Há seis anos, o Sabores da Terra Festival Gastronômico Itinerante iniciava um movimento em prol de pequenos produtores artesanais, da “culinária raiz” e de artistas locais, justamente em Indaiatuba/SP. Por isso, a sexta edição do evento acolhida no município reafirma o #OrgulhoDeSerCaipira e os propósitos da marca. Desta vez, o evento é realizado em quatro tempos: um em 28 restaurantes parceiros, até 3 de julho, nas salas de aula do Grupo UniEduK (a Semana Acadêmica, que foi um sucesso), em seguida a peito e a céu abertos, no Parque Ecológico, nos dois primeiros finais de semana de julho; e por fim, com o tradicional Tacho Solidário oferecido para mulheres em situação de vulnerabilidade social. A realização é da Elo Produções, com apoio da Prefeitura de Indaiatuba por meio da Secretaria Municipal de Cultura. A festa de encerramento é um Projeto realizado com o apoio do ProAC.
O orgulho de ser caipira, que até cabe na moderna hashtag, vai muito além da comunicação visual revigorada, distribuída pela festa e compartilhada nas redes sociais. “Na edição Campinas, inauguramos nosso portal e pensamos em algumas frases originais que denotam um jeito de ser, de pertencer. As pessoas adoraram nosso “caipirês” e isso também nos deu a dimensão do quão importante é o Sabores da Terra para as pessoas dos lugares pelos quais passamos”, avalia a idealizadora Renata Tannuri Meneghetti, da Elo Produções.
Para esta edição Indaiatuba, dez produtores locais de alimentos, já conhecidos do “Ponto Verde” – Feira de Agricultura Familiar do Município de Indaiatuba, estão confirmados: Vanessa e Fernando (produtos à base de pimenta); Eliane Bonfim e Aparecida Glória (peças artesanais de cozinha e utilitários); Ana Brolo (defumados artesanais, cachaças saborizadas e mais); Célia e Jéssica (artes em chifre, macramê e outras peças artesanais); Ednilson Tomazetto (vinhos artesanais, pimentas e pães); André Antal (produtos veganos como hambúrgueres e sanduíches); Gabriela Artesanato (produtos artesanais para relaxamento e massagem); Sidnei Integral Natural (produtos integrais como pães e bolos); Agnaldo Puce (produtor de queijos, cachaças, mel e embutidos); Alexandra – Produtos de Milho. Os detalhes sobre a programação você confere a seguir (serviço).
Dez cidades paulistas já tiveram ao menos uma edição do evento: Indaiatuba, Valinhos, Jaguariúna, Holambra, Águas de Lindóia, Vinhedo, São Bernardo do Campo, Sorocaba e Campinas. Para se ter uma ideia do evento, pode-se dizer que mais de 1 mil produtores de alimentos puderam compartilhar muitos sabores e saberes com o público até aqui. Só na 18ª edição, em Campinas, o Parque Portugal (Lagoa do Taquaral) recebeu 51 expositores, sendo 16 pequenos produtores e artesãos, seis bandas e uma orquestra de viola, nos três dias de festival naquela cidade, foram vendidas 23.800 porções às cerca de 38 mil pessoas que passaram pelo local (cálculo feito a partir do ticket médio de consumo). E, para que tudo isso funcionasse na terra de Carlos Gomes, cerca de 600 pessoas trabalharam (direta ou indiretamente) no evento – 57 delas na equipe de produção. É um desafio.
“Mió que isso, fica”? Ah, se fica, e em bom caipirês. Em outubro, o Sabores da Terra chega ao Memorial da América Latina, em São Paulo.
Se miorá, miora até a homenagem
Será no local onde tudo começou, marco da 19ª edição paulista, a homenagem ao saudoso parceiro Arian Carneiro de Mendonça, que nos deixou em 2020 vítima de um tipo raro de câncer. “Essa seria a vigésima edição, não fosse a pandemia. Então vamos relembrá-lo de um jeito muito, muito carinhoso”, situa Renata. O amigo que gostava de uma boa moda de viola caipira, que era de fé e não se curvava à desistência, talvez avaliasse, hoje, depois de tantos dias duros, que falta “afetividade entre as pessoas”, algo que a comida é capaz de resgatar.
“Tudo no Arian era emoção e gentileza. E comida é afeto. Contudo, o apelo comercial, hoje, é muito forte. Por isso, temos procurado incluir parceiros que entendam nosso propósito e nos ajudem a sentir e dividir essa afetividade com muita gente, de novo”, avalia Renata.
Se visse os números do festival que promoveu em revés, Arian iria “cascá o bico” e ficar com a “cachola” agitada para acomodar as novas ideias. Num “tirinho“. “Ele ficaria muito feliz em saber que tudo que sonhamos está acontecendo. A gente ainda é muito mambembe, de carregar o circo nas costas mesmo. Mas, devagarinho, conquistamos respeito e reconhecimento. O Arian ia pirar ao saber que, hoje, as pessoas nos ligam para participar porque conhecem e querem fazer parte da nossa história”, defende Renata.
Não vamos “pagá a língua” porque entregamos tudo antes, “de bandeja“. Afinal, surpresa boa é surpresa feita. Mas quem estiver no Parque Ecológico em Indaiatuba nas festas de encerramento, em julho, pode se preparar para ficar com a “capela do olho” molhada. Se tudo der certo, vai ter Robson Furioso’, maestro da Orquestra de Viola Caipira de Valinhos, à frente da homenagem a Arian e à música de raiz. “Queremos que esse momento seja especial para todos”, adianta Renata.