Jornal de Campinas

Programa Mar sem Lixo retira 32 toneladas de resíduos de oceanos e manguezais de SP

O Mar sem Lixo tem como objetivo prevenir e combater a presença de lixo no oceano, buscando a conservação do ambiente marinho protegido pelas Áreas de Proteção Ambiental (APAs) marinhas e pelas Unidades de Conservação (UCs) costeiras e insulares. O lixo no mar, além de poluir as águas e causar danos aos animais marinhos, provoca também riscos à saúde humana devido à liberação de substâncias químicas que se acumulam nas cadeias alimentares, contaminando mexilhões, ostras e outros animais consumidos pelo homem.

 

O programa teve início em Cananeia, Itanhaém e Ubatuba e em novembro de 2023 foi expandido para Bertioga, Guarujá e São Sebastião. Atua com quatro componentes fundamentais: pagamento por Serviços Ambientais (PSA) aos pescadores, que capturam resíduos durante a atividade de pesca artesanal; realização de ações educativas; geração de dados e informações para pesquisa científica e formulação de políticas públicas; e captação de parcerias e patrocínios para aumentar a escala, alcance e sustentabilidade do programa.

 

No eixo de PSA, estipula a remuneração dos pescadores por meio de cartão-alimentação, com valores mensais de até R$ 653. Esses beneficiados atuam nos municípios atendidos, abrangendo as APAs marinhas do Litoral Sul, Litoral Centro e Litoral Norte. De junho de 2022 a outubro de 2024, 255 pescadores cadastrados no Mar sem Lixo receberam R$  339.457 no total. O número de cadastros só na segunda fase do programa, quando o número de cidades atendidas passou de três para seis, aumentou 40,8%, de novembro de 2023 a outubro de 2024.

 

A renda pelo serviço é ainda mais importante no período de defeso, quando a pesca de camarão fica proibida devido à reprodução desses crustáceos. Como os pescadores estão proibidos de exercer atividades de arrasto de camarão, foram realizados mutirões de limpeza em manguezais e ilhas. Nessas operações, os pescadores receberam R$ 70.485 pelas 13,2 toneladas de materiais coletados. Neste ano, o defeso ocorreu de 28 de janeiro a 30 de abril.

 

Quanto aos subsídios para pesquisa e políticas públicas, o programa levantou os seguintes dados: numa profundidade média de 32 metros, 94% dos resíduos sólidos coletados no fundo do mar correspondem a itens plásticos. Além disso, também foram coletados itens feitos de materiais como vidro, metal, borracha e tecido. Entre os materiais frequentemente encontrados, 67% são de itens fragmentados, dos quais 97% são compostos por plásticos. As embalagens de alimentos representam 63% do total coletado, especialmente pacotes de alimentos industrializados.

 

Os resíduos recicláveis mecanicamente representam parcela muito pequena do total do lixo entregue pelos pescadores, de apenas 8%. Isso se dá pelas condições de degradação características dos resíduos removidos do fundo do mar, que acompanham a pesca de arrasto de camarão.

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