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Rafael Cervone*
O Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de novembro, será celebrado na mesma data do primeiro jogo da Copa do Mundo de 2022, na qual nossa seleção buscará o hexacampeonato. Coincidência feliz e oportuna, pois jogadores brasileiros, inclusive alguns que defenderão nossa seleção nos gramados do Catar, têm sido vítimas de racismo em estádios europeus. Houve, também, tristes episódios em jogos da Libertadores da América e, o que é mais grave, até mesmo em nosso próprio país.
A discriminação e o racismo são inaceitáveis e sua manifestação no futebol ganha proporções gravíssimas, dada a grande visibilidade do esporte em todo o mundo, estimulando atitudes negativas e deseducando as novas gerações. É inadmissível que pessoas sejam tratadas de modo pejorativo e moralmente ofendidas devido à etnia e à expressão de sua cultura, como a alegre coreografia, com a qual alguns de nossos atletas comemoram o momento mágico do gol.
A pauta da diversidade e da inclusão está muito presente e é fundamental para construirmos um ambiente de negócios cada vez melhor. Nas empresas, mais do que nunca, combate-se a discriminação étnica, de gênero, ideológica e religiosa. Pessoas com visão pluralista, tolerantes e capazes de conviver com as diferenças detêm o perfil que se espera no ambiente de trabalho. São valores que procuramos disseminar de modo intenso na indústria paulista, na qual é forte a aderência aos princípios de ESG, sigla em inglês para a governança ambiental, social e corporativa.
O futebol sempre contribuiu muito para o combate à discriminação, pois parte expressiva de seus melhores atletas é constituída por negros, como o rei Pelé, o maior de todos os tempos, e tantos outros jogadores maravilhosos, protagonistas das cinco copas que ganhamos, em 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002. São pessoas que inspiram sonhos e influenciam comportamentos. A contribuição dos afrodescendentes também se expressa em todas as áreas de atividade e na cultura do Brasil.
Numa conjuntura nacional e global em que a discriminação, a negligência ecológica e social e práticas politicamente incorretas afastam investimentos, afugentam consumidores, contrariam os stakeholders e conspiram contra a economia, não há mais lugar para preconceito. A força da economia brasileira na trilha do desenvolvimento está justamente no pluralismo e na diversidade de nossa gente. Esta é a visão da indústria e é assim que edificaremos um país mais próspero e justo.
Que, no Catar, nossos jogadores façam muitos gols, alegrem o mundo com passos de dança e disseminem os bons valores do esporte. Que, com sua arte, confortem o planeta assustado pela guerra e convalescente da pandemia e, se não for pedir muito, nos tragam o “caneco”!
*Rafael Cervone, engenheiro e empresário, é o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).