No momento em que o Brasil experimenta renovada perspectiva de desenvolvimento, a aprovação, em primeiro turno, do texto base da Reforma da Previdência, não apenas celebra o compromisso político com a flagrante necessidade de equilíbrio fiscal, mas, em particular, resgata o otimismo do mercado, acenando na direção de um ambiente de negócios favorável à geração de emprego e renda.
Sem a articulação de uma Reforma consistente, equilibrada e moderna, o Brasil dificilmente conseguirá perseguir uma trajetória de crescimento sustentável, na ordem de 2,5 a 3% ao ano, como tem potencial, revertendo as previsões mais modestas para 2019. Nesse contexto, além de combater a precariedade das contas públicas, a aprovação da Reforma oxigena a capacidade de investimento do Estado em setores estratégicos da economia, onde o país, há décadas, amarga pouca competitividade, como é o caso da infraestrutura e diversos segmentos da indústria. Dados do Banco Central, por exemplo, mostram que se o país passasse a investir 3,2% do PIB em infraestrutura, ao invés de 2%, como é hoje, seria possível aumentar em 1,5% a taxa de crescimento real da economia. Adicionalmente, estima-se que para cada ponto percentual do produto interno aplicado nos principais modais logísticos, mais de um milhão de empregos sejam gerados, o que seria de grande utilidade para enfrentar a realidade do desemprego no Brasil.
É fundamental, portanto, ter presente a relevância central dessa agenda. Estradas, portos e aeroportos eficientes se traduzem em maior produtividade. Energia farta e acessível significa indústria pujante. Ainda na esteira dos desafios, a expectativa é de que o novo sistema previdenciário, somado ao quadro de baixa inflação, juros em queda e boa disponibilidade de financiamento, possa reduzir os efeitos negativos do chamado Custo Brasil, permitindo a transição para uma economia mais sofisticada, aberta ao empreendedorismo, alinhada à quarta revolução industrial e intensiva em mão de obra qualificada.
De modo geral, o novo arranjo macroeconômico, resultante da Reforma, deve ser suficiente para ampliar investimentos públicos e privados não apenas em pesquisa e desenvolvimento, mas, também, na qualificação profissional do mercado de trabalho, no sentido de explorar os benefícios práticos da inovação na cadeia produtiva da indústria nacional.
A Região Metropolitana de Campinas (RMC), pela sua vocação empresarial, sobretudo agora, deve estar bem posicionada, dispondo dos recursos e mecanismos necessários para corrigir distorções e promover as múltiplas oportunidades de negócios que oferece. Mais do que nunca, a competitividade da RMC demandará estreita coordenação entre o poder público e o setor privado, de modo que os atributos de credibilidade e solidez do seu ambiente de negócios estejam acima de interesses eleitorais.
* Juan Quirós é empresário e presidente da SP Negócios, Agência de Promoção de Investimentos e Exportações da cidade de São Paulo.