Jornal de Campinas

SindusCon-SP aponta crescimento no setor de construção em 2025

Indicadores apontam crescimento na construção/Divulgação

Na primeira análise da Conjuntura Econômica em 2025, SindusCon-SP indica persistência do crescimento de construção

 

Os primeiros indicadores da cadeia produtiva da construção neste ano demonstram a persistência do crescimento do setor. Entretanto, o cenário macroeconômico, – com inflação, elevação da taxa Selic e aumento das incertezas – , poderá levar a indústria da construção a ter um crescimento em 2025 menor do que o inicialmente estimado. A análise resultou da Reunião de Conjuntura do SindusCon-SP, conduzida pelo vice-presidente de Economia, Eduardo Zaidan, com a participação de Yorki Estefan, presidente do SindusCon-SP.

 

De acordo com Zaidan, ainda é difícil ter clareza sobre as perspectivas econômicas. “O cenário interno está confuso e o cenário externo, com as mudanças nos Estados Unidos, é muito recente. Algumas decisões do governo norte-americano acabaram barradas pela Justiça local. A inflação nos Estados Unidos também demandará novas medidas, obrigando ao recuo de algumas delas. A relação da Europa com a guerra da Ucrânia e outras questões externas também poderão afetar diretamente o Brasil e a indústria da construção”, comentou.

 

Perspectivas da construção 

 

Em sua apresentação, Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), mostrou a elevação dos diversos indicadores da cadeia produtiva da construção em 2024, acelerando no quarto trimestre. A construção foi o setor da indústria que teve maior crescimento no PIB (4,3%) com destaque para os segmentos de edificações e infraestrutura.

 

Ela previu que no primeiro semestre de 2025 a economia ainda deverá crescer, desacelerando no segundo semestre. No caso da construção, o PIB poderá crescer abaixo da previsão do final do ano passado, de 3%, em função do declínio do consumo das famílias e do aumento da taxa de juros. Observou que o saldo líquido do emprego na construção em janeiro desacelerou na comparação com o ano passado, mostrando a pressão sobre o mercado de trabalho. O mercado imobiliário segue pujante. Os custos da construção em São Paulo seguem acima daqueles do INCC.

 

O aumento da inflação gerou deterioração na percepção do consumidor em relação à sua situação, o que pode rebater negativamente nas perspectivas da indústria imobiliária. Na indústria da construção, há uma expectativa cautelosa de aumento dos negócios nos próximos meses. A preocupação com a falta de mão de obra já superou aquela com a demanda insuficiente. Uma contração do crédito imobiliário com base nos recursos da Poupança é esperada, enquanto o financiamento com os recursos do FGTS deve aumentar, alimentando o protagonismo do Programa Minha Casa, Minha Vida. Preocupam novas saídas de recursos do FGTS em função de eventuais mudanças nas regras dos saques.

 

Contradições da política econômica

 

Analisando os dados do PIB de 2024, Robson Gonçalves, professor da FGV, observou que o crescimento expressivo da demanda das famílias é o sintoma que mais explica a inflação, seguido de variações de preços de produtos no exterior que impactam aqui (como o café) e a variação do dólar, enquanto os gastos do governo se elevaram em apenas 1%. Outro componente a se levar em conta é o baixo nível de desemprego, com as empresas em dificuldade para contratar pessoal. O consumo das famílias caiu no terceiro trimestre, que tiveram seu poder de compra afetado pela inflação.

 

De outro lado – prosseguiu –, houve um aumento no investimento, e para tanto contribuiu a construção civil. Ocorre que a expansão do gasto público acelerou no segundo semestre, num contexto em que o Banco Central (BC) está tentando frear a demanda elevando a taxa Selic. Portanto, temos uma contradição na política econômica. “São dois cavalos puxando a carroça, cada um está indo para um lado, e a carroça não vai sair do lugar”. Já o consignado do setor privado tende a aumentar o consumo das famílias, ao mesmo tempo que aumenta o endividamento.

 

Aço

Zaidan observou que a indústria brasileira do aço não está conseguindo impor novas elevações de preços dos vergalhões. Ana Castelo lembrou que a China começou a exportar aço para cá e os preços caíram, gerando uma pressão da indústria siderúrgica pelo aumento das tarifas de importação. No curto prazo, segundo ela, pode ser até que o setor se beneficie com alguma redução, em função das restrições criadas no mercado norte-americano. Gonçalves acrescentou que a China pode baixar os preços das commodities, barateando os produtos aqui, porém há que se levar em conta como estará o câmbio, lembrou Ana Castelo. Ela previu que a cesta de materiais de construção deve seguir como hoje, com ligeira elevação em relação aos índices de inflação.

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