O Brasil está prestes a atingir a marca de 500 mil médicos. Segundo levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), há precisamente 499.764 profissionais da medicina em atividade no País atualmente (dados de 29 de outubro). Concentrando 28,50% do total de inscrições ativas em solo brasileiro, São Paulo é o Estado que possui a maior quantidade de médicos: ao todo, são 142.227. Embora o número seja expressivo (razão aproximada de 2,37 médicos por mil habitantes), o País sofre com uma grande desigualdade na distribuição da população médica entre regiões, estados, capitais e cidades do interior. Analisando o cenário, não é difícil constatar que a má distribuição de profissionais não resulta de um suposto desinteresse dos médicos, que até chegam a migrar para essas regiões. O que se observa é a falta de infraestrutura básica em algumas regiões, o que expõe um enorme abismo na saúde do Brasil. Com a pandemia de Covid-19, os profissionais de saúde têm demonstrado o seu grande valor, embora efetivamente pouco se faça para reconhecê-los. Só para se ter uma ideia da fragilidade mental dos profissionais da linha de frente, apenas 14,2% deles sentem-se preparados para lidar com o novo coronavírus, segundo pesquisa do Núcleo de Estudos da Burocracia (NEB), da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas. A maioria (64,97%) respondeu não estar apta para trabalhar na pandemia. O restante não soube responder. Para falar mais sobre o assunto, coloco à disposição Raul Canal, especialista em Direito Médico e Odontológico, presidente da Anadem (Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética) e autor das obras “O pensamento jurisprudencial brasileiro no terceiro milênio sobre erro médico” e “Erro médico e judicialização da medicina”. “O Brasil precisa urgentemente melhorar as condições de infraestrutura de saúde e trabalhar numa melhor distribuição de profissionais, dando a eles o suporte que precisam. Assim como o SUS (Sistema Único de Saúde), esses profissionais precisam ser protegidos e valorizados, além de ter corrigida em suas deficiências a infraestrutura de atendimento na qual atuam. Muitas das vezes, são essas falhas estruturais que os impedem de prestar um atendimento mais adequado e humano aos pacientes, uma vez que precisam lidar com a falta de tudo. Neste momento em que a saúde é prioridade no mundo todo, temos uma chance inigualável de aprofundar o debate”, analisa Canal. |