Espetáculo de dança cacunda_adna/crédito: Beto Assem
O espetáculo de dança contemporânea Cacunda, o que carregamos nas costas? está em cartaz sábado (24/8), às 19h, e domingo (25/8), às 17h, no Auditório da Casa de Cultura Tainã, em Campinas (SP). A entrada é gratuita. Importante: a sessão de domingo contará com audiodescrição com Bruna Tonso.
Vale destacar que a encenação do espetáculo, indicado ao Prêmio APCA na categoria Criação/Coreografia e ganhador do Prêmio Denilton Gomes de Dança na categoria Dança/Ancestralidade – Interior, integra o projeto contemplado pelo Edital de Fomento 01/2023 – Demais Áreas – da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Campinas (SP), com recursos da Lei Complementar nº 195/2022 (Lei Paulo Gustavo).
Com criação e interpretação de Adnã Ionara, que também assina a direção artística ao lado de José Teixeira, Cacunda se destaca pela relação de sintonia entre dança e música. “Desde o processo criativo, mesmo que em constante laboratório, nunca foi estabelecido qualquer tipo de hierarquização: o estímulo, ora em corpo, ora em som, engajava e fundamentava a presença e a resposta da outra linguagem. Embora grande parte do processo tenha acontecido de maneira intuitiva, foi estabelecido que essa relação, além de ser pilar de sustentação do trabalho, deveria ser cultivada para transparecer em cena”, destaca a artista.
Ao mergulhar no tema ancestralidade, Cacunda traz à tona as danças que a protagonista cultiva em seu corpo. “Eu me forjo e retorno constantemente nas ‘sabenças’ e funduras das danças afrodiaspóricas, sobretudo das danças de terreiro. Porém, também sou um corpo com formação em balé clássico e tantas outras técnicas. Cabe, então, dizer que Cacunda é um espetáculo de dança que contempla o gênero contemporâneo, pois cria, recria e reedita realidades, sejam elas reais ou ficcionais”, explica.
Não por acaso, torna-se ainda um grito bailado contra qualquer tipo de intolerância relacionada às manifestações artísticas afrodescendentes. “Desejamos fortalecer a presença de artes negras no contexto da cidade, ou melhor dizendo, de mais negras perspectivas de produções de leituras de mundo. Além disso, queremos evidenciar e possibilitar mais caminhos de fazer e pensar dança, somando ao sacudimento e ao questionamento das engessadas estruturas e estéticas normativas”, pontua Adnã.
Na cena, ao lado da intérprete, estão os músicos Yandara Pimentel e Otavio Andrade (tambores e percussão) e Marcelo Santhu (contrabaixo). Quem assiste ao espetáculo aprecia as canções Engasga Gato/Casa Barata, do álbum Padê, de Juçara Marçal e Kiko Dinucci, e A Morte de Elesbão, composição de Marcelo Santhu.
E qual desejo o espetáculo gostaria de aflorar no espectador? Adnã responde: “O desejo de que o trabalho, de alguma maneira, resvale, toque, encoste em quem assiste e o faça sentir, mesmo que por poucos instantes, algo a partir do tamanho de sua história e de sua experiência de mundo”, finaliza.
A sinopse
Cacunda, palavra de origem quimbundo, substantiva a curvatura acentuada nas costas, geralmente acometida como consequência da idade, abaulando o corpo. Dorso. É aquela que protege, dá abrigo, proteção. Dor. Lê-se como quem lança pragas, desejando o mal pelas costas. Nos terreiros, cacunda é Cacurucaia, entidade mais velha na seara da umbanda. Cacurucaia, mulher velha e ranzinza, é poeira que baila na curva do tempo, riscando seu ponto num encontro entre passado-presente-continuidade, aplacando a bonança e infortúnio para aqueles que a procuram. Trata-se de uma dança que mobiliza o tempo e suas curvas, questionando e celebrando o peso que carrega a existência.
A bailarina
Adnã Ionara é artista das artes da cena. Graduada em Dança e mestra em Artes da Cena pela Unicamp, deu início aos estudos na dança quando criança no terreiro de sua avó. Em 2021, compôs a programação da 12ª Bienal Sesc de Dança com o trabalho solo Imalẹ̀ Inú Ìyágba. De 2021 a 2023, com o solo, circulou com apresentações por 7 unidades do Sesc. Em 2023, o espetáculo integrou a programação do Sesc Palco Giratório 2023, circulando em turnê por 6 estados do país. No mesmo ano, com o trabalho Cacunda, compôs a programação do projeto Música, Letra e Dança do Sesc Pompéia.
Ainda em 2023, compôs a programação da 13ª Bienal Sesc de Dança. Em 2024, compôs a programação do Circuito Sesc de Artes 2024, do Feverestival e do Palco Sesc (Poços de Caldas). Ainda em 2024, apresentou nos Sescs Araraquara e São Carlos. Em 2023, o trabalho foi indicado ao Prêmio APCA na categoria “criação/coreografia” e ganhador do Prêmio Denilton Gomes de Dança na categoria dança/ancestralidade – interior.
Saiba Mais
O quê: Espetáculo Cacunda, o que carregamos nas costas?
Quando: sábado (24/8), às 19h, e domingo (25/8), às 17h
Onde: Auditório da Casa de Cultura Tainã (Rua Inhambu, 645, na Vila Padre Manoel de Nóbrega, em Campinas | SP)
Quanto: Entrada gratuita
Informações: @casataina