Jornal de Campinas

Pesquisa revela que 95% dos campineiros acham a cidade boa para se viver e pontuam a desigualdade social

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Territórios em Movimento_Expo D Pedro/Foto: Lázara Paes Leme

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Pesquisa “Vozes Campineiras” foi apresentada durante o evento  “Territórios em Movimento por cidades prósperas para todos” 

 

Campinas é um lugar agradável e acolhedor, embora a desigualdade social esteja presente. Esta é a percepção da população que vive na terceira cidade mais populosa do estado de São Paulo, de acordo com a pesquisa “Vozes Campineiras”, da Fundação FEAC, divulgada durante o encontro “Territórios em Movimento por cidades prósperas para todos”, nesta quarta-feira, 8, no Expo Dom Pedro.

Membros da diretoria e conselho curador da FEAc com autoridades municipais credito Ricardo Lima
Membros da diretoria e conselho curador da FEAC com autoridades municipais /Foto: Ricardo Lima

 

 

O levantamento inédito realizado pela Quaest Pesquisa e Consultoria mostrou que 90% da população considera Campinas uma boa cidade para se viver e 75% sente orgulho por nela residir. No entanto, 65% dos moradores reconhecem que há desigualdade social. Com entrevistas realizadas entre 11 e 16 de setembro, com moradores de todas as regiões, a pesquisa traz as percepções subjetivas em áreas como saúde, segurança, cultura, mobilidade, habitação e pertencimento comunitário e mostra como o cidadão vive e enxerga a cidade.

O Índice de Percepção de Prosperidade, que mede a vitalidade econômica e esperanças para o futuro, é de 7,3. A prosperidade é associada a emprego, especialmente por pessoas brancas e homens. Pessoas negras e mulheres associam prosperidade à saúde de qualidade.

No mesmo patamar ficou o Índice de Pertencimento e Confiança, que mede uma segunda dimensão da saúde social em sua comunidade: 7,8. Já o Índice de Acesso a Serviços alcançou 5,9.

O estudo mostrou também que 89% dos moradores acham que a metrópole é um bom lugar para ricos, 70% a consideram favorável para famílias com crianças e 58% para idosos, mas ela não tão acolhedora para PcDs e pessoas pobres.

Esmiuçando os problemas

 

A pesquisa “Vozes Campineiras” identificou também que a saúde pública é o serviço de acesso mais difícil na cidade, seguido por lazer, cultura e transporte. Para 43% dos entrevistados, a maior dificuldade é ser atendido em hospitais e postos de saúde. Apenas 27% consideram esta jornada fácil. Ainda no quesito saúde, a principal demanda da população é que haja mais médicos, que os hospitais e Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) sejam melhorados, e que as pessoas tenham acesso facilitado a tratamentos e remédios.

Quando o tema é moradia, 8 em cada 10 campineiros consideram Campinas uma cidade muito cara para se viver, sendo o preço dos imóveis e a falta de apoio do governo os principais problemas. Para 82% dos moradores, os bairros têm estruturas bem diferentes, sendo o Cambuí citado como aquele com melhor estrutura. As pessoas que vivem nas regiões Noroeste, Centro-Oeste e Sudeste são quem mais destacaram a desigualdade entre os bairros.

A mobilidade urbana teve uma avaliação positiva ou média para 71% dos moradores, enquanto a manutenção das vias foi tida como negativa por 55%. O carro é o principal meio de deslocamento (43%), seguido pelo ônibus (33%), que tem o valor da passagem avaliado como alto por 73% das pessoas. O transporte é considerado também o principal empecilho para o lazer. Nas periferias, a sensação de abandono predominou uma vez que o Centro é percebido por 81% dos moradores como a área com mais ações culturais. Ainda assim, 74% dos campineiros gostam muito do seu bairro e apenas 5% não gostam. A violência apareceu como o principal problema dos bairros (29%) seguido pela saúde precária (11%).

Problemas associados à desigualdade

O maior problema associado à pobreza e à desigualdade em Campinas é a falta de oportunidade de emprego (48%), seguida pela desigualdade entre os bairros (25%). Entre as consequências deste cenário, o aumento da população em situação de rua foi o mais perceptível. Para 60% da população, a solução da desigualdade deve vir de mais oportunidades de emprego e da oferta de programas de assistência social.

Quando se fala de empregabilidade, a pesquisa mostrou que a falta de oportunidade para jovens aparece em primeiro lugar, com 24%, e a falta de qualificação a seguir, com 12%.

No quesito educação pública, a percepção de 55% da população é de que a cidade não tem creches suficientes, sendo a falta de professores o principal gargalo. E em relação à segurança, apenas 20% se sentem muito seguras na cidade, enquanto nos bairros, essa sensação sobe para 41%. O consumo e o tráfico de drogas aparecem como o principal problema, sendo o aumento do policiamento e o combate ao tráfico apontados como medidas essenciais para melhorar a segurança.

Outro dado que chamou a atenção na pesquisa “Vozes Campineiras” é que a vizinhança é considerada a principal rede de apoio, uma vez que 85% confiam nos seus vizinhos, número bem acima da média nacional, que é de 52%. As Organizações da Sociedade Civil (OSCs) surgem na sequência. A igreja também tem papel primordial, aparecendo como o ponto de apoio mais efetivo quando as pessoas precisam de alguma ajuda ou apoio.

Guilherme Russi diretor de Inteligencia da Quaest Foto Ricardo Lima
Guilherme Russi, diretor de Inteligência da Quaest /Foto: Ricardo Lima

 

Foco em agenda propositiva

 

Assim como o encontro “Territórios em Movimento por cidades prósperas para todos” nasce por uma iniciativa da Fundação FEAC com o objetivo de se tornar um dos mais importantes movimentos do terceiro setor, dando vez e voz à população, a divulgação da pesquisa “Vozes Campineiras” deve ser o ponto de partida para uma agenda propositiva, conectando poder público, empresas, terceiro setor, universidades e sociedade civil.

“Os dados poderão servir para orientar políticas públicas e projetos sociais voltados para a redução das desigualdades e a promoção da prosperidade em Campinas”, ressalta Graziele Silotto, gerente de Pesquisas da Quaest.

José Roberto Dalbem, superintendente geral da Fundação FEAC, afirma que a proposta é tornar esse movimento uma força coletiva em torno de um mesmo propósito. “Além de enxergar melhor os problemas, com dados e informações da pesquisa que é quantitativa, mas também qualitativa, a iniciativa nos impulsiona a dar as mãos e buscar soluções. Juntos, podemos construir uma cidade mais justa e próspera para todos”, completa.

 

Para Renato Nahas, presidente do Conselho Curador da Fundação FEAC, essa pesquisa contém informações muito ricas que impulsionam a transformação de dados em ações, unindo diferentes setores. “Nosso objetivo é tratar tudo isso que ouvimos de forma organizada para poder transformar em um plano coordenado, respeitando as prioridades elencadas. Também queremos medir e acompanhar anualmente essa percepção dos campineiros. Esse é o índice de bem-estar da cidade de Campinas”.

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