Rafael Cervone/Foto: Roncon & Graça Com_Divulgação
Resultado do PIB reforça urgência de política industrial, afirma Rafael Cervone
“Em meio à boa notícia do crescimento de 1,9% do PIB nacional no primeiro trimestre deste ano em relação aos três meses imediatamente anteriores, anunciado pelo IBGE na quinta-feira (1/06), duas informações são preocupantes: a queda de 0,1% da indústria e de 3,4% dos investimentos”, analisa Rafael Cervone, presidente do Ciesp. Para ele, os dados apontam a persistência de problemas como a insegurança jurídica, que intimida o aporte de capital em atividades produtivas, e a baixa competitividade do parque fabril, causada também – e principalmente – pelos ônus do “Custo Brasil”.
O empresário defende a aceleração da reforma tributária, que “precisa, necessariamente, corrigir a distorção referente à indústria, que paga mais do que os outros ramos”. Hoje, representa 11,3% do PIB, mas arca com cerca de 30% do bolo total de impostos, sendo um deles, o IPI, um amargo ‘privilégio’ da manufatura”. Além disso, o Brasil carece de uma política eficaz para o fomento e aumento da competitividade do setor, pois isso proporcionaria melhores condições para um crescimento mais expressivo e sustentado do PIB, considerando ser ele um grande gerador de empregos, provedor de tecnologia e inovação e responsável pelos salários mais elevados.
“O que desejamos é uma política de longo prazo, um projeto de Estado e não de governos, para alinhar nosso parque fabril aos mais modernos e competitivos do mundo”, enfatiza Cervone. Nesse sentido, ele cita o documento “Diretrizes Prioritárias – Governo Federal 2023-2026”, elaborado pelo Ciesp e a Fiesp, no qual são elencadas as medidas para o avanço do setor, a começar pela redução da vulnerabilidade das cadeias produtivas críticas às crises externas.
É necessário dinamizar encomendas tecnológicas e o poder de compra do Estado, aprimorar a regulação e atrair investimentos em tecnologia. É fundamental, ainda, ampliar acordos de cooperação internacional, acelerar a transição à Indústria 4.0, promover o desenvolvimento produtivo e tecnológico de fornecedores e startups e criar instrumentos de fomento das médias, pequenas e microindústrias.
“Definir uma agenda de investimento, como se percebeu nos números do PIB do primeiro trimestre hoje anunciados, é outra demanda premente para a política industrial, que também deve contemplar a redução do custo e mais acesso ao crédito para financiamentos produtivos”, salienta Cervone, destacando, neste último aspecto, o papel relevante que cabe ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Para o Brasil ter protagonismo global congruente com seu porte como país e economia, não podemos prescindir de uma indústria forte e competitiva, fator crucial para elevarmos o padrão de renda, melhorarmos sua distribuição e promovermos um grande fluxo de inclusão”.