Jornal de Campinas

Livro analisa as revelações que as paisagens sonoras trazem sobre o meio ambiente

Capa do livro O som em volta: da música à ecologia da paisagem/Divulgação

Combinando suas paixões por ciência, tecnologia e música, os pesquisadores da FITec – Fundação para Inovações Tecnológicas -, Giovanni Moura de Holanda e Jorge Moreira de Souza, analisam como as paisagens sonoras revelam informações ong>essenciais sobre o ambiente e sobre nós mesmos. O resultado está no livro “O som em volta: da música à ecologia da paisagem”, que foi lançado na primeira quinzena de junho pela Livraria Pontes, em Campinas (SP).

A obra convida a refletir sobre as conexões entre música, paisagens sonoras e ecologia, explorando como os sons que nos cercam ajudam a entender o ambiente e a nós mesmos. Neste ensaio, os autores compartilham conceitos e impressões – construídas a partir de evidências e estudos transdisciplinares – para promover reflexões sobre a confluência repleta de desdobramentos históricos, científicos e culturais entre música, paisagens sonoras e ecologia, decifrando as informações que essa sonoridade traz sobre o ambiente. O livro tem como base o projeto de desenvolvimento de um sistema de inteligência artificial capaz de avaliar condições de degradação ambiental no Semiárido brasileiro, com base em informações acústicas da paisagem. Batizado de Escutadô, o projeto teve como ferramenta principal um gravador que permite o monitoramento acústico contínuo do ambiente por meio da escuta da paisagem, fazendo o acompanhamento de três fontes de sinais: geofonia (sons da própria natureza, como ventos, chuvas, trovões etc.), biofonia (sons da fauna, como pássaros, animais, insetos, anfíbios, entre outros) e os efeitos da antropofonia (interferência do ser humano no ambiente, incluindo conversas, máquinas e barulho dos carros, por exemplo). As informações climáticas (umidade, temperatura e índices pluviométricos) também são coletadas por uma estação meteorológica.

“O monitoramento, coleta e geração de informações permitem a criação de uma base de dados do meio ambiente. A partir desses dados são desenvolvidos os algoritmos de inteligência artificial que, no futuro, permitirão avaliar as mudanças ambientais do Semiárido em tempo real, possibilitar a identificação de possíveis degradações e facilitar a tomada de decisão para a realização de medidas de contenção ou redução dos efeitos do clima e da interferência humana no ambiente”, explica Giovanni Holanda, coordenador científico do projeto pela FITec. Na publicação, os autores abordam desde a música inspirada pelos sons do mundo físico até a música que emerge do interior do ser humano, além de discutir o papel das paisagens sonoras como fontes de informações ambientais que precisam ser interpretadas.

Sobre os autores

Giovanni Moura de Holanda é pesquisador líder e cientista de dados na FITec, onde atua em projetos relacionados à inteligência artificial, ecologia de paisagens sonoras, mudanças climáticas e metodologias de análise. Residente em Campinas (SP), é também pesquisador associado do BI0S – Brazilian Institute of Data Science e coautor do livro “Sentimento da Inteligência Artificial” (Editora Pontes). Jorge Moreira de Souza, também da FITec, é consultor técnico com mais de 40 anos de experiência em pesquisa. Doutor e pós-doutor em automática e informática pelo Centre National de la Recherche Scientifique (França), atua em confiabilidade, modelos sistêmicos e estatística avançada. Além de suas atividades técnicas, é arranjador, compositor e integrante do grupo coral Madrigal In Casa, e atualmente exerce a vice-direção do BI0S.

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