
Hemocentro da Unicamp/Foto: Arquivo JC
Dia Mundial do Doador de Sangue, celebrado em 14 de junho, reforça o apelo para que a doação seja um hábito entre as pessoas, contribuindo para que mais vidas sejam salvas
Basta esfriar um pouquinho para que as doações de sangue caiam drasticamente nos hemocentros de todo o Brasil. Em Campinas, o Hemocentro da Unicamp estima queda de 30% das doações no mês de junho e isso muito se deve ao frio e à proximidade com as férias de julho. E é, justamente, por isso que o mês ganha o reforço da campanha Junho Vermelho e do Dia Mundial do Doador de Sangue, celebrado em 14 de junho, para sensibilizar as pessoas sobre a importância da doação de sangue, que é um gesto de amor e salva vidas e, por esse motivo, deve ser um hábito.
Doar sangue é muito simples e nos últimos 5 anos se tornou uma ação ainda mais abrangente, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por maioria, que impedir a doação de homens que fazem sexo com homens violava os princípios de igualde sendo, portanto, considerada uma regra discriminatória. Por meio desta decisão, a Anvisa atualizou a RDC nº 34/2014, que regulamenta a doação de sangue no Brasil, não impondo restrições à doação baseada na orientação sexual ou identidade de gênero, priorizando uma triagem individualizada, com foco no comportamento de risco.
Jamille Cunha, hematologista do Grupo SOnHe, explica que essa decisão foi um marco importante que mais pessoas pudessem ter acesso e contribuir as doações. “A triagem individualizada é necessária, prudente e permite que mais pessoas que tenham vontade de ajudar possam contribuir. É uma quebra de paradigma, uma vitória importante para a sociedade”, comemora a hematologista.
Estão aptas a doar sangue pessoas entre 16 e 69 anos, que pesem mais de 50 quilos. Antes da doação, é fundamental que a pessoa tenha realizado uma refeição leve nas últimas 3 horas e evitado o consumo de álcool 12 horas antes. Embora as regras para a doação de sangue estejam mais flexíveis, os hemocentros registram bastante oscilação no estoque ao longo do ano, o que faz com que a campanha Junho Vermelho seja um reforço necessário para uma necessidade diária, como explica Isabella Constantini, hematologista do Grupo SOnHe. “É importante lembrar que todos os dias os hospitais recebem pessoas para cirurgias de emergência e que precisam de bolsas de sangue. Por isso, a doação precisa ser contínua, para que haja esse equilíbrio, especialmente nos grandes centros, como Campinas, que recebe diariamente pacientes de toda a região”, reforça a hematologista.
A oscilação no estoque atinge todos os tipos sanguíneos. Os mais comuns na população, A+ e O+, também os mais utilizados em urgências, emergências, reservas cirúrgicas e pacientes oncohematológicos e os tipos O- e AB+ podem ser frequentemente escassos, por serem mais raros. Por isso, o apelo é generalizado, para que as pessoas sejam sensibilizadas com a necessidade da doação. “É um ato de amor que salva vidas e é um processo simples, que vai exigir uma entrevista, para a triagem, e a doação em si. É muito importante e necessário”, reforçam Jamille Cunha e Isabella Constantini.


Como funciona a triagem?
– Toda pessoa que pretende doar sangue passa por uma triagem clínica confidencial, na qual é questionada sobre comportamentos que podem aumentar o risco de infecções transmissíveis pelo sangue.
– Os critérios de inaptidão temporária ou definitiva se aplicam a qualquer pessoa, independentemente de ser hetero, homo ou bissexual.
– Ter tido múltiplos parceiros sexuais sem uso consistente de preservativo nos últimos meses pode deixar o doador inapto, assim como ter tido parceiro(a) sexual com infecções sexualmente transmissíveis recentes.
– Ter feito sexo em troca de dinheiro ou drogas ou o uso recente de drogas injetáveis pode impedir a doação.
– Outros critérios clínicos, como viagens, doenças ou cirurgias também podem deixar o doador inapto.
Quem doa para quem:
Tipo O: As pessoas do tipo O negativo (O-) são consideradas as doadoras universais e os estoques desse tipo são importantes em centros cirúrgicos de trauma, por exemplo. Pessoas com esse tipo sanguíneo só recebem de outros que sejam O negativo.
Tipo A: Pessoas com esse tipo sanguíneo podem doar para outras que também sejam A ou AB, respeitando sempre o RH positivo ou negativo. Recebem do tipo A e O.
Tipo B: Pessoas com esse tipo sanguíneo podem doar para outras que também sejam B ou AB, respeitando sempre o RH. Recebem do tipo B e O.
Tipo AB: As pessoas do tipo AB positivo são consideradas receptoras universais, porque podem ser contempladas com todos os outros tipos sanguíneos. Já os do tipo AB negativo, são importantes na manutenção das propriedades presentes nesse tipo sanguíneo.
Onde doar em Campinas:
- HEMOCENTRO – Unicamp – Rua Carlos Chagas, 480 – Cidade Universitária | “Zeferino Vaz” | Barão Geraldo – Campinas-SP.
- HEMOCENTRO – Hospital Municipal Dr. Mário Gatti – Av. Prefeito Faria Lima, 340 – Pq. Itália – Campinas-SP.
- Posto Sumaré – Hospital Estadual de Sumaré- Av. da Amizade, 2400 Jardim Bela Vista – Sumaré – SP.
- Centro de Hematologia Campinas Av. Júlio de Mesquita, 571- Estacionamento Gratuito: Av. Benjamin Constant, nº 1916, Cambuí – Campinas-SP.