A primeira Black Friday brasileira do “novo normal”, nesta sexta-feira, dia 27, deve registrar maior participação nas compras online, consumidores muito atentos e lojistas mais conscientes. Na 11ª edição da famosa liquidação anual norte-americana por aqui, muitos erros do começo foram superados e as expectativas são mais realistas. Mas, mesmo em tempos de pandemia, a adesão dos clientes às promoções deve passar dos 68% registrados em 2019. A análise é do professor e coordenador dos cursos de Negócios do Centro Universitário UniMetrocamp, Alberto Guerra, mestre e pesquisador sobre varejo e consumo e autor do livro “Black Friday no Brasil”.
“Pesquiso a Black Friday desde 2015 e a cada ano que passa o percentual de aderentes só aumenta, conforme indicam nossos estudos acadêmicos e as pesquisas de mercado”, comenta Guerra. “Os ‘maus varejistas’ ou aqueles menos informados entenderam que não vale a pena tentar enganar o cliente, pois hoje existem tantas ferramentas de comparação e histórico de preço dos produtos que seria muito ingênuo tentar algo assim”, diz. “Por outro lado, o consumidor brasileiro entende melhor que Black Friday não são produtos de última geração a preço de banana, e o que espera encontrar são vantagens de verdade, com preços melhores do que os praticados anteriormente”, destaca o especialista. “Este ano, com toda essas situação de pandemia, as compras online devem aumentar consideravelmente, tanto pelo maior índice de pessoas adquirindo produtos e serviços pela internet, como pelo receio de possíveis aglomerações nas lojas físicas”, acredita.
Experiência
Apesar da maior experiência com a megaliquidação, o professor do UniMetrocamp alerta que continuam válidos os cuidados para quem pretende aproveitar as ofertas. “É preciso pesquisar bem e com antecedência, além de ficar atento às formas de pagamento disponíveis”, ensina. “Boa parte do comércio concede descontos extras entre 5 e 12% para a aquisição à vista, em dinheiro ou no boleto, então, vale a pena pechinchar e tentar chegar ao melhor valor, considerando ainda a cobrança do frete”, recomenda. “Os consumidores também têm os mesmos direitos em relação aos produtos comprados como em qualquer época do ano”, adiciona. “Então, mesmo que sejam ofertados artigos de mostruário, ou seja, que estavam em exposição na loja e podem ter sido manuseados, sendo por esse motivo vendidos a um valor menor, se vierem com defeito o lojista deve fazer a troca”, avisa. “Já a troca apenas porque a pessoa se enganou na hora de escolher o item ou não gostou do modelo, apesar de ser muito comum no varejo, não é obrigatória, mas sim uma liberalidade do lojista”.
Orientação aos comerciantes
Já para os comerciantes, a orientação do especialista é considerar em suas promoções os tipos de mercadorias com maior demanda. “Durante a Black Friday, duas categorias de produtos são as mais procuradas, os utilitários e os chamados hedônicos”, enumera Guerra. “Os primeiros são de uso contínuo e compra frequente, que o consumidor tem o preço de referência na mente, como por exemplo sabão em pó, fralda e cerveja”, detalha. “Os últimos são artigos de ‘sonho’, geralmente de tíquete médio mais alto, como máquinas lava e seca, celulares e roupas de grife, que o cliente não compra com frequência, mas tem um grande desejo de acessar ou substituir por um mais avançado”, informa. “É importante os comerciantes apresentarem descontos vantajosos e competitivos, além de profundidade de estoque, nesses dois tipos de produtos, caso contrário o consumidor ficará frustrado, achando que a promoção não é de verdade”, avalia o especialista. “Em complemento, itens que não são planejados pelos clientes, como cintos, acessórios, suportes, serviços de instalação/garantia e produtos de ticket médio mais baixo em geral são uma grande oportunidade de venda adicional, com uma margem mais saudável”, acrescenta. “Muita gente aproveita a Black Friday para descobrir e experimentar novos produtos com preços mais acessíveis”.
Medidas sanitárias
Para as lojas físicas que estarão abertas, nunca é demais lembrar que esta edição exigirá novos procedimentos de segurança sanitária , com processos de higienização e distanciamento entre os clientes para evitar aglomerações e filas excessivas. “É recomendável deixar 100% do quadro de funcionários disponível, garantindo assim uma loja organizada e um clima agradável para reduzir os riscos e os atritos da maratona de compras dos consumidores”, finaliza Guerra.