Por Sabrina Ferrer |
O suicídio é algo que vem chamando a atenção da sociedade. Não é de hoje que somos surpreendidos com alguns casos, seja de alguma celebridade ou de pessoas que, direta ou indiretamente, estavam próximas a nós. Nestas ocasiões, chocados, a pergunta que insistentemente invade a nossa mente é: Por quê? Segundo as estatísticas, podemos ver o quão importante é abordar esse assunto e compreender a situação. Trata-se, além de uma comprovação do sofrimento individual, de um sério problema de saúde pública. Segundo o mais recente relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 800 mil pessoas cometem suicídio a cada ano – uma taxa de 11,4 para cada 100 mil habitantes. Isso significa um suicídio a cada 40 segundos. A “violência autodirigida”, como o suicídio, é classificada pela OMS e é hoje a 14ª causa de morte no mundo inteiro. E a terceira entre pessoas de 15 a 44 anos, de ambos os sexos. Nossa cultura valoriza a vida em todos os sentidos, haja vista os incontáveis métodos de rejuvenescimento. Daí a morte, mesmo sendo um processo natural, não é bem-vinda porque rompe com o sonho humano de imortalidade. O suicídio, então, é tido como intolerável, nos conduzindo quase sempre a buscarmos uma justificativa para compreender tal ato e amenizar nossa perplexidade. O comportamento intencional de tirar a própria vida é resultado da soma de diversos fatores de origem emocional, psíquica, social e cultural. O indivíduo busca na morte o alívio, uma forma de fugir daquilo que o deprime, que o exclui de maneira insuportável. Existem algumas pessoas que são mais propensas a cometer suicídio, são aquelas com transtornos mentais, depressivos, bipolares, transtornos de personalidade, dependentes químicos e esquizofrênicos. Outras podem estar passando por uma enfermidade, como câncer, HIV, ou mesmo pessoas que sofreram ou sofrem algum tipo de abuso ou bullying. Ou passaram por perdas, seja de emprego, separação, ou até uma exposição da vida íntima na internet. A melhor forma de combater o suicídio é vencer nossos preconceitos e começar a falar desse assunto. Existem muitas pessoas que tem ideias suicidas mas não cometem o suicídio. Nesse processo a pessoa pensa em se matar, às vezes até planeja isso, mas não o faz. O fato de haver um número considerável de pessoas que têm ideias suicidas criou uma crença na nossa sociedade de que quem fala que vai se matar não faz isso. Essa crença não é verdade. A maioria das pessoas que cometem suicídio comentam essa ideia com alguém antes de cometer esse ato. Neste caso, os sentimentos de uma pessoa que fala em se suicidar são minimizados por aqueles que não entendem sobre o assunto ou que nunca sentiram o mesmo. A pessoa que sente vontade de morrer está em um processo de dor tão intenso que não vê outra saída. Na verdade, ela não quer matar a vida, ela quer matar a dor. Há nessas pessoas uma vontade imensa de viver, mas sem a dor, sem o problema. Nesses casos o suicídio pode ser visto como o fim de um longo sofrimento. Essas pessoas não têm encontrado sentido para a vida. Para prevenir o suicídio é indicado que as pessoas escutem aquele que fala em se matar. Preste atenção em mudanças de comportamento, seja para uma tristeza profunda, a perda de vontade de fazer as coisas que a pessoa gostava, e até mesmo uma mudança repentina de humor para a felicidade. Se a pessoa estava muito triste e de repente fica feliz, pode ser que tenha planejado seu suicídio e está assim por se sentir aliviada em poder acabar com a dor. Alguns sinais podem nos ajudar a perceber se o indivíduo está pensando em suicídio. Preste atenção se a pessoa costuma dizer as seguintes frases: “Minha morte seria melhor para todos” ou “Pelo menos vocês não teriam mais que me aguentar”. “Ninguém se importa, mesmo”, “Ninguém entende o que eu sinto” ou “Você nunca entenderá”. “Agora é tarde, eu não aguento mais”, “Não existe mais nada a ser feito” ou “Eu só queria que a dor passasse”. “Eu não tenho razões para viver” ou “Estou tão cansado de viver”. Conversas assim podem ser indícios que o indivíduo pretende cometer suicídio. Não julgue. Se você nunca pensou ou se sentiu como a pessoa não diga como ela deveria se sentir ou o que deveria fazer. Apenas demonstre seu apoio e esforce-se para compreendê-la. Falar que “Não é ruim assim” ou “As coisas vão melhorar” não ajuda em nada e fará com que ela sinta que você não entende ou não está ouvindo. Prefira dizer “Você não está sozinho. Eu estou aqui com você e ajudarei no que for preciso” . Eu não quero que você morra.” ‘Eu me preocupo com você.” Chame a pessoa para fazer algo com você como caminhar, praticar um esporte e qualquer coisa que a ajude a se manter fisicamente ativa. Um diário para a pessoa também pode ajudar. Assim, ela poderá expressar tudo que sente em vez de reprimir as próprias emoções. Se você que está lendo este artigo agora tem ideias suicidas, saiba que existe um caminho para você. Existem estratégias que você pode usar para ajudar a mudar esses pensamentos. A mente de uma pessoa com pensamentos suicidas funciona de forma diferente. É preciso encontrar estratégias para lidar com isso. O uso, de programação neurolinguística, técnicas de mindfulness e meditação podem ajudar, além de um acompanhamento terapêutico intenso para que a pessoa possa se expressar livremente, sem julgamentos e encontrar atividades que lhes proporcione qualidade de vida. Sabrina Ferrer é psicóloga-chefe do FalaFreud. Possui 14 anos de experiência na área de psicoterapia e Gestão de Pessoas. Sua abordagem é baseada na Psicanálise e Teoria Cognitivo Comportamental. Atua em clínicas atendendo adolescentes com questões emocionais, autoconhecimento, adultos com os mais variados sintomas e situações, além de idosos em casos de depressão e falta de motivação. |