Preocupação com segunda onda de contaminações é real, mas médico não vê necessidade em fechamento de escolas se medidas preventivas forem adotadas
Nas últimas semanas o assuntou voltou a preocupar a sociedade: hospitais públicos e privados registraram média de 30% de aumento nas internações por conta do novo coronavírus.
Alguns hospitais privados chegaram a anunciar ocupação total dos leitos de UTI e algumas comunidades médicas chegaram a alertar para uma segunda onda de contaminações, enquanto outras enfatizam que sequer saímos da primeira.
A verdade é que as pessoas têm relaxado nos cuidados preventivos e, com isso, as contaminações voltaram a ocorrer. Dr. Paulo Telles, pediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria afirma estar assustado com a subida de casos em cidades que já se mostravam sob controle, como São Paulo, mas defende a abertura das escolas com base em evidências científicas.
“As pessoas precisam ser informadas de forma adequada para que possam adotar medidas preventivas e tomar a melhor decisão para si e para suas famílias. No caso das crianças, reforço que o vírus influenza é mais perigoso do que o novo coronavírus e nenhuma escola fecha por causa de surtos de gripe”, destaca.
Segundo o médico, se forem adotadas medidas como distanciamento social, uso de máscara e higiene constante das mãos, o risco de contaminação baixa significativamente.
“Quanto mais jovem é a criança, menor é o risco de infecção. A maioria das crianças é assintomática ou tem sintomas leves e, diferente do que se acreditava no início da pandemia, não são super disseminadores”, enumera o pediatra.
Dr. Paulo assegura que se a escola adotar as medidas preventivas, ela não se torna um local de maior infecção e é segura para professores, funcionários e pais. Ele diz ainda que em todo o mundo, o maior número de infecções no público infantil ocorreu dentro de casa, por meio de familiares expostos ao novo coronavírus.
“Os impactos do isolamento social prolongado no desenvolvimento e na saúde mental das crianças são imensos e duradouros. Precisamos conscientizar pais e cuidadores a ensinarem os pequenos a adotarem as medidas preventivas e permitir que retornem à escola para evitar obesidade, ansiedade, distúrbios do sono, excesso de telas e outros prejuízos.”
O médico ressalta que ainda deve demorar para surgir uma vacina segura para crianças, uma vez que os imunizantes em teste têm sido testados para um público acima de 16 anos. “Somente as vacinas de Oxford e da AstraZeneca têm considerado testes em crianças de 5 a 12 anos”, fala Dr. Paulo, que acredita que a pandemia ainda será longa e precisamos pensar em médio e longo prazos no que tange o desenvolvimento e a segurança infantis.
Dr. Paulo Nardy Telles – CRM 109556 @paulotelles