*Adalberto Santos
Os condomínios, especialmente os horizontais, podem ser comparados a pequenas cidades, onde é preciso cuidar da limpeza das áreas comuns, proteger patrimônios e zelar pela convivência de seus habitantes. Mas existe uma teoria em segurança condominial, cada vez mais comprovada na prática, que aponta um dado preocupante: nessas comunidades, as grandes ocorrências e riscos geralmente envolvem os próprios moradores.
No início de outubro, Campinas foi sede do 1º Workshop Nacional de Gestores de Segurança Condominial. Especialistas e profissionais de todo o Brasil que participaram desse grande evento foram unânimes em concordar que não se faz mais segurança nos condomínios apostando somente em câmeras, ronda de vigilantes e controle de acesso de moradores e visitantes.
Seja em que tempo for, a vida em condomínio deve ser pautada sempre pela boa conduta, pelo comportamento adequado e pelas atitudes ponderadas, combinadas ao cumprimento de um conjunto de regras internas. Em termos de segurança condominial, como se discutiu no workshop, o processo é dinâmico e hoje em dia as exigências se apóiam em inovação, informação e inteligência.
Com base nesses três quesitos, a tecnologia se tornou uma ferramenta indispensável para envolver os moradores no processo de segurança patrimonial, usando conceitos como “Olhos na rua”, da urbanista Jane Jacobs e o “Janela Quebrada”, dos criminalistas James Q. Wilson e George Kelling, como forma de ampliar a produção de informações e melhorar a gestão da segurança de um ambiente residencial.
O georreferenciamento é outra funcionalidade importante no processo de segurança. Com informações precisas, fornecidas pelos próprios moradores, a tecnologia facilita a vida dos gestores na tomada de decisões rápidas e assertivas para garantir ainda mais segurança aos condomínios.
A tecnologia permite que o morador que baixe um aplicativo no celular tenha acesso a diversos itens de segurança. Em tempo real, é possível indicar, por exemplo, onde há sujeira em ruas e terrenos, relatar barulho, excesso de velocidade nas vias, pichações, alertar sobre atitudes suspeitas e casos de furto. Com a ferramenta, a comunicação, direta e eficiente, também evita informações distorcidas e desentendimentos entre condôminos.
Com dados precisos em mãos, o profissional coordena os responsáveis pela segurança para as ações imediatas. As informações podem ser analisadas e disponibilizadas em relatórios completos.
Um exemplo é o SigmaAPP, aplicativo de baixo custo de manutenção, que foi desenvolvido em Campinas. Além de oferecer diversos recursos para auxiliar em processos de segurança e georreferenciamento, em breve, o aplicativo deve ganhar outras funcionalidades, como permitir o acesso de visitantes, a visualização de câmeras do residencial e o recebimento de comunicados importantes. O aplicativo foi projetado também para integrar-se com tecnologias biométricas, drones e sistemas de proteção perimetral.
Como se vê, a segurança do presente e do futuro requer a participação de todos os cidadãos, estejam eles nas ruas ou nos condomínios. Nunca devemos nos esquecer de que o crime está cada vez mais organizado. E organizados precisamos estar para alcançar a segurança ideal que todos buscamos.
* Adalberto Santos é especialista em segurança e diretor superintendente da Sigmacon. É consultor, palestrante, analista em segurança empresarial e criminal. Possui pós-graduação de processos empresariais em qualidade, MBA em administração e diversos títulos internacionais na área de segurança.