Jornal de Campinas

SindusCon-SP pontua o que a construção deve esperar para 2024

Yorki Estefan, presidente do Sinduscon/Crédito: Roncon&Graça

Previsão de crescimento do setor está mantida, mesmo com dificuldades como preço dos materiais e escassez de mão de obra, afirma o SindusCon-SP 

 

As perspectivas para o desempenho da economia e da construção neste ano foram analisadas na Reunião de Conjuntura do SindusCon-SP, conduzida em 7 de fevereiro por Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia, com a participação de Yorki Estefan, presidente da entidade. Está mantida a previsão de crescimento da construção, embora com solavancos como aumentos dos preços dos materiais e escassez de mão de obra qualificada.

 

Para Zaidan, vive-se uma época em que a macroeconomia parece razoavelmente arrumada, porém a recuperação dos empregos é muito baseada em salários baixos e pouca produtividade, especialmente nos comércios e serviços. O bom resultado da balança comercial ainda está muito baseado na indústria do petróleo e no agronegócio, com preços sempre sujeitos a flutuações externas. Entretanto, segundo o vice-presidente, a situação fiscal segue delicada, o governo pretende enfrentá-la, porém enfrenta resistências, ocasionando um baixo investimento na produção.

Trabalhador na construção civil/Divulgação

 

Já o presidente do SindusCon-SP, Yorki Estefan, manifestou preocupação com novas pressões de alta de preços dos materiais de construção, a concentração da produção no mercado do cimento e o crescente déficit das contas públicas.

 

Expectativas otimistas

 

 Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), analisou em sua apresentação que em 2024 o FGTS manterá o orçamento para a habitação. O financiamento da Poupança deve apresentar ligeira queda em termos reais. Os investimentos em infraestrutura devem ter aumento real de 7%.

 

Segundo a economista, as sondagens da construção da FGV realizadas em dezembro mostraram que mais da metade das empresas têm expectativas positivas em relação a este ano. No caso da construção, essas expectativas mostraram-se mais fortes no setor de infraestrutura e menos nos serviços especializados. Entre os principais fatores para tanto estão a expansão dos negócios e o aumento das receitas. Como limitações aos negócios, figuram demanda insuficiente, preços elevados dos materiais e escassez de mão de obra especializada.

 

Desta forma, permanece a estimativa da FGV Ibre de crescimento de 2,9% do PIB da construção. Agora em janeiro, aumentos de preços de agregados, do cimento, do concreto e do bloco de concreto estão sendo informados à Fundação e deverão aparecer mais adiante no INCC. A economista informou que, em função do maior investimento em infraestrutura, a indústria cimenteira espera crescer 2% em 2024 e anunciou investimentos para o aumento da capacidade de produção.

 

Conjuntura Econômica

 

 Robson Gonçalves, professor da FGV, observou que, além da baixa taxa de investimento, outros fatores influenciam para a expectativa de desaceleração da taxa de crescimento do PIB em 2024 (1,6%, segundo o Boletim Focus), como corrupção e polarização política.

 

Entretanto, observou o economista, há sinais de que o crescimento possa ser maior, próximo a 2%, tais como: investimentos no setor automobilístico, elevações no emprego e na arrecadação, continuação da queda dos juros, desinflação global e a melhora de percepção de parte do empresariado em relação à atuação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

 

O professor afirmou que a desaceleração da economia chinesa tem baixado os preços internacionais das commodities. Já fatores como safra menor no Brasil poderão impactar os preços dos alimentos. Entretanto, o cenário internacional ainda mantém incertezas derivadas das atuais conflagrações, que podem trazer surpresas ao longo do ano, ressalvou.

 

Gonçalves lembrou que o agravamento das contas públicas ocorreu no governo Bolsonaro. E comentou que o esforço de ajuste fiscal do governo Lula mira apenas no aumento da receita e não na diminuição das despesas. Isso, a seu ver, pode gerar grandes dificuldades para os próximos governos. Ana Castelo lembrou que o Congresso também contribui para o desequilíbrio das contas. E defendeu que a indústria da construção atue para que os recursos das emendas parlamentares sejam canalizados a obras inacabadas de relevância.

 

Nos debates que se seguiram, Zaidan comentou que uma eventual expansão do tamanho do mercado da construção poderia atrair novos fabricantes de materiais, reduzindo a concentração em alguns segmentos. Eduardo Capobianco, representante do SindusCon-SP na Fiesp, sugeriu que o setor também discuta formas de enfrentar a elevação de preços, como a importação de materiais.

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