Jornal de Campinas

Curso gratuito de TI transforma futuro de jovens

Portal oferece mais de 600 vagas de emprego em Campinas e região/Divulgação

Segunda turma iniciada contempla adolescentes de centro de acolhimento de vítimas de maus tratos; empresário que doa computadores e ministra aulas por três meses comemora a contratação de ex-alunos

O Curso para Formação de Profissionais em Tecnologia – Tech4needy Education, voltado para adolescentes em situação de vulnerabilidade social, acaba de iniciar a sua segunda turma em Campinas. Nesta edição, nove jovens entre 13 e 17 anos de três unidades da UNIASEC – Casas Lares – Grandes Pequeninos e Grandes Amigos ganharam notebooks e estão aproveitando as aulas em sistema remoto devido a pandemia.

De acordo com a coordenadora técnica de uma das Casas Lar Marcia Barboza Silva, o curso traz uma postura de responsabilidade e de consciência quanto ao uso da Internet, além da perspectiva de formação. “O curso veio em um ótimo momento, pois devido à pandemia todos estamos aprendendo a ter um novo olhar para o mundo virtual. Os adolescentes estão motivados, empolgados e com o interesse renovado pelos estudos. A maioria dos adolescentes da casa está vivenciando pela primeira vez a oportunidade de fazer um curso como este”, comemora.

Conteúdo

Entre os conteúdos que o Tech4needy Education aborda em 50 horas estão Windows, Word, Excel, Sistema de Gestão Empresarial, Redes Sociais (Instagram e LinkedIn), Redação de Curriculum Vitae, Mural Extraordinário e Mini curso sucesso pessoal e profissional. O curso dura três meses, com encontros semanais. As aulas são 100% virtuais por conta da quarentena e ocorrem todos os sábados até 31 de agosto. Ao final, os jovens concorrem a vagas de estágio e recebem certificado que atesta o aprendizado.

Semente que frutifica

A iniciativa de formatação do curso é do empresário de TI Rodrigo Granja, que aos 13 anos fez o seu primeiro curso de informática e se desenvolveu nesta área, na qual atua até hoje e com sucesso profissional. Ele e esposa Priscila Granja se sentem responsáveis pela inclusão digital de jovens das comunidades da RMC. “Se podemos ajudar a formar cidadãos conectados e capacitados para enfrentar o mercado de trabalho, por que não fazer a nossa parte? A tecnologia está transformando o mundo rapidamente. Queremos que todos possam ser transformados por ela”, justifica o empresário.

Além de Granja, o curso conta com outros três professores voluntários: Thiago Andrade, José Donizete e Mary Chirnev. “Nossa expectativa é que aproveitem a bagagem que o curso oferece e que terminem em agosto com seus curriculuns elaborados por eles mesmos, usando as ferramentas ensinadas”, projeta. O plano de Granja é que o Curso para Formação de Profissionais em Tecnologia apresente quatro turmas por ano.

Há jovens da turma anterior que já estão empregados. O grupo contou com dez alunos e ocorreu na logithink it, empresa do Granja no Cambuí, em Campinas. Mateus Horácio de Jesus, de 16 anos, é um deles e sua única experiência com cursos de informática tinha sido na escola no 5º ano do Ensino Fundamental. “Consegui o meu primeiro estágio por meio do curso e observo que vários processos seletivos exigem conhecimento de informática. No meu trabalho eu lanço relatórios e movimento o estoque e aprendi isso no curso”, conta. Ele completa: “Me tornei uma pessoa mais curiosa e interessada e vi que tenho várias possibilidades de atuação na vida profissional”, comenta, agradecido.

Outro aluno da primeira turma que está empregado é Davi Miranda, de 19 anos. Ele já usava e gostava bastante de computador e quando iniciaram as aulas de ERP (Enterprise Resource Planning, que significa Sistema Integrado de Gestão Empresarial) conheceu novidades que não sabia. “Poder aprender informática num curso gratuito foi muito bom. Nem todo mundo pode pagar e esse conteúdo abre portas”, afirma.

Lorena Scopacasa, de 17 anos, é uma das poucas meninas que se formou na primeira turma. Antes do curso, confessa que não sabia nada de TI e reconhece que as aulas lhe introduziram outros hábitos, um novo vocabulário, abriu-lhe um outro mundo e, o melhor, lhe deu um trabalho, justamente na área da tecnologia. “Estamos no século XXI e, por incrível que pareça, o acesso à educação e à profissionalização de qualidade é cada vez mais difícil para as minorias. Por isso, me agarrei a essa iniciativa e me sinto em passo de igualdade no mercado de trabalho”.

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