Jornal de Campinas

Dia mundial da doença de Chagas: apenas 10% dos infectados recebem diagnóstico na América Latina

Inseto transmissor da Doença de Chagas/Divulgação

Porcentagem divulgada pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) mostra dificuldade no diagnóstico e tratamento da doença de Chagas que, somente no Brasil, registrou 3 mil novos casos no período de 10 anos.

 

O dia 14 de abril foi instituído como o Dia Mundial da Doença de Chagas, e dados divulgados pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), ressalta a importância do diagnóstico precoce para tratamento da doença que afeta mais de 6 milhões de pessoas ao redor do mundo, com a maioria dos casos concentrados na América Latina.

 

No Brasil, 3 mil casos foram registrados entre 2010 e 2020. Cerca de 30 mil novos casos e 10 mil mortes são relatados na América Latina a cada ano. O infectologista do Grupo São Lucas, Dr. Luis Felipe Visconde (CRM: 201275/RQE:111506), explica que a transmissão, antes só conhecida por meio da picada de um percevejo popularmente conhecido como “Barbeiro”, teve recente descoberta da possibilidade de ocorrer por via oral.

 

“Isso foi documentado em alguns casos de consumo de açaí e caldo de cana em que, provavelmente, durante o processamento do alimento, o inseto contendo o protozoário foi triturado junto com os alimentos. Nessa situação, a infecção pode apresentar maior gravidade porque a quantidade do protozoário que entra no organismo é muito elevada”, comenta.

 

Ele ainda explica que a infecção pode passar por duas etapas, a forma aguda: marcada por um quadro de febre alta e ínguas pelo corpo, e a forma crônica: fase em que esse protozoário pode se alojar em alguns órgãos (coração, intestino, esôfago) e gerar alterações anatômicas e funcionais com consequências a longo prazo.

 

“A doença tem passado por muitas atualizações, novas condutas e protocolos tem sido propostos. Os pacientes que apresentam a forma crônica, além do seguimento com o infectologista, precisam ter um acompanhamento de outras especialidades, tais como cardiologista e gastroenterologista. O infectologista tem um papel, sobretudo, nos casos de infecção aguda, em que há um remédio específico para o tratamento. Para os casos crônicos da doença, a abordagem envolve medidas de prevenção e cuidado multidisciplinar”, explica.

 

Apesar dos números preocupantes na América Latina, o aumento da mobilidade da população tem levado à detecção da doença em outros países e continentes. Devido aos sintomas da fase aguda serem facilmente confundidos com outras comorbidades, os diagnósticos realizados precocemente são baixos, dificultando o tratamento e até mesmo a possibilidade de cura.

 

Por isso, diante de qualquer sintoma suspeito – sobretudo quem esteve em situação de risco para a doença de Chagas – deve procurar um médico para investigação e tratamento adequado.

 

“As principais forma de prevenirmos a doença de Chagas é através de medidas que reduzam a chance de contato com o protozoário causador da doença. Na zona rural, o percevejo barbeiro se instala em regiões e entulhos e em frestas nas habitações. Assim, garantir uma limpeza adequada do ambiente e investimento em infraestrutura são medidas que podem reduzir a atividade desses vetores e seu contato conosco. Com relação às formas de transmissão oral, o mais importante é evitar o consumo de alimentos de risco como açaí, garapa e sucos de procedência desconhecida”, conclui o infectologista.

 

Infectologista Dr. Luis Felipe Visconde alerta sobre a doença/Foto: Divulgação-Pessoal

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