Jornal de Campinas

A dama, o vagabundo e suas inversões de papéis pela sociedade

A dama, o vagabundo e suas inversões

Nossas atitudes refletem na sociedade

Por Bárbara Dalcanale Menêses – Vivemos em uma sociedade machista e isso não é nenhuma novidade. Os números de mulheres vítimas de violência doméstica são assustadoramente crescentes. Cada vez mais mulheres sofrem assédio sexual e moral nas empresas e nas ruas. Quando chegam ao poder público clamando por ajuda, mais uma violência.

Violência

A violência vem pelas mãos de conhecidos, desconhecidos e por aqueles quem tem por dever ampará-las. O machismo masculino não é novidade, ele humilha, ele ridiculariza e, sim, ele mata. Porém talvez algo que você não tenha parado para pensar ou não queira admitir, é a existência do machismo feminino que é tão ou mais nocivo. A pior violência que uma mulher pode sofrer é aquela vinda de outra mulher.

Sempre foi nos colocado que a mulher deve ser recatada, se preservar, ter relações sexuais apenas após o casamento, caso contrário ela estará “perdida”. Pensamento tão antigo quanto atual, infelizmente.

Esse pensamento é reproduzido por muitos homens, mas assustadoramente por muitas mulheres. E por mulheres que exigem respeito, que exigem poder transar no primeiro encontro sem serem julgadas, no entanto são as primeiras a julgar. Elis canta:

“MINHA DOR É PERCEBER QUE APESAR DE TERMOS FEITO TUDO O QUE FIZEMOS AINDA SOMOS OS MESMOS E VIVEMOS COMO NOSSOS PAIS”.  ELIS REGINA

Infelizmente se não mudarmos nossa postura, nossas crianças ainda continuarão a repetir os mesmos erros que, escondidos atrás da hipocrisia, brigamos tantos para evitar.

Leia também: Mulheres têm mais risco de sofrer infarto do que os homens

Precisamos reconhecer os avanços, mas sem nos acomodar ao que já foi feito. As mulheres tiveram conquistas ao longo dos anos, pois se uniram por uma causa. E é necessário que assim siga, pois ainda tem muito para mudar. Apesar das conquistas, a mulher ainda recebe os menores salários, ainda é minoria na política e se for negra, lésbica, bissexual, travesti ou transexual encontra mais percalços pelo caminho. Infelizmente para as travestis e mulheres transexuais a prostituição acaba sendo muitas vezes a única opção e ali sofrem todo o tipo de violência e humilhação.

O machismo feminino precisa ser derrubado para que as mulheres de todas as raças, de todas as classes e todas as orientações sexuais e identidades de gênero estejam juntas para enfrentar o machismo masculino e tomar o seu lugar na sociedade. Um lugar onde os salários, as profissões e o sexo não tenham cor, nem gênero.

É fácil reconhecer a bala quando ela vem do outro lado, mas difícil quando é você que dá o tiro. É fácil exigir respeito, difícil é respeitar. É fácil apontar o dedo, difícil é ser apontado. É fácil fazer um belo discurso, difícil é bancar as palavras ditas. É extremamente fácil estigmatizar uma sociedade inteira, difícil é recuperá-la.

Enquanto isso, seguimos em um mundo violento e extremamente feroz para as mulheres, um mundo onde pela linguagem deles e hipocritamente delas também, há muitas “vagabundas” e poucas “damas”, muitos “garanhões travestidos de gentlemans” e poucos “vagabundos”. Permanecendo a doce e poética linguagem da Dama e o Vagabundo apenas para o desenho.

Bárbara Dalcanale Menêses, Psicóloga, Sexóloga e Palestrante.
Especialista em transformar vidas diminuindo sofrimentos e empoderando pessoas através do processo psicoterapêutico.

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