Jornal de Campinas

SAVE Brasil realiza soltura de 10 jacutingas na natureza em São Francisco Xavier

Jacutingas serao monitoradas para adaptacao natural Divulgacao

Jacutingas serão monitoradas para adaptação natural/Divulgação

Soltura de jacutingas na natureza em São Francisco Xavier,  SP,  faz parte de projeto da SAVE Brasil de reintrodução da espécie na Mata Atlântica; ação conta com apoio técnico e participação da comunidade local

 

No dia 20 de agosto, a SAVE Brasil realiza a soltura de 10 jacutingas na natureza em São Francisco Xavier (SP), na região da Serra da Mantiqueira. A ação faz parte do Projeto Jacutinga, que busca reverter o risco de extinção da espécie na Mata Atlântica. As aves vieram do Parque das Aves e da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF). Antes da soltura, passaram por um processo de reabilitação para se adaptarem à vida livre, com foco no desenvolvimento de comportamentos essenciais à sobrevivência.

A jacutinga (Aburria jacutinga) é uma ave frugívora típica da Mata Atlântica. Ela está classificada como “Em Perigo” pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Por se alimentar de dezenas de frutos nativos e dispersar sementes pela floresta, a espécie é considerada fundamental para a regeneração do bioma e a preservação de mananciais. Porém, a espécie desapareceu de grande parte da sua área de ocorrência original, devido à ameaças como a perda de habitat e à caça. Atualmente, já é considerada extinta em estados como Bahia e Espírito Santo.

Desde 2016, a SAVE Brasil realiza ações para reintroduzir a jacutinga na Serra da Mantiqueira e  mais de 60 aves já foram soltas na região, que apresenta condições ideais para o retorno da espécie. O projeto faz parte do Programa ASAS, voltado à conservação de aves ameaçadas em todo o país. Durante o período de reabilitação, as jacutingas recebem treinamentos específicos. Elas aprendem a reconhecer predadores, se alimentar de frutos nativos da Mata Atlântica, se deslocar com autonomia e passam por avaliações comportamentais. Depois de cerca de dois meses, são liberadas quando consideradas aptas.

A soltura é feita de forma gradual, com a técnica chamada soft release, que permite a adaptação progressiva ao ambiente natural. As aves são monitoradas com transmissores VHF por uma equipe técnica da SAVE Brasil e por moradores locais por meio do monitoramento participativo. A iniciativa tem respaldo técnico-científico da UENF e está alinhada ao segundo ciclo (2023–2028) do Plano de Ação Nacional (PAN) para Conservação das Aves da Mata Atlântica, que define ações prioritárias para a proteção de 114 espécies ameaçadas. “Reintroduzir jacutingas é restaurar processos ecológicos que mantêm a floresta viva”, afirma Pedro Develey, diretor-executivo da SAVE Brasil. “Cada ave solta é um passo para reequilibrar a biodiversidade e o status de ameaça de uma espécie essencial para o futuro da Mata Atlântica”.

Segundo ele, os resultados do projeto têm sido animadores. “O monitoramento mostra que estamos no caminho certo. As aves se adaptam, se deslocam por áreas maiores e interagem com outras jacutingas já soltas. Mais do que soltar, estamos reconstruindo uma população funcional na floresta”, completa. A SAVE Brasil segue trabalhando com ciência, educação ambiental e engajamento comunitário para garantir que as jacutingas voltem a ocupar seu lugar na natureza.

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