Inteligência Artificial ganha destaque na tendência para 2024/Imagem divulgação
Os usos e recursos da inteligência artificial (IA) têm pautado discussões ao redor do mundo sobre como será o trabalho no futuro a partir das novas tecnologias. No entanto, o relatório World of Work Trends 2024, divulgado pelo Top Employers Institute, autoridade global na excelência das práticas de Recursos Humanos, presente em 122 países e regiões, incluindo o Brasil, revela que embora a IA “apoie e otimize” rotinas e processos nas empresas, o componente humano, a diversidade de perfis e opiniões, a inclusão e a equidade são cada vez mais cruciais nas estratégias de negócios e na tomada de decisão dos melhores empregadores do mundo. “Vemos esta tendência global bastante desenvolvida também no Brasil”, observa Gustavo Tavares, gerente regional para a América Latina do Top Employers Institute.
A pesquisa “Melhores Práticas de RH do Top Employers Institute”, que originou o World of Work Trends 2024, ouviu 1.860 profissionais de empresas certificadas pelo Top Employers em todo o mundo.
Em 2023, o relatório destacou como prioridades nas organizações a cultura de alto desempenho, o desenvolvimento de novas capacidades de liderança e o alinhamento de propósitos e valores. Em 2024, de acordo com o gerente regional do Top Employers Institute, o World of Work Trends indica que a continuidade da digitalização dos processos de RH será uma realidade “principalmente em aspectos relacionados à melhoria contínua de indicadores em reputação corporativa, e a racionalização de custos e investimentos. As empresas que conseguirem conciliar essas frentes com as novas tecnologias terão uma clara vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes”, afirma.
Entre as principais tendências apontadas pelo relatório para o próximo ano está o “empoderamento por meio da IA”. Até 2026, 100 milhões de pessoas contarão com a inteligência artificial para realizar trabalhos. Porém, equilibrar as eficiências oferecidas pela IA e a experiência do profissional, sem que o trabalho perca o sentido para ele, será um desafio para as lideranças de RH, indica o levantamento. Outro aspecto considerado na pesquisa é a necessidade de manutenção da conexão “humano-humano”.
De acordo com Gustavo Tavares, nos últimos anos, as empresas certificadas como Top Employers no Brasil vêm claramente priorizando o componente humano como diferencial competitivo, “não só em suas iniciativas de RH, mas principalmente em estratégias de negócios”.
“O futuro definido com propósito”, também apontado como tendência no World of Work Trends 2024, apresenta vários recortes e reflexões. No entanto, a “empatia”, merece destaque especial. Apontada pela geração Z, como a segunda característica mais importante de liderança, a empatia é critério de confiança no líder em quase quatro em cada cinco entrevistados (79%) e representa um aumento de 32% na comparação com resultados de relatórios anteriores, realizados desde 2019. A empatia, expressa o levantamento 2024, requer um diálogo genuíno de mão dupla. “Os líderes devem ouvir mais, uma vez que os funcionários esperam uma voz autêntica em decisões importantes”, destaca o documento.
Como terceira tendência, “diálogo para a transformação” mostra que entre as organizações que orquestram diálogos significativos, a possibilidade de colher melhores benefícios é ampliada. Dados compilados pelas empresas Top Employers indicam que “quase todas as práticas de RH que incentivam o envolvimento dos colaboradores nas decisões estratégicas ajudam a impulsionar as métricas de sucesso nos negócios.”
Com relação aos Top Employers brasileiros, Tavares observa o bom desempenho em temas pertinentes a Ética, Valores, Propósito, Ambiente de Trabalho e Organização e Mudança. Embora haja um esforço global das organizações, incluindo as nacionais, em se alinharem às práticas ESG, o gerente regional afirma que o Brasil ainda deixa a desejar em questões consideradas críticas para o sucesso das iniciativas em RH. “Podemos citar Marca Empregadora, Bem-estar, Remuneração e Recompensa, e Gestão de Saída.”
A tendência “evolução da eficácia do bem-estar” vem acompanhada de um dado relevante: 95% dos entrevistados consideram que o bem-estar é um imperativo econômico fundamental. Para estabelecer uma ponte sobre o “abismo das necessidades dos funcionários e a prontidão organizacional”, empregadores Top Employers vêm recorrendo a dados para entender o movimento do “ponteiro do bem-estar dos colaboradores além de suas boas intenções.”
“Ampliar o horizonte do DEI”, outra tendência relevante no World of Work Trends 2024, indica que no próximo ano o restrito mercado de talentos crescerá, à medida que os empregadores derem oportunidades a candidatos “não tradicionais”. Na disputa por talentos, aponta o relatório, 34% das organizações estão se tornando mais abertas a candidatos mais velhos; 27%, a profissionais que regressam após responsabilidades de cuidados de longa duração; 27%, a quem segue uma carreira não linear; 26%, a quem regressa de um desemprego de longa duração; 11%, a pessoas com antecedentes criminais. O RH, destaca o levantamento, “tem aprendido a integrar mais estreitamente o DEI em seu cotidiano”. “Fica bastante evidente esta evolução quando avaliamos iniciativas de DEI nos Top Employers mais preocupados em viabilizar o sentido de pertencimento do que em preencher cotas”, destaca Tavares.
Em linhas gerais, observa o gerente regional do Top Employers Institute, 2023 se mostrou um ano mais desafiador que o esperado para a maioria das empresas. No Brasil, avalia, questões específicas como layoffs, a dificuldade para a atração de certos perfis de talentos e o dilema sobre trabalho remoto versus presencial deixaram marcas nas iniciativas implementadas pelos Top Employers. “Ainda que temas como DEI e bem-estar sejam tópicos que vêm apresentando melhores desempenhos de forma consistente em diversos outros países, constatar a crescente humanização das práticas de RH nas empresas certificadas tem sido um grande alento ao longo dos últimos anos, especialmente no pós-pandemia”, conclui Gustavo Tavares.