Jornal de Campinas

Opinião – A força

Campinas Chapadão

Região em crescimento com muitos eventos de peso

Há certas coisas na vida que não seguem fórmulas exatas. Inclusive todas aqueles que dependem de variantes como princípios de caráter e determinação. Um Médico, com M maiúsculo, é uma delas. Eles não são feitos em série nem tampouco em quantidade infinita.

Anos atrás, mais especificamente em 2014, um post sobre o tema, no Twitter, gerou milhares de visualizações. O autor, Ashish K. Jha, médico e pesquisador da Universidade de Harvard. Sua mensagem chamou demais a atenção por um ponto em especial, o título: “What makes a good doctor, and can we measure it?”

Essa é uma pergunta que ainda suscita debates e opiniões distintas – o que deve se estender por todo o sempre. Entretanto, em meu juízo, a resposta é básica: é fundamental gostar de gente, amar o próximo. 

Já defendi em uma série de artigos que o bom médico deve ser imbuído de firmeza de caráter, de senso humanístico, consciência coletiva, amor à vida. Sabemos que esses atributos não são adquiridos na faculdade. Vêm da formação pessoal, dos valores.

A Medicina ideal não pode em momento algum perder a ternura. O paciente não pode se transformar em um simples número de apartamento, em uma carteirinha de plano de saúde, em uma doença – aliás, essa é outra certeza que reafirmo constantemente.         

Fazer essa reflexão diariamente é essencial. Só assim venceremos vícios que, eventualmente, podem nos distanciar de nossos pacientes.

Sim, ameaças estão à solta no percurso da profissão. Mas somos capazes de derrotá-las, com entrega e cuidado.  

Hoje, mesmo experiente e vacinado pelo tempo, posso dizer que tenho me surpreendido positivamente com os colegas de Medicina. Na pandemia da Covid-19, o contingente de bons profissionais parece crescer diante das adversidades.

Eis a razão de eu vir aqui – nesse espaço privilegiado e nobre do Diário do Grande ABC – render homenagem pública ao médico brasileiro – de forma geral. Sem medo de errar, são eles, juntamente com os demais profissionais de saúde e os jornalistas fundamentais no embate ao SARS-Cov-2, esclarecendo os cidadãos e colocando luz em campo de trevas.

Luzes existem mesmo antes do fim do túnel, é o que venho registrar. Assim, persiste a esperança. Comungo a crença de que venceremos esse momento de xeque à humanidade, minha fé se alicerça no conteúdo e determinação dos bons homens.

O importante é que eles se multipliquem e se imponham. Médicos, jornalistas, enfermeiros, nutricionistas, padeiros, pedreiros, estudantes, que sejamos milhões agindo com correção e de mãos dadas.

Como diz o poeta, amanhã será outro dia, apesar de…  

Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica

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