Pnad mostra que a taxa diminuiu, contudo o combate ao analfabetismo deve ser firme e contínuo
Segundo a mais recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de analfabetismo no Brasil teve uma discreta melhora, saindo de 6,8%, em 2018, para 6,6%, no ano passado. Este novo índice foi retratado por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Educação. Mesmo com a diminuição, que representa aproximadamente 200 mil indivíduos, o país ainda conta com 11 milhões de pessoas que não sabem ler e escrever. De acordo com o IBGE, analfabetos são cidadãos que têm 15 anos de idade ou mais e eles não conseguem formular nem pequenos textos.
Para Adriana Beringuy, analista deste estudo, o analfabetismo atinge as pessoas mais idosas, pois os jovens, atualmente, estão mais escolarizados e, com isso, têm um indicador menor. Embora o índice de analfabetos tenha melhorado, o analfabetismo ainda se faz presente, revelando uma triste herança brasileira de exclusão social.
A alfabetização significa não apenas as competências e habilidades da leitura, escrita e cálculos matemáticos, mas, também, avançar nas dimensões sociais, econômicas, políticas do país e seus impactos, de modo a combater a exclusão social, econômica e cultural dos sujeitos que necessitam trabalhar, e deixam os estudos de lado pela sua sobrevivência. Na visão da professora de Pedagogia do Centro Universitário UniMetrocamp, Silvia Cristina Salomão, “o analfabetismo limita a inclusão do sujeito na vida social e o compromete em seu desenvolvimento pleno no exercício de sua cidadania, pois as demandas do mundo contemporâneo exigem, de forma cada vez mais complexa, o domínio da leitura e da escrita, inclusive no mundo tecnológico.”
“O Centro Universitário UniMetrocamp parte do pressuposto de que os graduados estão em contínuo processo de letramento, uma vez que trabalham em todos os semestres com os mais diversos textos e problemáticas referentes ao tema de cada disciplina, promovendo sempre o debate, a análise, resenhas e seminários que formam e desafiam os alunos, desenvolvendo-os como futuros professores numa perspectiva humanizada e de modo a ampliarem suas visões de si, do mundo e do outro”, conclui a professora.
Mais informações sobre a pesquisa do IBGE:
A boa notícia do órgão é que, ao longo do tempo, a taxa está baixando. Em 2016, por exemplo, tínhamos 7,2% de analfabetos no país. Entre aqueles com 60 anos ou mais, a pesquisa registra queda e o índice atual de analfabetos é de 18%. Em 2018 eram 18,6% e 20,4%, em 2016. A luta contra o analfabetismo ainda é bem grande e uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE), Lei 13.005/2014, que estabelece o que deve ser feito para melhorar a educação no país até 2024, que vai do Ensino Infantil até a pós-graduação. Esta lei, estabelecia que, em 2015, o Brasil deveria alcançar a meta de 6,5% de analfabetos com 15 anos ou mais, sendo que, em 2024, a taxa deverá zerar.
A pesquisa diagnosticou ainda desigualdades raciais e regionais na alfabetização em nosso país. A taxa de analfabetismo dos brancos é de 3,6% (com 15 anos de idade ou mais), enquanto o índice de analfabetos da população parda e preta chega a 8,9%, segundo os dados do IBGE. Lamentavelmente, a taxa aumenta entre as pessoas que tem 60 anos ou mais: 9,5% dos brancos e 27,1% dos pretos e pardos não sabem ler e nem escrever. Ela chama a atenção porque essa diferença representa um percentual três vezes maior. Com relação às regiões do país, a pesquisa realizada entre as pessoas com 15 anos ou mais, o cenário é o seguinte: o Nordeste tem o maior percentual de analfabetos, 13,9%; o Norte, 7,6%; o Centro-Oeste, 4,9%; e as regiões Sul e Sudeste têm as menores taxas, 3,3%. Já entre os que têm 60 anos ou mais, as taxas são de 37,2%, no Nordeste; 25,5%, no Norte; 16,6%, no Centro-Oeste; 9,7%, no Sudeste; e 9,5%, na região Sul do Brasil. Vale registrar ainda que o Nordeste foi a única região que apresentou um leve aumento da taxa de analfabetismo no período entre 2018 e 2019, entre os jovens, o índice foi bem discreto 0,03 ponto percentual, já entre os mais velhos a variação foi de 0,33 percentual.