil), envolvendo 125 servidores e 27 representantes da sociedade. Diferentemente da edição anterior, o II PLAMSAN já nasce integrado ao Plano Plurianual (PPA) 2026–2029, garantindo vínculo direto entre metas e orçamento.
Redução da insegurança alimentar
Os resultados recentes indicam redução da insegurança alimentar. Dados do Cadastro Único mostram que as famílias em situação de insegurança alimentar gravíssima diminuíram de 6.569 em 2023 para 6.218 em 2024, uma redução de 5,3%. A proporção no município passou de 5,0% para 4,5% do total de cadastradas, 1,9 ponto percentual abaixo da média nacional (6,4% em 2024). Esses avanços refletem políticas integradas de transferência de renda, fortalecimento da agricultura familiar, ampliação de cozinhas comunitárias e educação alimentar.
O II PLAMSAN articula as secretarias de Saúde, Educação, Agricultura e Abastecimento, Assistência Social, Desenvolvimento Econômico, Direitos Humanos e Meio Ambiente e adota abordagem sistêmica que integra acesso, produção, distribuição e educação alimentar. Entre as medidas estruturantes estão o aumento das compras públicas da agricultura familiar, o apoio a cozinhas comunitárias e feiras solidárias e o estímulo à agroecologia. Campinas conta com 248 hortas urbanas (168 em processo de regularização e 80 em instituições públicas, como escolas e centros de saúde). O plano institui o Programa de Agricultura Urbana e Periurbana e cria a Central Municipal de Processamento de Alimentos, sob a Secretaria Municipal de Trabalho e Renda (SMTR), destinada ao beneficiamento de alimentos in natura, à geração de trabalho e renda e à ampliação do acesso a produtos frescos.
A infraestrutura municipal de segurança alimentar combina programas de abastecimento, transferência de renda, apoio à produção e oferta de refeições em larga escala. O Banco Municipal de Alimentos atende, em média, 17 mil pessoas por mês; o Campinas Solidária e Sustentável reúne 212 hortas urbanas, institucionais e comunitárias; e o Nutrir Campinas opera em duas modalidades, benefício emergencial (11.940 concessões em 2024) e benefício temporário (74.378 famílias em 2024). O Programa Municipal de Alimentação Escolar (PMAE), em parceria com o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), serve cerca de 290 mil refeições diárias a estudantes da rede pública. Em 2024, foram servidas 109.800 refeições em abrigos municipais e 272.651 refeições transportadas para a população em situação de rua, migrantes e famílias atingidas por calamidades. O Renda Campinas beneficiou 25 mil famílias.
No âmbito estadual, o Viva Leite atende, em média, 2.752 famílias por mês, e o Restaurante Popular Bom Prato serve cerca de 80 mil refeições mensais. No âmbito federal, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) envolve 61 agricultores da região e abastece 42 instituições locais, fortalecendo a economia e os circuitos curtos de comercialização.
A sociedade civil também integra a rede: a Cozinha Solidária São Marcos prepara cerca de 5.200 refeições por mês; o Instituto de Solidariedade para Programas de Alimentação (ISA) atendeu quase 299 mil pessoas em 2024; e o SESC Mesa Brasil beneficiou 5.371 famílias. As 128 feiras livres, diurnas e noturnas, completam o circuito de abastecimento, aproximando produtores e consumidores em todas as regiões.
Acesso
No eixo de acesso, o plano prevê novos pontos públicos de água potável e a implantação de uma cozinha comunitária, em parceria entre a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social e a Sanasa (empresa municipal de saneamento), para garantir alimentação e hidratação seguras à população em situação de rua e às comunidades vulneráveis. A execução e o acompanhamento das metas serão integrados entre SUS (saúde), SUAS (assistência) e SISAN (segurança alimentar), com monitoramento contínuo pela CAISAN e pelo COMSEA, relatórios semestrais via Sistema Eletrônico de Informações (SEI) e uso da plataforma VIS DATASAN, para ampliar indicadores e transparência.
Em termos de arquitetura de política, o II PLAMSAN consolida a continuidade do primeiro plano (2021–2024) e reorganiza o planejamento em três grupos temáticos – Acesso e Água, Abastecimento e Inclusão e Saúde e Educação Alimentar e Nutricional (EAN) -, agregando resiliência alimentar e resposta a emergências (doações em crises, protocolos de mobilização comunitária e capacitação de agentes). A metodologia foi atualizada: enquanto o I PLAMSAN, elaborado em contexto de pandemia, priorizou a “Árvore de Problemas”, o novo plano utiliza a Matriz CENDES/OPAS, que estabelece critérios de priorização por magnitude e vulnerabilidade. As oficinas, realizadas entre março e abril de 2025, contaram com apoio técnico do WRI (World Resources Institute, organização de pesquisa global que trabalha para promover melhoria na vida das comunidades).
O plano ancora-se na Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN) e no Decreto Federal nº 7.272/2010, integra-se ao Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN) e alinha-se à Agenda 2030 da ONU e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente ODS 2 (Fome Zero e Agricultura Sustentável) e ODS 10 (Redução das Desigualdades). Também incorpora referências internacionais, como o Pacto de Milão sobre políticas alimentares urbanas e o Laboratório Urbano de Políticas Alimentares, reforçando o protagonismo de Campinas em redes de segurança alimentar.
A programação da Semana Municipal segue com fóruns, oficinas e palestras para profissionais e público em geral em instituições como PUC-Campinas, UNIP e Unicamp. O encerramento presencial ocorrerá no dia 17, com painel sobre diretrizes da FAO e panorama local. Com o II PLAMSAN, Campinas fortalece uma governança integrada, sustentável e participativa, combinando ações de curto prazo com políticas estruturantes para garantir comida e água de qualidade a toda a população.


