Jornal de Campinas

Diabetes depende da família para o sucesso do tratamento

 Novembro Diabetes Azul, campanha que integra o calendário do Ministério da Saúde, destaca a importância de bons hábitos familiares no controle da doença

O diabetes, uma das grandes epidemias do século 21, atinge 13 milhões de brasileiros, segundo a International Diabetes Federation (IDF). Diante deste levantamento, a recém-lançada campanha Novembro Diabetes Azul destaca a importância da família como principal aliada no controle da doença. Para a endocrinologista Nathalia Ferreira, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, cada vez mais é preciso atentar para o diagnóstico precoce do diabetes e, como medida preventiva, colocar em prática hábitos saudáveis no dia a dia.

A Sociedade Brasileira de Diabetes, em conjunto com outras entidades, incluiu o Novembro Diabetes Azul no calendário do Ministério da Saúde. Em 2018, o mote da campanha, “Família e Diabetes”, destaca a importância de bons hábitos cotidianos – alimentação e exercícios físicos, principalmente – para a saúde do paciente e de seu núcleo familiar.

Há dois tipos de diabetes. O tipo 1 advém de uma predisposição genética e é diagnosticado durante a infância ou adolescência. Nesta forma da doença, o pâncreas produz pouca ou nenhuma insulina, fazendo com que o organismo não seja capaz de utilizar o açúcar no sangue na produção de energia.

Não há cura para o diabetes tipo 1. No entanto, a doença pode ser controlada com injeção diária de insulina, prescrita pelo médico endocrinologista, e com mudanças no estilo de vida do paciente.

O diabetes Mellitus tipo 2 é mais comum em adultos sedentários, sem hábitos saudáveis de alimentação e que estão acima do peso. A doença se caracteriza pela geração insuficiente de insulina pelo pâncreas ou pela incapacidade do organismo de usar a insulina produzida de forma eficiente.

A endocrinologista Nathalia Ferreira ressalta que a diabetes tipo 2 é um problema de saúde pública em todo o mundo. No Brasil, 9,4% dos adultos entre 35 e 64 anos são diagnosticados com a doença. Este índice, lembra a médica, vem aumentando com o envelhecimento da população e com o estilo de vida urbano, que favorece o sedentarismo e a obesidade.

Os testes para detecção do diabetes tipo 2 são recomendados para pacientes com mais de 45 anos, especialmente se tiverem sobrepeso ou obesidade e parentes de primeiro grau com diabetes. Históricos de doença cardiovascular, hipertensão arterial, colesterol alto, entre outros fatores, também determinam a realização de exames.

“A grande consequência do diabetes são as complicações crônicas que a doença pode causar”, afirma Nathalia. Prejuízo da visão, dos rins, dos nervos, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC) são algumas situações citadas pela médica.

Com o diagnóstico precoce, as complicações decorrentes do diabetes tipo 2 diminuem significativamente, segundo Nathalia. “Funciona mais ou menos assim: logo que se faz o diagnóstico de diabetes é necessário que seja implementado tratamento intensivo para manter os níveis de glicemia de jejum, glicemia pós-prandial (duas horas após a refeição) e hemoglobina glicada nos alvos, de forma continuada”, diz. Após um período de 10 a 15 anos de controle rigoroso, mesmo que o controle intensivo da glicemia seja perdido, o paciente mantém baixos os riscos de complicações crônicas, enfatiza a médica.

Afinal, como prevenir o diabetes?

Mantendo um estilo de vida saudável. Isto é obtido com uma dieta adequada, com escolha inteligente dos alimentos e moderação nas quantidades de açúcar e gorduras. Outra medida de importante ajuda é a perda de peso de pelo menos 5 a 10% nos casos em que o sobrepeso ou obesidade estiverem presentes. Caso o paciente tenha fatores de risco para desenvolver diabetes, esta abordagem deve ser ainda mais enfática e urgente.

Há como evitar as complicações do diabetes?

Exames realizados principalmente em pacientes que apresentam fatores de risco para diabetes podem levar ao diagnóstico precoce. Quanto mais cedo se descobre a doença, melhores as respostas do organismo aos tratamentos.

Uma vez que o diagnóstico for feito, é necessário que seja instituída a terapêutica sem demora. Os alvos devem ser almejados com rigor e o tratamento reavaliado com frequência para ajustes individuais. Avaliações de órgãos que podem sofrer complicações diabéticas precisam ser feitas todos os anos, com avaliação renal, neurológica (avaliação do pé diabético), oftalmológica e cardiológica.

Peso adequado, manutenção dos níveis de pressão arterial e colesterol são ainda mais impactantes nesta população.

“A adoção de cuidados cotidianos simples pode representar mudanças fundamentais no curso do diabetes mellitus, uma doença que comprovadamente pode causar graves transtornos à saúde. Dessa forma, a família desempenha papel fundamental no bom controle, afinal os hábitos saudáveis são principalmente aprendidos em casa. Além disso, a aceitação da doença e suporte emocional dos familiares são essenciais nestes pacientes”, finaliza Nathalia.

Dra. Nathalia Ferreira

Endocrinologista formada em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora (MG). Membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Entre 2010 e 2014, chefiou o Ambulatório de Obesidade Grave do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo. Foi responsável pelos ambulatórios de Obesidade Grave, Pé Diabético e Endocrinologia e Gestação na Prefeitura Municipal de Santa Bárbara d’Oeste (SP) durante o período em que prestou serviço àquela prefeitura. Atualmente, é responsável pelo Programa Peso Saudável no IAMSPE-SP, que tem sua versão em Campinas com o nome de Attraversiamo.

 

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