A perda auditiva pode trazer diversos prejuízos a uma criança e um deles é no desenvolvimento da fala. É importante que os pais fiquem atentos aos sinais de atraso na linguagem oral nos primeiros dois anos de vida para que não haja efeitos negativos no desenvolvimento infantil; efeitos estes que podem acarretar em problemas por toda a vida.
Muitos pais só buscam tratamento para o problema de audição dos filhos quando outros sintomas começam a surgir. Apesar de o atraso na fala e a falta de diálogo serem os sinais mais importantes de perda auditiva, eles relacionam esses problemas, muitas vezes, a outras causas. Diagnósticos equivocados e o costume de esperar que a criança desenvolva o diálogo naturalmente podem causar danos irreparáveis na infância e até na vida adulta; além de atrasar o tratamento da alteração auditiva.
Diagnóstico precoce
“Quanto antes for feito o diagnóstico, maiores as chances de a criança ter um bom desenvolvimento, com melhores resultados no processo da reabilitação auditiva. Assim, o desempenho comunicativo pode ser alcançado mais rapidamente; muito próximo ao de crianças com audição dentro da normalidade”, explica a Fonoaudióloga Marcella Vidal, gerente de Audiologia Corporativo, Telex Soluções Auditivas. Segundo ela, “o diagnóstico pode ser feito com uma audiometria, exame que detecta a perda auditiva na maioria dos casos, dependendo da idade e da colaboração da criança”.
Com o passar do anos, por causa da dificuldade de diálogo com outras pessoas, a perda de audição não tratada afeta a socialização, a autoestima, o desenvolvimento cognitivo e a alfabetização. Não raro, há pessoas que só identificam a perda auditiva na universidade e descobrem que a dificuldade de aprendizagem ou até mesmo o déficit de atenção diagnosticado na infância e adolescência eram causados, na verdade, por problemas na audição.
Observação dos sinais
“O processo de maturação do sistema auditivo central ocorre durante os primeiros anos de vida. Por isso, a estimulação sonora neste período de maior plasticidade cerebral é imprescindível, já que para haver aprendizado da linguagem oral e, consequentemente, o desenvolvimento intelectual, emocional e de habilidades, é preciso que as crianças interajam com seus interlocutores e, assim, estabeleçam novas conexões neurais. É importante enfatizar também que há diferenças entre ouvir e escutar. Os sons que entram pelas orelhas precisam fazer sentido, ter significado”, pontua a fonoaudióloga Marcella Vidal, que é especialista em audiologia infantil.
Mesmo que ao nascer a criança tenha passado pelo Teste da Orelhinha sem apresentar alterações, ao menor sinal de atraso na fala é importante que ela seja examinada por um otorrinolaringologista e um fonoaudiólogo, pois a perda auditiva pode ser genética ou progressiva, ou mesmo ser causada por medicamentos ototóxicos, se manifestando, portanto, ao longo da infância.
Exames como o PEATE frequência específica (Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico), avaliação comportamental, Imitanciometria e PEAEE (Potencial evocado auditivo de estado estável) serão avaliações importantes, podendo auxiliar no diagnóstico da perda auditiva, servindo como ponto de partida para que o otorrino e o fonoaudiólogo, juntos, indiquem o tratamento mais adequado para cada caso.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que aproximadamente 32 milhões de crianças, no mundo inteiro, têm algum tipo de deficiência auditiva, sendo que 40% dos casos ocorrem devido problemas genéticos e 31% por infecções, como sarampo, rubéola e meningite.