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Vacinas estão disponíveis nos Centros de Saúde de Campinas_Crédito: Rogério Capela/PMC
Febre amarela em Campinas: com estratégia domiciliar, Secretaria abordou quase 7 mil pessoas no período de 10 dias e manterá ações deste tipo nas próximas semanas
Balanço refere-se às aplicações realizadas entre 5 e 15 de fevereiro. Vacina contra febre amarela está disponível nos 68 Centros de Saúde de Campinas.
A Secretaria de Saúde de Campinas chegou a 2.071 pessoas vacinadas contra a febre amarela com uso da estratégia de imunização de casa em casa. As doses foram aplicadas em áreas rurais no período de 5 a 15 de fevereiro e o balanço inclui ainda resultados das mobilizações realizadas no último fim de semana no Colégio Pomares e no supermercado Tauste.
Neste período foram abordadas 6.996 pessoas. No grupo das que não receberam a vacina quase todas estavam imunizadas contra a doença, mas foram registradas recusas pontuais.
Vacinação geral
- Imóveis trabalhados: 2.474
- Pessoas abordadas: 6.996
- Pessoas vacinadas: 2.071
Ação de sábado
- Imóveis trabalhos: 1.036
- Pessoas abordadas: 2.499
- Pessoas vacinadas: 733
O número de centros de saúde (CSs) atuando na estratégia domiciliar passou de 11 para 22 na semana passada, e quatro iniciam até sexta. As unidades participantes são: Carlos Gomes, Jardim San Diego, Vila 31 de Março, Taquaral, Joaquim Egídio, Sousas, União dos Bairros, São Cristóvão, Parque Floresta, Village, Santa Rosa, Barão Geraldo, Jardim Eulina, Jardim Santa Mônica, Parque Santa Bárbara, Jardim Paranapanema, Vila Orozimbo Maia, Vila Ipê, Jardim Esmeraldina, Jardim São Vicente, Jardim São Domingos, Jardim Nova América, Parque da Figueira, Carvalho de Moura, Campina Grande e Jardim São Cristóvão.
Os moradores contemplados pela imunização domiciliar são residentes principalmente de bairros localizados em zonas rurais, com mata ou periurbanas, onde há maior risco de transmissão do vírus.
“A vacinação é a principal estratégia de prevenção e controle da doença, sendo essencial para a proteção da saúde. A atenção deve ser redobrada para aqueles que moram, atuam ou se deslocam para onde o risco de transmissão é maior”, explicou a coordenadora do Programa de Imunização, Chaúla Vizelli.
Orientações para o Carnaval
Quem planeja aproveitar o Carnaval em regiões com risco de transmissão do vírus da febre amarela, incluindo as áreas de Sousas e Joaquim Egídio, em Campinas, precisa garantir que a proteção contra a doença esteja em dia até esta terça-feira, 18 de fevereiro. Isso porque a dose leva dez dias para fazer efeito e o período com mais festas e de pessoas em deslocamento para o feriado prolongado vai de 28 de fevereiro a 4 de março.
O reforço no alerta para imunização é direcionado principalmente aos viajantes, moradores ou frequentadores de regiões onde há possibilidade de circulação do mosquito transmissor, incluindo zonas rurais, áreas de floresta, mata fechada e borda de mata. Além de Campinas, outras cidades de São Paulo e de Minas Gerais já registraram casos da doença.
Reforço em ações e contexto
A medida de reforço na imunização para residentes em áreas de risco e viajantes foi alinhada pela Saúde junto ao governo do Estado e teve início logo após casos confirmados de febre amarela em cidades próximas localizadas em São Paulo e Minas Gerais.
A Pasta encontrou em 20 de janeiro um macaco morto na região do Carlos Gomes que testou positivo para febre amarela. Este animal não é transmissor, mas, sim, vítima da doença. A presença de primatas doentes serve como “alerta” aos órgãos da saúde sobre a circulação do vírus, uma vez que quando contaminados eles dificilmente sobrevivem.
Já em 6 de fevereiro a Saúde confirmou a primeira morte de residente em Campinas provocada por febre amarela neste ano. O caso, único desde janeiro, refere-se a um homem de 39 anos que residia em área rural de Sousas, onde o risco de transmissão da doença é maior.
O óbito ocorreu em 3 de fevereiro e a causa foi confirmada pelo Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, no dia 6. O homem não era vacinado contra febre amarela.
Ele chegou a receber assistência em saúde na cidade de Jaguariúna, onde ficou internado. Na ocasião ele apresentava sinais hemorrágicos e insuficiência renal. A Secretaria de Saúde de Campinas lamenta o óbito e se solidariza com a família.
O caso anterior de humano com febre amarela silvestre contraída em Campinas havia sido de um homem em 2017, que esteve na zona rural da área atendida pelo CS Sousas. O caso evoluiu para cura. Já a febre amarela urbana teve o último caso no Brasil em 1942.
A metrópole também não registrava casos positivos da doença em macacos desde 2019.
A doença
A forma da doença que ocorre no Brasil é a febre amarela silvestre, transmitida pelos mosquitos Haemagogus e o Sabethes, em regiões fora dos centros urbanos. É uma doença grave, que se caracteriza por febre repentina, calafrios, dor de cabeça, náuseas e leva a sangramentos no fígado, no cérebro e nos rins, podendo, em muitos casos, causar a morte.
Vacinação ampliada
A orientação do Programa de Imunização é para que todos os moradores de Campinas, a partir de 9 meses, que ainda não receberam a dose, compareçam aos CSs para aplicação. Vale destacar, porém, que a vacinação é seletiva, ou seja, as pessoas a partir de 5 anos que já tomaram uma dose ao longo da vida não precisam receber outra.
Quem tiver dúvidas sobre já ter recebido ou não o imunizante deve procurar uma unidade básica.
A ampliação da vacinação vale para os seguintes grupos em áreas de risco:
- Crianças de 6 a 8 meses: recebem uma dose durante a ação. Os responsáveis serão orientados para garantirem a vacinação completa, sendo: uma dose aos 9 meses e uma dose de reforço aos 4 anos.
- Pessoas com 60 anos ou mais: a vacinação será realizada dependendo da avaliação do risco relacionado às comorbidades, doenças autoimunes, tratamentos específicos ou uso contínuo de medicamentos que contraindiquem a aplicação da vacina febre amarela nessa faixa etária.
- Gestantes e mulheres que estejam amamentando crianças com até 6 meses: são orientadas a suspender a amamentação por dez dias após a vacinação e recebem as recomendações para extração e armazenamento do leite materno antes da vacinação. Dessa forma o aleitamento neste período pode ser garantido.
“Moradores das áreas urbanas que visitam ou frequentam áreas de floresta, mata fechada, borda de mata e região rural devem receber uma dose dentro dos critérios de ampliação de vacinação”, explicou a enfermeira Cíntia Bastos, do Programa de Imunização de Campinas.
Antes desta medida, o esquema de rotina já ocorria da seguinte forma:
- Crianças: 1 dose com 9 meses e 1 dose de reforço aos 4 anos.
- A partir de 5 anos, adolescentes e adultos: uma dose. Quem não tiver comprovante ou certeza de que já recebeu o imunizante, e se não houver registro em sistema do SUS Municipal, deve receber nova vacina.
Em 2024, a cobertura ficou em 83,6%, abaixo da meta de 95% orientada pelo Ministério da Saúde. Este percentual ainda está sujeito a revisão, mas neste momento é superior aos índices de 2023 e 2022, quando foram contabilizados, respectivamente, 82,8% e 70,9%.
As salas de aplicação da dose funcionam conforme horário de cada centro de saúde. Os endereços e contatos estão no site: https://vacina.campinas.