
Campanha foca na prevenção ao suicídio/Divulgação
Campanha nacional alerta para os sinais de risco e reforça a importância do cuidado com a saúde mental
Setembro chega com a cor amarela iluminando prédios e monumentos como parte da mobilização nacional pela prevenção ao suicídio. A campanha, que ocorre desde 2015 no Brasil, busca quebrar tabus, abrir espaço para o diálogo e incentivar o cuidado com a saúde mental. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos. No Brasil, o número médio é de 14 mil casos anuais. Em Campinas, dados do Ministério da Saúde apontam que, apenas em 2022, foram registrados 142 óbitos por suicídio, uma média de quase 12 casos por mês. Já em todo o estado de São Paulo, o número ultrapassa 3.000 registros por ano, o que reforça a urgência do tema.
Para a professora Roseli Filizatti, coordenadora do curso de Psicologia do Centro Universitário Unimetrocamp Wyden, falar sobre suicídio é um passo essencial na prevenção. “A psicologia entende que o sofrimento psíquico intenso pode levar a pessoa a acreditar que não há saída. Por isso, quando abrimos espaço para a escuta e oferecemos apoio, ampliamos as possibilidades de cuidado e de ressignificação da vida.”
O olhar da psicologia sobre o suicídio
A psicologia reconhece o suicídio como um fenômeno multifatorial, ou seja, não existe uma causa única. Ele está relacionado a uma combinação de aspectos biológicos, psicológicos e sociais. Entre os fatores de risco mais observados estão:
Transtornos mentais como depressão, transtorno bipolar e abuso de substâncias;
Histórico de tentativas anteriores, que aumenta significativamente o risco;
Vivências traumáticas e situações de violência;
Fatores sociais, como isolamento, desemprego e dificuldades econômicas.
“É importante lembrar que, embora fatores de risco existam, eles não determinam o comportamento suicida. A rede de apoio, o acompanhamento psicológico e o acesso a serviços de saúde mental são recursos protetivos que podem salvar vidas”, explica a professora Roseli.
A prevenção também passa pela promoção da saúde mental no cotidiano. A psicologia enfatiza a importância do autocuidado (como sono regular, lazer, exercício físico e vínculos saudáveis), mas também aponta a necessidade de políticas públicas de acolhimento e do fortalecimento das redes comunitárias.
Principais sinais de alerta
Isolamento social repentino;
Alterações significativas no sono ou no apetite;
Perda de interesse por atividades antes prazerosas;
Expressões frequentes de desesperança ou inutilidade;
Comentários sobre morte ou desejo de desaparecer.
“Identificar os sinais é um passo importante, mas o mais essencial é não minimizar o sofrimento do outro. Escutar sem julgamentos e encaminhar para ajuda especializada são gestos que podem fazer toda a diferença”, reforça a coordenadora do curso de psicologia da Unimetrocamp Wyden.
Como buscar ajuda
Procurar atendimento psicológico ou psiquiátrico;
Conversar com pessoas de confiança e ativar a rede de apoio;
Em momentos de crise, ligar para o CVV (Centro de Valorização da Vida) pelo 188, disponível gratuitamente 24h por dia;
Em casos de risco iminente, acionar imediatamente serviços de emergência, como o SAMU (192).
Para Roseli, a campanha Setembro Amarelo é um convite para quebrar tabus e promover uma cultura de cuidado coletivo. “A prevenção ao suicídio começa quando enxergamos a saúde mental como parte essencial da vida. É preciso ensinar, desde cedo, que pedir ajuda é sinal de força e que todos nós podemos ser agentes de apoio na vida de alguém.”