
Ana Carolina Pelegrini, advogada Sênior Cível da Lemos/Foto: Divulgação
Agronegócio: Proteção e Continuidade do Patrimônio Rural
Ana Carolina Pelegrini
O agronegócio é um dos pilares da economia brasileira, representando uma fatia significativa do Produto Interno Bruto (PIB). Entretanto, muitas propriedades rurais ainda enfrentam desafios quando o assunto é a sucessão familiar e a continuidade dos negócios. Nesse contexto, o planejamento sucessório surge como uma estratégia essencial para garantir a preservação do patrimônio e a perenidade das atividades do setor.
Os produtores rurais, que frequentemente constroem seus empreendimentos ao longo de gerações, devem estar atentos à necessidade de planejar a transmissão de seu legado de forma estruturada e segura, a fim de evitar conflitos entre herdeiros e preservar o valor econômico e social da propriedade rural.
O que é o Planejamento Sucessório?
O planejamento sucessório é um conjunto de estratégias jurídicas e financeiras voltadas à transmissão organizada do patrimônio para as próximas gerações. Ele pode envolver a estruturação da empresa rural, doações programadas, testamentos e outros mecanismos que facilitam a transmissão da propriedade sem transtornos.
Diferente da simples partilha de bens após o falecimento do patriarca ou matriarca, o planejamento sucessório é realizado em vida, permitindo que o produtor rural tenha controle sobre como seus bens serão administrados e distribuídos, reduzindo riscos de disputas judiciais e tributação excessiva.
A Importância do Planejamento Sucessório no Agronegócio
Diferentemente de outros setores da economia, o agronegócio envolve bens de natureza específica, como terras, maquinário, rebanhos e ativos biológicos, além de relações comerciais que se constroem ao longo de gerações. Muitas propriedades rurais são administradas por famílias e, sem um planejamento sucessório bem definido, a continuidade do negócio pode ser comprometida.
Através do planejamento sucessório é possível evitar conflitos familiares, definindo com antecedência como será feita a sucessão e reduzindo os riscos de disputas entre herdeiros.
Reduzir custos tributários – A sucessão planejada pode minimizar tributação incidente sobre a transferência de bens.
Garantir a continuidade das operações – Manter a estrutura produtiva e financeira da propriedade sem interrupções.
Preservar o valor da propriedade – Evita a divisão do patrimônio em pequenas frações, o que poderia comprometer sua viabilidade econômica.
Assim, com estratégias bem estruturadas, é possível minimizar impactos tributários e garantir que o negócio continue prosperando.
Principais Ferramentas do Planejamento Sucessório Eficiente
Para que a sucessão ocorra de maneira tranquila e organizada, os produtores rurais podem contar com diversas ferramentas jurídicas, tais como: Doação com Reserva de Usufruto, permitindo que o produtor rural antecipe a transmissão do patrimônio aos herdeiros, mantendo o direito de usar e fruir sobre os bens durante sua vida.
Testamento, através de documento legal e essencial para garantir que a vontade do produtor rural seja respeitada, evitando disputas futuras.
Acordos Familiares, com a formalização de regras de gestão e sucessão entre os membros da família contribui para evitar conflitos.
Acordos de quotistas, para propriedades administradas sob regime empresarial, é possível estabelecer contratos regulando a transição da gestão.
Seguro de Vida, que pode ser utilizado como forma de garantir liquidez para o pagamento de impostos e outras despesas sucessórias e treinamento de sucessores, com a capacitação dos herdeiros para assumir funções estratégicas na administração rural, essencial para o sucesso da transição.
Conclusão
O planejamento sucessório no agronegócio é um instrumento essencial para garantir a longevidade dos empreendimentos rurais e assegurar que a produção continue prosperando através das gerações.
Uma sucessão bem organizada evita conflitos, reduz custos e assegura que o legado construído ao longo de anos permaneça vivo para as próximas gerações. Investir em um planejamento sucessório é, acima de tudo, investir na continuidade e no crescimento do agronegócio brasileiro.
Diante da complexidade do tema, é altamente recomendável que produtores rurais busquem assessoria jurídica especializada para elaborar um planejamento eficiente e alinhado às suas necessidades específicas.

Ana Carolina Pelegrini é Advogada Sênior Cível, no Lemos Advocacia Para Negócios