Maestro atuou por 25 anos à frente da Orquestra Sinfônica de Campinas
“Benito? Benito fez a orquestra para o povo da cidade”, definiu com a voz firme, pausada, emotiva, o violinista Raimundo de Souza sobre o famoso irmão Benito Juarez, maestro emblemático que morreu na madrugada desta segunda-feira, 3 de agosto, aos 86 anos. O regente comandou a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas por 25 anos, de 1975 a 2000.
Em razão de sua morte, o prefeito Jonas Donizette decretou luto oficial de três dias em Campinas. “Meus sentimentos à família, aos amigos e aos milhares de admiradores”, disse o chefe do Executivo, destacando a atuação marcante do regente no cenário brasileiro, sobretudo à frente do “histórico concerto em favor das Eleições Diretas Já”, em 1984.
Maestro plural, irreverente, criativo, Benito Juarez conquistou diferentes públicos pela diversidade de repertórios, que transitaram entre o erudito e o popular, com maestria e excelência. Com a Sinfônica de Campinas, levou a sonoridade peculiar do coletivo para os quatro cantos do país, obtendo reconhecimento nacional e internacional. A Sinfônica foi a primeira a receber o grande prêmio pela Associação Paulista dos Críticos de Arte e o prêmio Qualidade Brasil – Sudeste Paulista.
Juarez foi um dos fundadores do Coralusp, em 1967, imprimindo importante trabalho com o grupo em concertos no exterior, além de gravações para a TV Cultura.
No início dos anos 1970, fundou o Departamento de Música da Unicamp e a Orquestra Sinfônica da mesma instituição, na qual deu aulas de regência. Em 2008, ganhou o prêmio Melhor Projeto Musical Erudito.
Em 2019, no programa comemorativo dos 90 anos da Sinfônica de Campinas, foi homenageado com a Medalha “90 anos OSMC”, entregue, na ocasião, ao seu filho André Juarez, durante emocionante concerto ao ar livre na Concha Acústica do Taquaral.