Jornal de Campinas

Campinas implanta nova tecnologia para travessia de cegos no Centro

A tecnologia que cabe na palma da mão e promete transformar os deslocamentos de pessoas com deficiência visual, que circulam pela região central de Campinas, foi apresentada pelo prefeito de Campinas, Dário Saadi, nesta quinta-feira, 22 de abril. Trata-se de um sistema de detecção de presença com sinal sonoro foi implantado pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) em semáforos de dez cruzamentos da Avenida Francisco Glicério, uma das principais vias da região central. A proposta é ampliar a autonomia e a segurança na circulação deste público.

Sua utilização é vinculada a uma tag (uma espécie de controle de acesso para portões eletrônicos). O sinal sonoro é acionado por detecção de presença, a partir da tag, no momento da aproximação da pessoa cega aos semáforos com a tecnologia instalada.

Representando entidades parceiras, três deficientes visuais receberam as primeiras tags e puderam experimentar o novo sistema, no semáforo instalado em frente ao Largo do Rosário.

A secretária municipal de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos, Vandecleya Elvira do Carmo Silva Moro, considerou o dispositivo “uma grande conquista para as pessoas com deficiência, pois proporciona mais autonomia em seus deslocamentos”.

Tag instalada em semáforos/Foto: Manoel de Brito

Entenda o sistema

A Emdec instalou placas eletrônicas e botoeiras convencionais na parte superior das colunas semafóricas, que se comunicam com as tags. Ao primeiro acionamento, o deficiente visual escutará a mensagem “Travessia solicitada, aguarde”. 

Em seguida, é emitido um sinal sonoro, indicando que o pedestre pode iniciar a travessia. O alerta segue o padrão regulamentado pelo Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) e se intensifica ao final do tempo de travessia. 

  A tecnologia foi implantada em cruzamentos da Avenida Francisco Glicério com as seguintes vias: 13 de Maio, Barreto Leme, Benjamin Constant, Bernardino de Campos, General Osório, Campos Sales, Conceição, Ferreira Penteado, Dr. Moraes Salles e Cônego Cipião. O tempo de travessia da pessoa cega é variável, de acordo com as características de cada ponto. 

 Os cruzamentos selecionados oferecem acesso a diversos pontos de interesse, tais como o principal polo de comércio da área central, pontos turísticos como a Catedral Metropolitana e o Mercado Municipal, Fórum Municipal, prestadores de serviço, entre outros. Além disso, os locais permitem a integração com diversas linhas do transporte público coletivo.

Primeiros usuários

A utilização será feita por deficientes visuais previamente cadastrados. Na fase inicial do projeto, a Secretaria Municipal de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos indicará os 50 primeiros usuários das tags. Todos deverão apresentar 100% de perda visual; utilizar, com regularidade, o transporte público coletivo e circular na região impactada.  


A experiência desses primeiros usuários será utilizada para aprimorar o projeto. Ao final da fase experimental, o grupo responderá a uma pesquisa de satisfação, indicando eventuais ajustes. “A pesquisa também definirá expansão do público-alvo e dos próximos pontos a receberem a tecnologia”, completa o presidente da Emdec.
 

Além de facilitar a mobilidade das pessoas com deficiência visual, a estrutura do novo sistema proporciona mais segurança aos equipamentos. Os dispositivos são instalados no interior de caixas, fixadas na parte superior das colunas semafóricas, evitando depredação e atos de vandalismo.  



O sistema também minimiza a poluição sonora para a comunidade no entorno, já que o sinal somente é emitido no momento da travessia do deficiente visual. A tecnologia permite ainda ajustes na altura do som emitido, permitindo a redução no período noturno.  

 

Avaliação do segmento

Os representantes das instituições presentes no evento aprovaram a evolução dos semáforos sonoros. O presidente do Conselho Municipal das Pessoas com Deficiência (CMPD), Benedito Pazinatti, destacou se tratar de “um projeto revolucionário, que amplia as condições de mobilidade para todos nós”.
 
O presidente do Centro Cultural Louis Braille, Benedito João Bertolla, destacou a ampliação da autonomia para o segmento, proporcionada pelo equipamento. “A Emdec está de parabéns por evoluir na questão tecnológica e facilitar as nossas travessias. Estaremos no controle da nossa mobilidade”, disse.
 
“O dispositivo implantado pela Emdec nos dá mais segurança para ir e vir”, destacou Thiago Magalhães, um dos representantes do Instituto dos Cegos.

Já a técnica em orientação e mobilidade do Instituto Pró-Visão, Carolina Fernanda de Oliveira, se mostrou surpresa com o novo sistema. “Não conhecia essa tecnologia, que vai representar mais autonomia e independência para os deficientes visuais”, destacou.

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