Jornal de Campinas

Agosto verde claro reforça a conscientização sobre os linfomas

Dra. Jamille/Arquivo Grupo SOnHE

Os cânceres que atingem o sangue estão entre os 20 mais comuns no Brasil

Franciele Guinami dos Santos tinha apenas 28 anos quando foi diagnosticada com um Linfoma de Hodgkin clássico. A suspeita de um problema cardíaco veio como uma sequela da COVID-19, e foi descartada após uma consulta com um médico especializado. A coceira no corpo e o aumento dos gânglios no pescoço indicavam a necessidade de uma biópsia, que comprovou o estágio 3 da doença.  Desde então, já são dois anos de tratamento. “O diagnóstico assusta, mas saber que a doença tem cura, é muito importante”, conta a paciente. Franciele é uma das mais de três mil pessoas que são diagnosticadas com o Linfoma de Hodgkin todos os anos no Brasil e agosto foi o mês escolhido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para conscientização sobre a doença.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), os linfomas não-Hodgkin (LNH) são o nono câncer mais comum na população, principalmente mais velha. São estimados cerca de 12.040 novos casos para cada ano do triênio de 2023 a 2025. No Brasil, famosos já foram diagnosticados com o LNH e tiveram sucesso no tratamento. Dilma Rousseff, Edson Celulari, Reynaldo Gianecchini e Glória Perez são exemplos. Recentemente, o cantor Jorge Aragão foi diagnosticado com a doença, dando início ao tratamento. Já o linfoma de Hodgkin (LH), caso da Franciele, ocupa a 20ª posição entre os tipos de câncer mais frequentes, sendo mais identificado entre adolescentes, adultos jovens e idosos.

Os linfomas são um tipo de câncer que se originam no sistema linfático, composto por linfonodos e tecidos que produzem as células (linfócitos) responsáveis pela defesa do nosso organismo, por meio da produção de anticorpos e vasos linfáticos, que conduzem essas células pelo corpo. Os linfomas provocam o crescimento desenfreado dessas células. Jamille Cunha, hematologista do Grupo SOnHe, grupo de oncologistas e hematologistas de Campinas-SP, explica que o surgimento dos linfomas está relacionado à vulnerabilidade do sistema imunológico do paciente. “Algumas doenças hereditárias, autoimunes, ou até mesmo uso de drogas imunossupressoras e infecções virais, como o HIV, são potenciais fatores de risco para os linfomas”, diz a médica.

Sintomas

Os sintomas são bastante característicos e, de maneira geral, se manifestam com nódulos aumentados no pescoço ou virilha, possível ocorrência de febre, suores noturnos, emagrecimento, cansaço e coceira no corpo. Conforme os locais acometidos, podem ainda apresentar tosse, falta de ar, dor no peito, aumento do volume abdominal e lesões cutâneas. O diagnóstico requer a realização de biópsia, com a retirada do tecido para análise microscópica das características.

Tratamentos

Com relação ao tratamento, o LH na maioria dos casos, é uma doença curável apresentando uma taxa de cura de mais de 85%. O tratamento clássico é a poliquimioterapia (múltiplas drogas) com ou sem radioterapia associada. Franciele adotou dois protocolos diferentes, mas só teve sucesso no terceiro, com o transplante de medula autólogo. “O momento mais difícil desde o diagnóstico da doença, foi perceber que o meu organismo não respondeu ao primeiro protocolo. Bate a insegurança, por isso, a fé sempre precisa ser maior”, pontua a paciente.

Já o tratamento dos LNH pode ser feito com quimioterapia, imunoterapia, radioterapia, terapias-alvo (substâncias que bloqueiam proteínas ou moléculas envolvidas no crescimento das células cancerígenas) e o transplante de células hematopoiéticas. Para Lorena Bedotti, hematologista do Grupo SOnHe, ações como a do agosto verde claro são fundamentais para levar conhecimento e confiança à população. “O tratamento de linfoma está avançado e, quando o diagnóstico é feito nos estágios iniciais da doença, as chances de cura são muito grandes”, explica a médica. Por isso, a conscientização é tão importante.

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