Vitor é um contador de história/arquivo pessoal
Letícia, de 5 anos, não perde uma oportunidade de mergulhar no mundo das histórias e, na escola onde estuda, é famosa entre os professores por ser conhecida como a menina que adora ler, hábito que, segundo os pais, Paula Matta e Renato Pinheiro, foi estimulado desde cedo e absorvido espontaneamente pela filha. “Quando a Letícia nasceu, eu fiz questão de assinar um clube de leitura. No começo, vinham aqueles livros interativos, para as crianças que ainda não sabem ler. Quando ela tinha 2 anos, eu tive que alterar a categoria dela no clube, porque ela já consumia livros de crianças maiores”, relembra Paula, que alega ter deixado a filha bem à vontade com as escolhas.
O Brasil não é um país de leitores e vem, dia após dia, reforçando essa má tendência. De acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, 48% de brasileiros com mais 5 anos de idade nunca leram um livro inteiro na vida. Esse número corresponde a 93 milhões dos 193 milhões de brasileiros. Para piorar a situação, Tatiana Ferreira, coordenadora pedagógica da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I no Colégio RDS Swiss, revela que a pandemia afastou ainda mais as crianças dos livros, dificultando a retomada da educação. Para Tatiana, o estímulo à leitura na primeira infância é fundamental para o desenvolvimento da criança. “A falta do hábito leva ao desinteresse e quando isso acontece, nos deparamos com um problema maior”, explica a coordenadora.
Assim como Letícia, Vítor também vai na contramão das crianças da idade dele. Desde quando era bebê, o menino foi estimulado a ler. Neto de professora de português, o primeiro presente que ganhou foi um livro de tecido. Durante o desfralde, aprendeu o que era um penico por meio de uma história lida pela mãe. Hoje, Vítor tem uma biblioteca recheada e até se arrisca nos livros de culinária do pai. A mãe Aimee de Carvalho fica toda contente e orgulhosa ao contar que o filho realmente tomou gosto pelos livros. “É ótimo, porque ajuda na criatividade, na fantasia e desperta o interesse pela cultura geral. É algo para a vida!”, explica Aimee.
De 2015 a 2019, o país perdeu 4,6 milhões de leitores, caindo de 56 para 52%. Esse é um dado preocupante, que alerta para uma situação ainda mais grave: a baixa qualidade da educação no país. Quase metade da população adulta brasileira não tem o hábito de ler e, consequentemente, não consegue estimular os filhos, sobrinhos, as crianças da família, de maneira geral, a se interessarem pelo mundo da leitura. Crianças que não têm o hábito de ler apresentam mais dificuldade no aprendizado, na interpretação de textos e na maneira de se expressarem. Por isso, o mês de abril é tão importante para esse tema, pois no dia 18 é comemorado o Dia Nacional do Livro Infantil.
A vida moderna parece ter nos afastado do mundo das letras, daquele hábito saudável de manusear um livro, sentir o cheiro do papel e viajar nas histórias dos outros. Os livros físicos têm sido substituídos pelas telas, muitas vezes nocivas ao desenvolvimento das crianças. A coordenadora pedagógica do RDS Swiss alerta para uma realidade difícil que vem sendo enfrentada. “Hoje, as crianças têm mais dificuldade para se expressar e interpretar uma conversa, seja ela escrita ou falada. Isso porque, falta bagagem, falta leitura!”, reforça Tatiana.
Senso assim, fazer com que elas se interessem pelo mundo das letras e consigam desenvolver o hábito saudável de conhecer histórias por meio da leitura, é fundamental para o desenvolvimento cognitivo. Portanto, adote algumas práticas diferentes que possam incentivar seus filhos:
1-) Conte histórias para as crianças, fazendo a leitura do livro em voz alta.
2-) Peça às crianças para contarem uma história com começo, meio e fim
3-) Presenteie as crianças com livros, gibis e outros títulos e peça para que elas contem as histórias aprendidas
4-) Busque temas de interesse das crianças
5-) Dê exemplo! Mostre as crianças que a leitura é um hábito comum a todos em casa
Tatiana Ferreira reforça a importância da leitura na primeira infância