Jornal de Campinas

Pesquisa revela queda nos investimentos da indústria e procura por financiamentos

Rafael Cervone_Evento Dia da Indústria/Divulgação

Evento do Dia da Indústria, encabeçado por Ciesp/Fiesp/BNDES/Cebri teve sinalizações de apoio do governo e BNDES sugeriu ‘plano safra da indústria’

Uma pesquisa inédita Fiesp/Ciesp com 500 indústrias mostra que os investimentos no setor devem cair em 2023 em relação ao ano passado e que a dependência de financiamentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico) deverá aumentar.
Os dados foram apresentados pelo presidente do Ciesp, Rafael Cervone, na quinta-feira (25), durante um painel que fez parte das atividades em celebração ao Dia da Indústria, em São Paulo. O evento, encabeçado em conjunto por Ciesp/Fiesp/BNDES/Cebri, contou com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de sua equipe, além de técnicos, lideranças do mercado e diretores das 42 regionais do Ciesp, entidade que representa oito mil indústrias.

Queda no investimento e aumento na procura por financiamentos


De acordo com o estudo, no ano passado, os investimentos representaram em média 5,2% do faturamento de cada indústria, mas neste ano o percentual deve cair para 4,5%. O presidente do Ciesp explicou que já no ano passado, os investimentos já tinham ficado abaixo da média registrada desde 2008, que era de 6,6%. De acordo com ele ainda, os investimentos em equipamentos, máquinas e instalações devem ser os mais afetados, caindo de 3,8% em 2022 para 3% este ano.
Por outro lado, deve crescer a dependência de financiamentos públicos. As empresas ouvidas também declararam que o percentual de investimento com origem em financiamentos subirá de 4,5% para 9,7% em relação ao faturamento.

“Acreditamos que a reindustrialização é essencial e urgente para superarmos os desafios e alcançarmos o futuro próspero para o nosso país. Esperamos claramente do governo uma política de estado, de longo prazo, com o olhar nos legítimos interesses da sociedade e do país”, disse Cervone durante a cerimônia de abertura do evento. Ele lembrou ainda que até os anos 80, a indústria representava 20% do Produto Interno Bruto, mas que hoje este percentual chegou a 11,3%.

‘Plano Safra’ da Indústria

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, sinalizou positivamente às demandas da indústria durante o evento. Ele lembrou que o setor é importante para o país na criação de empregos, na geração de valor agregado, além de trazer pesquisa e inovação.
Mercadante anunciou recursos na ordem de R$ 40 bilhões nos próximos quatro anos para que as indústrias possam financiar seus projetos de inovação com juros de 1,7% ao ano.
O presidente do banco ainda defendeu subsídios para o setor e disse que isso tem sido uma realidade em países como EUA e China, que mantêm um foco na competitividade industrial.
“Nós precisamos de um plano safra para a indústria. Não me venha falar de plano ‘safrinha’, precisamos de um plano safra para valer. Quando é transparente, quando é bem aplicado, quando é direcionado para setor estratégico, o subsídio é indispensável em momentos como nessa saída da pandemia e na mudança geopolítica que estamos enfrentando, com a competitividade da Ásia e com as oportunidades que saem do Brasil. O Brasil pode ser uma grande plataforma de atração de investimento”, disse o presidente do BNDES.
O Plano Safra é renovado anualmente e destinado ao setor do agronegócio. No período 2023-2024, por exemplo, serão disponibilizados R$ 400 bilhões para custeio e investimentos da produção agropecuária.


Reforma Tributária


Outro tema discutido em painéis do evento foi o da reforma tributária. De acordo com Bernard Appy, secretário extraordinário da reforma tributária do Ministério da Fazenda, embora não tenha sido divulgada ainda, a proposta que está em discussão no Congresso Nacional hoje, deverá sugerir regras mais homogêneas e simples, imposto sobre valor adicionado, tributação no destino e a adoção de um “padrão internacional”.

Além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, participaram do evento o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, a ministra de Gestão e Inovação, Esther Dweck, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

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