Com seu timbre de voz marcante, a cantora dá o tom a um vasto repertório de sambas-enredos consagrados para não deixar ninguém parado
Pelo terceiro ano consecutivo, a sambista Bruna Volpi é a cantora convidada da City Banda para comandar o trio elétrico que anima a abertura do Carnaval de rua de Campinas (SP) ao lado de Walbão, Niva e Montone. O bloco, que no ano passado atraiu cerca de 40 mil foliões, ficará concentrado na Praça Arautos da Paz, no Taquaral, no sábado, dia 15 de fevereiro, a partir das 14h.
A City Banda nasceu no City Bar, um dos bares tradicionais de Campinas, em 1994, sob a chancela de cinco amigos – Paulo Lima, José de Oliveira, Edmilson Siqueira, Geraldo Jorge e Tadeu Bertazze. Na maior parte dos seus 26 anos de existência, o bloco desfilou pelas ruas do bairro Cambuí, onde o bar está instalado, puxado por artistas da cidade. Com a adesão cada vez maior de foliões, a apresentação foi transferida há alguns anos para a Praça Arautos da Paz.
Durante o Carnaval, Bruna Volpi faz shows no Tênis Clube de Campinas (dias 16 e 21 de fevereiro), no Clube Valinhense, em Valinhos (dia 22), e no tradicional Bar Brahma, na capital paulista (dia 24). Dona de uma voz poderosa, Bruna Volpi precisou derrubar os estereótipos do gênero para conseguir o respeito como sambista e de sambistas. Dona de cabelo longo e liso com luzes douradas e de grandes olhos verdes, ela teve que estudar e se preparar muito para abraçar as mais profundas raízes do ritmo afro-brasileiro para conquistar o respeito e a consagração nessa família musical. Hoje, no entanto, basta soltar a voz para provar que entende muito bem a força que o ritmo tem.
“Eu sempre fui amante do Carnaval. Dos sambas, da festa em si, dos desfiles na avenida, de toda essa alegria. Sempre me encantei com os puxadores de samba-enredo e confesso que demorei a me imaginar neste lugar, geralmente ocupado por homens. Chega a ser uma alegria eufórica. E puxar os sambas pelo terceiro ano consecutivo já me permite sentir como parte da família City Banda. Eu nasci para fazer o povo pular, sambar e se unir e festejar”, diz.
Muito estudo
Apaixonada pela música brasileira e seus poetas, Bruna traz na bagagem estudos iniciados aos oito anos de idade no Conservatório Carlos Gomes, em Campinas, onde se formou em Música Popular. Fez canto, maracatu e percussão no Conservatório de Tatuí e foi parar na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Passeou pelo teatro, privilegiando os musicais do Grupo Téspis.
Seu primeiro CD, “Retrato”, foi lançado em 2013 e o álbum “Noutra rodada de samba” surgiu três anos depois. No final de 2017, o videoclipe da música “Covardia” – que fala sobre a violência contra a mulher e a lei Maria da Penha e do qual participaram diversas cantoras da região – alcançou 100 mil visualizações no Facebook. Convidada a participar de um programa de TV exibido em rede nacional, Bruna atraiu a atenção do conceituado produtor Arnaldo Saccomani, responsável por sucessos cantados por Tim Maia, Rita Lee e Ronnie Von.
Com a produção do Arnaldo, arranjos de Walmir Borges e uma banda de primeira, Bruna gravou três sambas no Mosh Studios, um dos mais conceituados do Brasil. Uma das canções, “Contrariando a Regra”, do grande sambista Chiquinho dos Santos, deu título a outro CD. O videoclipe está disponível no canal do Youtube de Bruna Volpi e em outras de suas redes sociais. A mais recente gravação foi em dezembro de 2019, um EP, com três músicas – “Pago Pra Ver”, “O Dono da Dor” e “Verdade”, em parceria com Nelson Rufino.