Associada ao fortalecimento do sistema imunológico do organismo, a vitamina D vem chamando atenção das pessoas neste período de prevenção e combate ao coronavírus (Covid-19).
Não é possível afirmar que o déficit de vitamina D esteja associado ao desenvolvimento do novo coronavírus, pois não existem estudos sólidos e conclusivos baseado em evidências científicas para a comprovação. O que podemos garantir é: a vitamina D é importante para a saúde de todas as pessoas.
Nutriente ativado na pele e nos rins, a vitamina D tem funções essenciais no corpo humano, como por exemplo, a formação e manutenção dos ossos e dentes, absorção de cálcio e fósforo pelo intestino, auxílio na produção de músculos e fortalecimento dos sistemas imunológico e cardiovascular.
Nos últimos anos, observou-se que uma grande parcela da população mundial (adulta e infantil) apresenta níveis baixos de vitamina D, o que pode favorecer a disfunção de uma série de processos no organismo, sendo a hipovitaminose, muitas vezes reconhecida clinicamente por repetidas infecções, fadiga e cansaço, dores ósseas e musculares, quadros depressivos e dificuldade na cicatrização de feridas.
A transformação da vitamina D em seu componente mais potente ocorre na pele após a exposição à radiação ultravioleta tipo B, a mais associada também ao desenvolvimento de certos cânceres da pele. É importante ressaltar que essa radiação pode ser bloqueada pelos vidros das casas e dos carros no dia a dia.
O sol é responsável por 80% a 90% de tudo que temos desse composto. Um adulto precisa de 5.000 a 10.000 unidades de vitamina D por dia, quantidade que é impossível de ser reposta com a ingestão de alimentos que contém a vitamina, como atum, sardinha, ovos, fígado, iogurtes e manteiga, por exemplo.
A SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) recomenda que se conheçam os níveis individuais de vitamina D e a reposição oral seja feita com acompanhamento médico. Assim como incentiva a exposição direta de áreas cobertas como pernas, costas, barriga, ou ainda palmas e plantas, por 5 a 10 minutos todos os dias, a fim de sintetizar vitamina D, sem sobrecarregar as áreas cronicamente expostas ao sol.
O fototipo também interfere no tempo para absorção de vitamina D; peles mais claras tendem a necessitar de menos tempo de exposição solar do que peles morenas para adquirirem as quantidades necessárias da vitamina D.
O horário de maior absorção da radiação solar para obtenção de vitamina D é das 10-15hr. Embora seja um pouco delicado sugerirmos que se exponha ao sol nesses horários, pois aumenta bastante o risco de cânceres de pele, envelhecimento e outras lesões decorrentes de exposição solar, é preciso ponderar que em caso de tempo pequeno de exposição em áreas específicas (citadas acima), os benefícios prevalecem aos riscos.
Embora o filtro solar diminua a absorção da vitamina D, nós dermatologistas recomendamos o uso nas áreas expostas sempre, deve ser FPS no mínimo 30 e repassado a cada 3 horas. Uma solução seria sair de casa sem o protetor e passar alguns minutos depois.
Devemos sempre abordar cada caso como único, e se necessário, o paciente poderá fazer a suplementação de vitamina D oral por cápsulas ou gota, sempre acompanhado por seu médico.
Autora: Dra Anelise Dutra é médica dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. É sócia da Dermatologia Unique, clínica especialista em tratamentos para a pele.