Antônio Carlos Souza de Carvalho é formado em Direito pela USP/ Imagem Divulgação
Desinformações geram pânico e desespero e atrapalham o trabalho de socorristas
Nem mesmo momentos de tragédia, como a que está ocorrendo no estado do Rio Grande do Sul, têm escapado dos efeitos nocivos das notícias falsas, mundialmente popularizadas como Fake News. Para o advogado Antônio Souza de Carvalho, essa é uma prática para forçar as pessoas a não se consultarem por meio das notícias dos tradicionais veículos de imprensa e passarem a se orientar por meio de mentiras, que buscam descredibilizar a realidade das ações oficiais. Tanto que a secretaria de Comunicação do governo do Rio Grande do Sul instituiu, no último dia 07 de maio, um gabinete de crise com um núcleo exclusivo para o combate às Fake News. Na página do governo do RS na internet, tem um link só de notícias: https://sosenchentes.rs.gov.br/ combate-a-desinformacao, para barrar os efeitos das informações falsas que vão desde os níveis das enchentes no estado gaúcho até centenas de corpos lotando o posto médico-legal em Lajeado.
Antônio Souza de Carvalho lembra que o governo brasileiro precisou anunciar a importação de arroz, para evitar as consequências provocadas por notícias falsas, alertando para a escassez do grão. Ele ressalta que “falta uma cultura de checagem dos fatos no ambiente digital”. E, nesse ponto, segundo Souza de Carvalho, “os disseminadores, de fatos ou ações não verdadeiros, se aproveitam da baixa capacidade de retenção e reação nesse ambiente digital”. Além disso, para o advogado, “as mentiras são uma estratégia de convencimento” e, ainda, “boa parte destes agentes, que espalham fatos que não sejam totalmente verdadeiros, buscam acreditar naquilo que passam adiante, de forma que a mentira fique menos condenável”.
Fake News no Brasil
“As Fake News no Brasil não se desenvolveram de maneira espontânea, mas por meio de um plano de orientação política”, ressalta Antônio Souza de Carvalho. Na opinião dele, isso se deu diante da crise das instituições públicas, da mudança nos parâmetros éticos da prática política e da disseminação de conteúdos nas redes sociais, que enfraqueceram a imprensa. O advogado reforça que “existe uma militância aguerrida na disseminação dessas informações inverídicas”.
Reação às Fake News
Antônio Souza de Carvalho lembra que é de extrema importância que todos entendam que “as Fake News são uma estratégia política”. Além disso, reforça o advogado: “para quem dissemina, a informação mentirosa é mais importante que o fato”. Dessa forma, no entendimento dele, não adianta apenas fazer um julgamento moral, dizendo que o disseminador ou o fato em si são maluquices, pois “ao conseguir atrair outros insatisfeitos com uma situação de incômodo, ocorre um alinhamento de narrativas provocando que as pessoas deixem de se preocupar com o fato e fiquem com os objetivos da ação”. Souza de Carvalho reforça: “toda Fake News descontextualiza a realidade de um fato para atender a narrativa empreendida”. Uma manipulação que ficou mais fácil por meio do uso de tecnologias e da Inteligência Artificial.
Para Antônio Souza de Carvalho, “as Fake News não podem ser compreendidas apenas como algo a ser desmentido. Elas precisam ser percebidas como uma anomalia política da sociedade”. Portanto, para o advogado, esse tipo de fenômeno só é abolido quando dá lugar a outro tipo de parâmetro.
Antônio Souza de Carvalho:
O advogado Antônio Carlos Souza de Carvalho é formado em Direito pela USP e tem pós-graduação em Economia do Trabalho e Sindicalismo pela Unicamp e pós- graduação em Ciência Política pela Fundação Escola e Sociologia Política de São Paulo. Em 2017, fundou o escritório de advocacia Souza de Carvalho, que atua em causas que envolvem a relação de trabalho, a estratégia de negócios, negociação e a área cultural.