A indústria da região de Campinas fechou o primeiro semestre de 2019 com saldo de 2,7 mil demissões, o pior dos últimos dez anos, de acordo com a série histórica iniciada em 2003. No mês de junho foram fechados 1,3 mil postos de trabalho. Esses números fazem parte das Pesquisas Nível de Emprego, Sondagem Industrial e Balança Comercial Regional, apresentadas para a Imprensa, nessa terça – 23 de julho, pela Regional Campinas do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).
Para o diretor em exercício do Ciesp-Campinas, José Henrique Toledo Corrêa, esses números negativos registrados no nível de emprego da indústria regional, refletem um momento ainda de expectativa em relação ao ritmo de andamento das reformas. “O momento atual é outro, a reforma da Previdência andou e agora teremos a Tributária, para a melhorar essas expectativas, junto com outros sinais do mercado, como a possibilidade de um PIB anual um pouco melhor”, acrescenta Corrêa.
Para compor esse quadro de perspectivas um pouco mais positivas, o diretor do Ciesp-Campinas cita, após 20 anos de negociações, o anúncio do acordo Mercosul – União Europeia, reunindo 730 milhões de consumidores, com um PIB agregado de US$ 21,2 trilhões – quatro países do Mercosul e 28 países da União Europeia. Esse Tratado liberaliza o acesso mútuo aos mercados de bens, serviços e compras governamentais, além de trazer entendimentos importantes referentes a barreiras não tarifárias e regulação, em temas sanitários, fitossanitários, técnicos, propriedade intelectual e meio ambiente, entre outros.
Sondagem Industrial –
Especificamente sobre o acordo Mercosul-UE, na Sondagem Industrial do Ciesp-Campinas, 47,83% dos respondentes afirmaram que esse acordo exigirá aceleração nos processos das reformas trabalhista e tributária, para dar competitividade às indústrias da região. Para 26,39%, vai beneficiar as exportações para a Europa. Para 13,04% vai ‘inundar o Brasil de produtos importados’ e mesmo percentual para os que afirmaram que acreditam que ‘atrairá investimentos internacionais para o Brasil’.
Ao analisar em linhas gerais o acordo Mercosul-UE, o diretor do Departamento de Comércio Exterior do Ciesp-Campinas, Anselmo Riso, afirmou que o anúncio de sua conclusão, “na prática significa que as partes se consideram satisfeitas com os seus termos, em seus aspectos técnicos e de acesso ao mercado”.
Riso explica que isso é apenas o primeiro passo, de um longo caminho a ser percorrido. O próximo será uma revisão legal e tradução para todas as línguas oficiais da UE, para então ser assinado e ratificado por todos os estados membros – Mercosul e União Europeia.
O diretor de Comércio Exterior do Ciesp-Campinas, destaca que no futuro, após a ratificação do acordo, a região por contar com indústrias que tem bases também em diversos países da UE, pode se beneficiar de possíveis operações comerciais entre essas plantas industriais nos dois blocos.
No período de janeiro a junho de 2019, as indústrias da região de Campinas registraram um volume acumulado de exportações de US$ 1,629 bilhão. As importações da região no mesmo período foram de US$ 5,192 bilhões. A corrente de comércio (somatório das exportações e importações) nesse período foi de US$ 6,821 bilhões.