Jornal de Campinas

Museu de Arte Contemporânea de Campinas apresenta “Sobre Sub Solo” e “Diário 366”

Obra em exposição (Foto: Fabiana Ribeiro)

O Museu de Arte Contemporânea de Campinas (MACC) está aberto com duas exposições: “Sobre Sub Solo”, de Andrea Mendes, e “Diário 366”, de Bruno Novaes. O público pode ver as mostras até 29 de julho, das 9h às 17h. A entrada é gratuita. O evento tem apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Campinas.

A exposição “Sobre Sub Solo”, de Andrea Mendes, é a conclusão de um processo de pesquisa pautado por evocações de memórias que revisitam sua cartografia de deslocamentos e enraizamentos, a partir do próprio corpo e do território. Neste trabalho, Andrea Mendes apresenta uma cartografia de resistências ao apagamento de uma gama de sensibilidades, que transitam de seu Nascedouro (Itaberaba -BA) para o seu Acolhedouro (Campinas); que se recriam em seu Renascedouro (Araras) e que se redescobrem conectadas com múltiplas culturas, na vivência em um Hospedadouro como artista convidada nas ocupações na comunidade de Bermudez, interior da Argentina.

Para simbolizar esse percurso cartográfico,a artista escolheu a Pipa como símbolo de seus deslocamentos por territórios e fez dela o suporte das imagens que registram suas vivências e atuações. Com produção de PretAção e Tomada Cultural, a exposição foi contemplada pelo edital do ProAC Direto – Programa de Ação Cultural do Governo do Estado de São Paulo.

“A pipa, símbolo tão marcado em meu trabalho, faz menção direta ao território acolhedor. A pipa é tradicional na comunidade: acolhida por crianças e adultos, tornou-se uma de suas referências culturais”, diz a artista.

Nascedouro (Divulgação)

De acordo com a curadora da exposição, Sônia Fardin, o traço comum das imagens que registram as vivências e as atuações criativas de Andrea Mendes são a face altiva da classe trabalhadora latino-americana, com suas formas de enfrentar o colonialismo, o neoliberalismo e a violência que tem colapsado comunidades centenárias, rurais e urbanas; gente que luta contra a desumanização dos movimentos do capital, que expulsa trabalhadores de suas terras para expandir contingentes de braços excedentes nos arrabaldes das metrópoles.

Nas construções artísticas – pinturas, instalações, desenhos e vídeos que documentam suas performances, – realizadas entre outubro de 2019 e dezembro de 2021, a artista fez uso de fios e traços, tintas e linhas, rasgos e costuras, gestos e olhares, para, dialeticamente, frisar e esgarçar as barreiras e limites impostos pelas forças do capital.

Mais de 360 histórias de vida

A mostra “Diário 366” exibe as páginas do diário do artista Bruno Novaes e objetos que compõem seu novo trabalho, um projeto colaborativo onde a documentação de sua história pessoal se mistura com a de voluntários, em um processo que se estendeu por um período de quatro anos.

O projeto teve início com registros diários feitos pelo artista no ano bissexto de 2016, usando diferentes linguagens, como texto, desenho, colagem e fotografia. Em seguida, os participantes escolheram datas e receberam as páginas correspondentes do caderno, digitalizadas em forma de cartão-postal. Estes colaboradores responderam com o envio de itens que comentavam o motivo da escolha por aquele dia, criando uma relação de troca de confidências com o artista.

Todo esse processo foi documentado em um grande calendário, onde Novaes fez o controle das devolutivas por meio de aquarelas dos itens recebidos. A mostra, além de apresentar as pinturas dessa catalogação anual, as páginas do diário do artista e todo o acervo recebido, também abrigará o lançamento do livro homônimo, premiado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura Aldir Blanc.

Entre as motivações para as participações, as escolhas das datas misturaram aspectos individuais e íntimos com acontecimentos culturais e coletivos, resultando em um arquivo que coloca objetos ordinários, trabalhos de arte, documentos pessoais e lembranças afetivas em um mesmo plano. Assim, criou-se um diário que, além de servir como instrumento para o conhecimento de si, se tornou uma narrativa coletiva das memórias, afetos e histórias de vida de mais de trezentas pessoas.

Longas cartas contando sobre experiências pessoais, fotografias, documentos e outros objetos estão entre os itens recebidos, que muitas vezes chegaram sem explicações. Entre eles uma certidão de óbito, que levanta perguntas sobre como aconteceu tal perda. De modo geral, os itens que chegaram acabam por exigir o uso da imaginação para que se tente deduzir ou mesmo ampliar seus significados, o que confere ao livro um caráter simultâneo de documentação e narrativa de ficção.

Serviço

Exposição “Sobre Sub Solo”

Artista: Andrea Mendes

Curadora: Sônia Fardin

Quando: de 9/junho a 29/julho

Visitação: de terça a sexta-feira

Horários: das 9h às 17h

Onde: MACC – Museu de Arte Contemporânea de Campinas

Endereço: Av. Benjamin Constant, 1633 – Centro, Campinas

Instagram: @sobresubsolo

  • Há ainda o agendamento guiado para educadores, que pode ser feito pelo e-mail

sobresubsolo@gmail.com ou pelo telefone / WhatsApp 11 95055-8779 (Paula Pimenta)

Exposição “Diário 366”

Artista: Bruno Novaes

Quando: 9/junho a 29/julho

Visitação: de terça à sexta-feira

Horários: das 9h às 17h

Onde: MACC – Museu de Arte Contemporânea de Campinas

Endereço: Av. Benjamin Constant, 1633 – Centro, Campinas

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