Neurociência

Final do ano faz aumentar a procura pelo neurofeedback, técnica inovadora que promove o treinamento do cérebro para a execução eficiente de atividades, reduzindo a tensão, aumentando o foco e melhorando a tolerância e o estresse
Novo ano, metas renovadas, porém não cumpridas. De acordo com a pesquisa Forbes Health/OnePoll, a duração média de uma resolução de ano novo é de apenas 3,74 meses. O levantamento que envolveu mil entrevistados revela também os objetivos mais comuns: melhorar a forma física (48%), aprimorar as finanças pessoais (38%), cuidar da saúde mental (36%), perder peso (34%) e melhorar a alimentação (32%). Segundo a neurocientista Emily Pires, a razão para não alcançar os objetivos colocados no papel não se justifica pela falta de vontade. “A questão envolve neurofisiologia”, afirma a CEO da BrainsEstar, que tem uma jornada notável de formação em renomadas instituições nacionais e internacionais, como o Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein e Duke University.
“Quando fazemos o planejamento de metas para o novo ano, o cérebro aciona o córtex pré-frontal, uma área responsável por organização, tomada de decisões, foco e autorregulação”, explica. No entanto, diante de metas abstratas, grandes demais ou emocionalmente pesadas, ao invés de foco o cérebro busca recompensas imediatas. “É o famoso ‘vou deixar isso para depois’, enquanto olho o celular, acompanho redes sociais ou me envolvo em tarefas rápidas.”
Metas mal definidas, segundo Emily Pires, também ativam uma região chamada amígdala. “É o centro da ameaça. Mesmo sem perceber, a pessoa começa a se sentir ansiosa e a evitar a tarefa”, diz.
Diante de cada meta, a neurocientista sugere que os objetivos sejam divididos em pequenos passos mensuráveis. Com isso, de acordo com a especialista, o cérebro libera dopamina. “É como se fosse uma microconquista que cria um ciclo de motivação sustentada e aumenta as chances de cumprir o que foi colocado como resolução no papel.”
Como exemplo prático, Emily destaca uma meta bastante comum: ler mais livros no próximo ano. Segundo a neurocientista, colocado desta forma, o objetivo é abstrato demais para o cérebro. “Neurobiologicamente falando, a região do córtex pré-frontal não sabe por onde começar. A amígdala, por sua vez, gera uma ansiedade por entender como algo grande demais e busca tarefas mais rápidas.”
No entanto, quando o “ler mais” passa a ser definido como “ler dez páginas todos os dias”, a instrução entendida pelo cérebro é clara, objetiva e sem margem à ambiguidade. Cada dia de leitura cumprido gera dopamina e o cérebro passa a automatizar a tarefa sem esforço consciente.
Na visão da especialista, cumprir metas não é questão de sorte ou de pura determinação. “Na mensagem central para o cérebro, a meta depende de um córtex pré-frontal forte. Mas para isso, requer uma regulação neuroneural que pode ser treinada por meio de neurofeedback”, afirma.
Como tecnologia inovadora, aplicada na BrainEstar, o neurofeedback trabalha com vários tipos de sinais elétricos que formam as chamadas ondas cerebrais. A CEO Emily Pires destaca que essas ondas estão associadas a várias funções do cérebro humano, como raciocínio lógico e memória. Ocorrências anormais dessas ondas no cérebro podem dar origem a problemas cognitivos e comportamentais, entre os quais se destacam hiperatividade, déficit de atenção, falta de foco, depressão e ansiedade.
Após entrevistas, mapeamento cerebral e análise das ondas cerebrais, a equipe da BrainEstar acompanha e planeja o melhor protocolo de treinamento do cérebro. “Através dessa abordagem inovadora, podemos capacitar o cérebro a reorganizar seus próprios padrões, resultando em melhorias notáveis em diversos transtornos e condições de saúde mental. O neurofeedback tem se mostrado uma ferramenta eficiente e segura, capaz de complementar e enriquecer protocolos de tratamento”, afirma.
No trabalho, o neurofeedback tem proporcionado aos profissionais melhora na concentração, no desempenho e no gerenciamento do estresse. Aplicado a estudantes, resulta em experiências mais produtivas e eficientes de aprendizado. Atletas de alta performance que utilizam o neurofeedback relatam melhor controle emocional e aceleração à reação de estímulos.
Como tratamento a condições diversas, como transtornos neuropsiquiátricos, problemas de saúde mental e cognição, transtornos de sono e dor e reabilitação de movimentos, decorrentes de AVC (acidente vascular cerebral) e outros eventos, o neurofeedback é técnica terapêutica natural eficaz, livre de medicações e não invasiva.
Em Campinas, a BrainEstar concentra sua atuação em duas frentes. “A BrainEstar NeuroLab traz soluções técnicas e científicas para apoiar médicos em diagnósticos diferenciais, por meio de mapeamento cerebral (qEEG) e análise personalizada”, destaca. O núcleo de performance BrainEstar Camp, por sua vez, oferece treinamento com neurofeedback para executivos, atletas, crianças e pessoas que buscam mais foco, clareza e equilíbrio em suas atividades.
O final do ano, segundo Emily Pires, reflete a busca de pessoas interessadas em treinar sistematicamente o cérebro para performar melhor. Na unidade Campinas, destaca, o aumento da demanda já é 50% maior em relação aos dois últimos meses de 2025.
