Núcleo de Cinema de Animação de Campinas/Crédito: Divulgação
O Núcleo de Cinema de Animação de Campinas, referência mundial na produção de filmes animados, completa 50 anos de existência em 2025. Para celebrar este marco histórico, o acervo do Núcleo está sendo digitalizado, um passo importante para preservar décadas de história e torná-las acessíveis ao público e pesquisadores de todo o mundo. O projeto não apenas salvaguarda a memória do cinema de animação, mas também representa um salto de qualidade na preservação e na pesquisa cinematográfica.
“Além de representar a preservação da memória da produção de animação campineira e brasileira, os conteúdos dos filmes tratam da história de personalidades como Carlos Gomes, Guilherme de Almeida e José de Castro Mendes, além das obras desses artistas. Mas precisamos pensar também na preservação dos originais, como os desenhos em papel que foram fotografados para os filmes e até os equipamentos do Núcleo”, explica Maurício Squarisi, cofundador do Núcleo.
Fundado em 1975, o Núcleo de Cinema de Animação de Campinas é o segundo núcleo de animação mais antigo em funcionamento no mundo. Desde sua criação, a instituição desempenhou um papel pioneiro na produção de animações no Brasil, acumulando uma vasta coleção de filmes que marcaram gerações. A digitalização do acervo, que conta com apoio do Museu da Imagem e do Som (MIS), visa preservar e disponibilizar esse material histórico, garantindo que ele possa ser estudado e apreciado por futuras gerações.
Legado e impacto mundial
Com uma trajetória que abrange cinco décadas, o Núcleo produziu filmes que são referência no cinema de animação mundial. “A digitalização vai permitir que o acervo esteja catalogado e disponível para pesquisadores de todo o mundo. Esse serviço também é pioneiro e viabiliza a preservação do acervo do MIS, abrindo novas possibilidades para o tratamento de outros acervos”, afirma Gabriel Rapassi, diretor de Cultura de Campinas.
Além da relevância artística, o Núcleo atingiu milhares de pessoas ao longo de sua história, seja por meio de exibições, oficinas ou festivais. A digitalização permitirá que esse impacto continue crescendo, agora com o acesso online a grande parte de seu acervo. “A próxima etapa é a catalogação e inclusão das informações desse acervo na plataforma Tainacan, que será acessível a pesquisadores de todo o mundo. O processo está previsto para ser concluído ainda no primeiro semestre de 2025”, completa Rapassi.
Perspectiva de futuro
A celebração dos 50 anos também reforça o compromisso do Núcleo com o futuro do cinema de animação. Em um momento em que as tecnologias avançam rapidamente, a preservação da memória cultural ganha ainda mais relevância.
“Estamos estimulando os discípulos do Núcleo a assumirem a continuidade nos próximos 50 anos. Acredito que ficará sob a responsabilidade deles conseguir uma sede física para o Núcleo e organizar o museu com filmes, desenhos originais e equipamentos desses primeiros 50 anos”, comenta Squarisi.
Para Wilson Lazaretti, fundador do Núcleo, a digitalização também é uma oportunidade de adaptação às novas tecnologias. “Hoje, quase qualquer pessoa pode ter acesso aos instrumentos para fazer animação. Usamos a tecnologia para facilitar a produção e economizar recursos, mas sempre com o cuidado de preservar o traço próprio do artista e o desenho animado autoral, que deve ter a alma de quem o produz”, explica.
Conexão com o público
A digitalização não apenas resgata o passado, mas projeta o Núcleo para o futuro, reafirmando seu papel como referência mundial no cinema de animação e democratizando o acesso às suas obras para as próximas gerações. “Com esse processo, estamos garantindo que as futuras gerações possam conhecer a história do Núcleo e, mais do que isso, continuar se inspirando para criar suas próprias animações e projetos artísticos”, conclui Wilson Lazaretti.
Jornal de Campinas
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