Para diretora-adjunta da Regional Campinas do SindusCon-SP, Marina Benvenutti, aumento do financiamento habitacional é maior desafio.
Embora o PIB da construção tenha se retraído no primeiro trimestre, a atividade do setor deverá seguir crescendo moderadamente ao longo de 2023. Este crescimento se deverá a fatores como algum fôlego da construção imobiliária, o maior volume de investimentos em infraestrutura e a reestruturação do programa Minha Casa, Minha Vida. Esse foi o cenário vislumbrado na Reunião de Conjuntura Econômica do SindusCon-SP, conduzida pelo vice-presidente de Economia, Eduardo Zaidan, em 7 de junho.
Regional Campinas – A diminuição no volume de financiamento ainda persiste no setor da construção civil. Isso prejudica especialmente o segmento de habitação popular, que é forte impulsionador de toda cadeia produtiva do setor. “No período de janeiro a abril deste ano, o número de unidades habitacionais financiadas caiu 20% em relação ao mesmo período do ano passado. Já em valores financiados, a queda nesse mesmo período foi de 2,7%”, afirmou a diretora-adjunta da Regional Campinas do SindusCon-SP, Marina Benvenutti.
Ela informa ainda que, o emprego formal na construção civil em abril de 2023, cresceu 7,7% em relação ao mesmo mês do ano passado. Isso está impulsionando o setor de serviços da construção.
O volume de vendas no período de janeiro a março, no comércio de materiais de construção caiu em torno de 3,3% em relação ao mesmo período de 2022. Já a produção da indústria da construção, no mesmo período, caiu 2,8%.
“Diante desse quadro, o dado positivo é que a inflação começa a dar sinais que está retrocedendo e ela é uma variável importante na composição dos valores da construção civil”, finalizou Marina Benvenutti.
A coordenadora de Projetos da Construção do FGV/Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), Ana Maria Castelo, mostrou em sua apresentação que a construção se recuperou expressivamente ao longo da pandemia, mas que este movimento perdeu força a partir do final do ano passado.
Mesmo com a retração de 0,8% do PIB da construção no primeiro trimestre de 2023, no acumulado de 12 meses persiste o aumento de 5,3%. O que está por trás desta queda é a menor atividade de autoconstrução e reformas, conforme mostram os dados da ocupação e da produção de materiais de construção, explicou.
Lançamentos – No país, a queda do número de lançamentos de empreendimentos imobiliários seguiu no primeiro trimestre, e das vendas em menor proporção.
Ana Castelo lembrou que o atraso na regulamentação do programa Minha Casa, Minha Vida também contribuiu para a diminuição dos lançamentos, e ponderou que isso agora poderá se reverter com as medidas a serem baixadas nas próximas semanas.
Na infraestrutura, espera-se um aumento dos investimentos em 2023, em sua maioria com recursos da iniciativa privada. O governo também deverá reeditar uma nova versão do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Custos – Já a Sondagem da Construção da FGV mostrou que há mais preocupação com a demanda insuficiente e com a escassez da mão de obra, e menos com os custos dos materiais. Os valores dos salários, que pressionaram o INCC no ano passado, não terão o mesmo peso neste ano, pela atual metodologia do índice. Já os preços dos serviços terão um peso maior a partir da mudança da metodologia do INCC, programada para julho. A manutenção do crescimento do emprego também poderá pressionar os custos com a mão de obra, independentemente das convenções coletivas, já assinadas. Em contrapartida, a redução da inflação contribui para arrefecer demandas de alta de salários, analisou Ana Castelo.