Exame de imagens preventivas do câncer de mama/Divulgação
A tomossíntese digital mamária, conhecido como ‘mamografia 3D’, encaminha-se para decisão final na ANS e representa avanços na detecção precoce do câncer de mama
A inclusão da tomossíntese digital mamária, ou “mamografia 3D”, no rol de exames com cobertura obrigatória pelos planos de saúde avança para uma decisão final na ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). O estudo de incorporação, liderado pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), baseia a proposta do Colégio Brasileiro de Radiologia na ANS que indica o método de imagem com tecnologia avançada para rastreamento do câncer de mama em mulheres entre 40 e 69 anos com mamas com densidades fibroglandulares esparsas e heterogeneamente densas. Em fase de consulta pública, o tema segue para a última etapa, com a audiência pública marcada no dia 27 de outubro. “A tomossíntese é um recurso que proporciona diagnósticos mais precoces, entrega melhores resultados clínicos e proporciona economia para todo o sistema”, afirma o mastologista Henrique Lima Couto, coordenador do Departamento de Imagem da Mama da SBM.
A tomossíntese, na definição do especialista da SBM, é a evolução da mamografia. “A mamografia é um raio X especializado em que se vê a mama em duas incidências (duas radiografias) de forma estática”, explica. A tomossíntese, também um método de imagem, mas com tecnologia avançada, permite a visualização tridimensional da mama, fornecendo imagens de um milímetro de espessura, reconstruídas em um processo semelhante ao da tomografia computadorizada.
Na mamografia convencional, observa Lima Couto, as imagens, por vezes, aparecem sobrepostas, diminuindo a capacidade de detectar o câncer, principalmente nas mamas menos gordurosas. “Ao diminuir a sobreposição, há aumento da taxa de detecção do tumor em até 40%.”
O estudo da SBM, iniciado em 2020 e apresentado no Congresso Europeu de Radiologia em março de 2023, baseia a proposta para que a tomossíntese seja incluída no rol de exames com cobertura obrigatória na Saúde Suplementar. A incorporação favorece mulheres assintomáticas, de 40 a 69 anos, com mamas de densidades fibroglandulares esparsas ou heterogeneamente densas. “Este grupo representa 70% da população feminina elegível para rastreamento do câncer de mama”, pontua o mastologista. “Hoje, as pacientes atendidas por planos de saúde precisam pagar para realizar o exame.”
Segundo o estudo da SBM, o impacto orçamentário com a realização da tomossíntese pelos planos de saúde representa uma economia de R$ 200 milhões no período de cinco anos na rede suplementar. “Isto é possível pois os resultados com a tomossíntese reduzem a necessidade de reconvocação de pacientes em 20% para exames adicionais, assim como a taxa de biópsia. Além disso, o exame aumenta a taxa de diagnóstico precoce, reduzindo a agressividade e os custos dos tratamentos”, ressalta.
Após avaliação da Agência Nacional de Saúde Suplementar, a proposta está em fase de consulta pública até o dia 24/10. A próxima etapa, marcada para 27/10, é a audiência pública.
“A decisão final caberá à ANS, mas a participação da sociedade civil organizada, das entidades médicas e principalmente das pacientes (usuárias) tem peso considerável sobre a inclusão ou não da tomossíntese no rol dos exames obrigatórios da Saúde Suplementar”, observa. “Se incorporada pela ANS para cobertura obrigatória pelos planos de saúde, o exame vai proporcionar um grande avanço para as mulheres e possibilitar que elas tenham acesso as melhores práticas, conforme as mais importantes entidades médicas da área no mundo, como o Colégio Americano de Cirurgiões de Mama (ASBS), o Colégio Americano de Radiologistas (ACR) e o Grupo de Trabalho Americano em Câncer (NCCN)”, conclui o mastologista Henrique Lima Couto.