Jornal de Campinas

Moradora de Campinas volta ao Brasil após conquistar o topo do Everest

Aretha Duarte/Foto: Gabriel Tarso/ Divulgação

A campineira Aretha Duarte ganhou o mundo ao alcançar seu objetivo de ser a primeira mulher negra latino-americana a chegar ao cume do Everest. Após vencer 8.848 metros na vertical e superar 15.197 quilômetros de um trajeto em uma linha horizontal, a montanhista está de volta ao Brasil. Ela viajou em voo fretado pelos membros da expedição que levou cinco brasileiros ao chamado teto do mundo. Saiu de Kathmandu, no Nepal, na quarta-feira (2) e desembarcou em São Paulo, no aeroporto de Cumbica, para iniciar uma nova fase de sua jornada como ativista socioambiental.
“Quero transformar essa conquista pessoal em possibilidades de inspirar as pessoas e fazer parte de um processo de mudança. Para levantar o dinheiro para essa expedição, trabalhei com reciclagem, e isso envolveu toda a comunidade em torno de uma meta que, no final das contas, é ótima para o meio ambiente. É nisso que eu acredito e vou trabalhar para isso. Já tenho um projeto de um centro de treinamento de escalada na periferia de Campinas, onde moro”, comentou Aretha. Ela complementou: “O Everest é uma vivência rara e eu voltei mais forte e determinada a trabalhar por mudanças sociais, por um futuro melhor. Também voltei diferente no sentido de refletir quantas coisas eu ainda posso melhorar pessoalmente.”

Conquista de um sonho

Aos 37 anos, Aretha é a sexta brasileira a vencer o desafio de escalar os 8.848 metros do Everest. Até 2020, apenas 25 montanhistas do Brasil haviam conseguido chegar ao topo da montanha mais alta do mundo. Até 2021, eram cinco mulheres. Nenhuma negra. Ela chegou ao cume na manhã do domingo (23 de maio), às 10h24, pelo horário nepalês (1h39 da madrugada de domingo no Brasil). De volta ao ao campo base, precisou esperar por quatro dias até o tempo abrir para seguir para Kathmandu, onde chegou no sábado (29). A montanhista tinha embarque para o Brasil previsto para esta terça-feira (1), com chegada na quarta (2), mas os voos estão cancelados em função de lockdown decretado na pandemia. Por isso, os demais membros da expedição fretaram um avião, que fez uma escala em Doha, no Catar, antes de chegar a São Paulo.

Aretha Duarte no Everest/Foto: Gabriel Tarso / Divulgação


Da periferia para o topo do mundo

  Nascida e criada na periferia de Campinas, Aretha é formada em educação física e acumula experiência de uma década no montanhismo e já praticou o esporte em sete países. Já escalou o Aconcágua, na Argentina (cinco vezes), o ponto mais alto fora do Himalaia, e o Monte Kilimanjaro, maior montanha da África, além Elbrus (Rússia), Monte Roraima (Venezuela), Pequeno Alpamayo (Bolívia), Vulcões (Equador), entre outros.

Aretha conheceu a modalidade na faculdade, aos 20 anos, quando um professor da PUC de Campinas quis apresentar esportes outdoor para os alunos do curso de educação física e os levou até a Grade6, operadora de montanhismo. Lá ela entendeu mais sobre como funciona o esporte e se apaixonou. “Fiquei pensando: ‘como nunca tinha ouvido falar neste tipo de esporte antes?'”, contou.

Entusiasmada, Aretha tentou se aproximar da empresa, fazendo cursos de escalada em rocha. Trabalhou de modo eventual em eventos corporativos, para em 2011 ser efetivada. A empresa ia fazer a primeira expedição comercial ao Everest. Carlos Santalena e o Rodrigo Raineri, na ocasião sócios e guias da Grade6, levariam os clientes para a montanha e convidaram Aretha para fazer parte do quadro de funcionários. “Daí em diante, comecei a praticar escalada, trekking e expedições. Em janeiro de 2012 fui pela primeira vez à alta montanha, no Aconcágua. Desde então, ao menos uma vez por ano realizo expedições no pico mais alto das Américas, na Argentina. Estive cinco vezes lá, quatro delas atingindo o cume de 6.962 metros”, finaliza.

Expedição Aretha no Everest

Para viabilizar o projeto Everest, orçado em quase 400 mil reais, a primeira saída encontrada por Aretha foi trabalhar com reciclagem, uma volta a atividade praticada na infância e adolescência. Sua atuação envolveu a família e foi tão intensa que, no final, quase 40% do valor da expedição veio da coleta seletiva. Nesse processo, iniciado em março de 2020, ela se consolidou como ativista ambiental e empreendedora social. Até agora, ela juntou mais de 130 toneladas de resíduos destinados à reciclagem, reuniu cerca de 600 brinquedos usados e higienizados distribuídos no Natal e mais de 1200 livros disponíveis para uma biblioteca comunitária. Ela também implantou a primeira parede de escalada comunitária em Campinas.


Informações:
Site: www.arethanoeverest.com.br/
Facebook: www.facebook.com/aretha.duarte.12
Instagram: instagram.com/aretha_duarte/
Linkedin: www.linkedin.com/in/aretha-duarte-a44420191/?originalSubdomain=br
Youtube: www.youtube.com/channel/UC5k7PFHnf64qRBWeqI1uoSg

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