Jornal de Campinas

Onça encontrada no Hospital pode ter vindo da Mata de Santa Genebra

Filhote deve ter saído de fragmento da Mata


Uma onça-parda entrou na área do Hospital Madre Theodora, no bairro Parque das Universidades, em Campinas, nesta segunda-feira, 22 de agosto, e foi resgatada pelo Corpo de Bombeiros e pela Polícia Ambiental. O animal pode ter saído da Mata Santa Genebrinha, fragmento da Mata Santa Genebra, localizada às margens da Rodovia Zaferino Vaz, próximo à entrada do distrito de Barão Geraldo. 

A possibilidade foi divulgada por Cidão Santos, presidente da Fundação José Pedro de Oliveira (FJPO), que administra a Mata. Ele explicou que a onça-parda precisa de grandes territórios para circular e que o animal que invadiu a área do hospital pode ser um dos filhotes que apareceram em uma filmagem das câmeras da Mata Santa Genebra em 2021. 

“Há grande chance de que seja um dos três filhotes que nasceram na Mata no ano passado. Ele pode ter migrado para aquele fragmento ambiental ao lado da Unicamp, e está vivendo por lá”, afirmou. 

Cidão lembrou a importância da construção de passagens de fauna subterrâneas sob as rodovias que cortam a região para reduzir as mortes de animais por atropelamentos. “Todo mês, cerca de 30 animais são atropelados nas rodovias próximas, como cachorros do mato, onças e macacos, muitos deles ainda filhotes”, afirma.

Cidão também destacou a importância dos corredores ecológicos, que ligam fragmentos de matas, “para que os animais possam circular em toda a região, em áreas isoladas, nas Áreas de Proteção Ambiental de Campinas, nas regiões de Joaquim Egídio, Sousas e Barão Geraldo”. 

Abaixo-assinado

O presidente da FJPO receberá nesta terça-feira, 23 de agosto, na sede da Mata, um grupo de ambientalistas que recolheu 25 mil assinaturas na região de Barão Geraldo em prol da construção das passagens de fauna em trechos de rodovias como os quilômetros 117 e 118 da Rodovia Zeferino Vaz, que registra alto número de atropelamentos.

As passagens permitem que os animais cruzem as estradas em túneis abertos sob as pistas, evitando contato com humanos e veículos “Estamos lutando para que as concessionárias, responsáveis pelas rodovias, construam de uma vez estas passagens, que são de sua responsabilidade”, disse o presidente da Mata. 

“O caso desta onça é um exemplo: os animais circulam. A onça-parda acabou indo para o hospital. Mas poderia ter sido mais um caso trágico de atropelamento, se ela tivesse ido para a estrada”, afirmou. 

O biólogo da FJPO, Thomaz Barrella, que fez fotos do resgate e do momento de soltura do animal pelos bombeiros e polícia ambiental, disse que as onças podem explorar uma área de até 70 quilômetros quadrados durante a vida. “A onça vai circular. A questão é: ela tem como circular de forma segura? Ela tem como atravessar as barreiras físicas que nós criamos, de forma segura? Aí há a necessidade dos corredores, da implementação de passagens de fauna eficientes”, disse Barrella. 

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